Imunoterapia

PorPeter J. Delves, PhD, University College London, London, UK
Revisado/Corrigido: fev. 2024
Visão Educação para o paciente

    Agentes imunoterápicos utilizam ou modificam os mecanismos imunitáros. A utilização desses agentes está evoluindo rapidamente; novas classes, novos agentes e novos usos dos agentes existentes continuam a ser desenvolvidos. Algumas das diferentes classes dos imunoterapêuticos foram desenvolvidas (ver também tabela Alguns imunoterápicos no uso clínico):

    • Anticorpos monoclonais

    • Proteínas de fusão

    • Receptores solúveis de citocinas

    • Citocinas recombinantes

    • Pequenas moléculas miméticas

    • Terapias celulares

    Tabela
    Tabela

    Anticorpos monoclonais

    Os anticorpos monoclonais (mAbs) são produzidos in vitro para reconhecer antígenos-alvo específicos; são utilizados no tratamento de tumores hematopoiéticos, doenças inflamatórias e infecções. A maioria dos mAbs em uso clínico tem como alvo um único Ag, mas alguns são modificados de modo a serem biespecíficos. Os anticorpos monoclonais atualmente em uso clínico são

    • Murinos

    • Quiméricos

    • Humanizado

    • Totalmente humano

    Os anticorpos monoclonais murinos são produzidos pela injeção de determinado antígeno em camundongos para, posteriormente, ser realizada a retirada de seu baço, a fim de obter células B produzindo anticorpos específicos contra esses antígenos, fundindo essas células com células imortalizadas de mieloma de camundongos, fazendo crescer as células do hibridoma (p. ex., em cultura de células) e por fim coletando os anticorpos. Embora os anticorpos de camundongo sejam similares aos anticorpos humanos, o uso clínico de anticorpos monoclonais murinos é limitado pela indução da produção de anticorpos humanos anticamundongo, podendo causar doença do soro do complexo imunológico (reação de hipersensibilidade tipo III), e são rapidamente eliminados.

    Para minimizar o problema do uso de anticorpos puro de camundongo, pesquisadores têm utilizado técnicas de DNA recombinante para criar anticorpos monoclonal, que é parte humano e parte murino. Dependendo da proporção da molécula do anticorpos humanos, o produto resultante é denominado:

    • Quiméricos

    • Humanizado

    Tanto em anticorpos monoclonais quiméricos como humanizados, o processo geralmente se inicia como acima com a produção das células de hibridoma de camundongo que produzem anticorpos para o antígeno desejado. Depois, o DNA de parte ou de toda a porção variável de anticorpo do camundongo é anexado ao DNA para a imunoglobulina humana. O DNA resultante é colocado em cultura de células de mamífero, que expressam o gene resultante, produzindo o anticorpo desejado. Se o gene do camundongo de toda a região variável passar por splicing ao lado da região constante humana, o produto é denominado “quimérico” Se o gene de camundongo só for utilizado nas regiões hipervariáveis de ligação ao antígeno, o produto é denominado “humanizado”

    Os anticorpos monoclonais quiméricos ativam as células apresentadoras de antígenos (CAAs) e células T de modo mais eficaz do que anticorpos monoclonais murinos, mas ainda pode induzir a produção de anticorpos antiquiméricos humanos.

    Anticorpos monoclonais humanizados contra vários antígenos estão disponíveis para o tratamento de câncer colorretal, câncer de mama, leucemia, alergia, doença autoimune, rejeição de transplantes e infecção viral sincicial respiratória.

    Os anticorpos monoclonais totalmente humanos são produzidos utilizando camundongos transgênicos que contêm genes da imunoglobulina humana ou utilizando exibição de fagos (isto é, um método de clonagem baseado em bacteriófagos) dos genes da imunoglobulina isolados de células B humanas. Os anticorpos monoclonais totalmente humanos têm menor imunogenicidade e, portanto, podem ter menos efeitos adversos.

    Anticorpos monoclonais que têm como alvo moléculas checkpoint nos células T ou células tumorais (denominadas inibidores de checkpoint imunológico — ver tabela Alguns agentes imunoterapêuticos em uso clínico) são utilizados para impedir a regulação negativa das respostas antitumorais e tratar eficazmente alguns cânceres até então resistentes. Entretanto, como as moléculas checkpoints também estão envolvidas em outros tipos de resposta imune, os inibidores de checkpoint podem causar reações inflamatórias e autoimunes graves relacionadas com o sistema imunológico (tanto sistêmicas como específicas do órgão).

    Proteínas de fusão

    Estas proteínas híbridas são criadas pela união de sequências de genes que codificam completamente ou parte de 2 ou mais proteínas para gerar um polipeptídeo quimérico que incorpora atributos desejáveis das moléculas de origem (p. ex., um componente-alvo de uma célula combinado com uma toxina celular). A meia-vida na circulação das proteínas terapêuticas pode também ser aumentada por sua fusão com outra proteína que naturalmente tem uma meia-vida mais longa (p. ex., a região Fc da IgG).

    Receptores solúveis de citocinas

    Versões solúveis dos receptores de citocinas podem bloquear a ação das citocinas ligando-se com elas antes de se anexarem aos receptores normais da superfície celular.

    Etanercepte, uma proteína de fusão, é formado por 2 cadeias idênticas do receptor CD120b ao fator de necrose tumoral (TNF). Esse agente, portanto, bloqueia o TNF-alfa utilizado para tratar a artrite reumatoide, artrite idiopática juvenil poliarticular, espondilite anquilosante, artrite psoriática e psoríase em placas.

    Citocinas recombinantes

    Os fatores estimuladores de colônias (CSF), como a eritropoetina, CSF de granulócitos (G-CSF) e CSF de macrófagos e granulócitos (GM-CSF), são utilizados em pacientes submetidos a quimioterapia ou transplantes por doenças hematológicas ou cânceres e em pacientes com neutropenia crônica grave (ver tabela Alguns agentes imunoterapêuticos em uso clínico). Interferon alfa (INF alfa) e INF gama são utilizados no tratamento do câncer, das doenças por imunodeficiência e nas infecções virais. IFN-beta é utilizado para tratar esclerose múltipla recidivante.

    Anacinra, utilizada para tratar artrite reumatoide, é uma forma antagonista de IL-1R recombinante, ligeiramente modificada, que ocorre naturalmente; este fármaco se une aos receptores IL-1, prevenindo assim a união de IL-1, mas diferentemente de IL-1, não ativa o receptor.

    As células que expressam receptores de citocinas podem ser alvo de versões modificadas de importantes citocinas (p. ex., denileucina diftitox, uma proteína de fusão contendo sequências de IL-2 e da toxina diftérica). A denileucina é utilizada em linfoma cutâneo de linfócitos T para atingir células que expressem o componente CD25 do receptor para IL-2.

    Pequenas moléculas miméticas

    Pequenos peptídeos lineares, peptídeos em anel e pequenas moléculas orgânicas estão sendo desenvolvidos como agonistas e antagonistas para diferentes aplicações. Bancos de peptídeos ou de compostos orgânicos podem identificar miméticos potenciais (p. ex., agonistas de receptores para eritropoetina, trombopoetina e G-CSF).

    Terapias celulares

    Coletam-se células do sistema imunitário (p. ex., por leucaferese), que são ativadas in vitro antes de serem devolvidas ao paciente. O objetivo é ampliar a resposta imunitária natural normalmente inadequada ao câncer. Os métodos de ativação das células imunitárias incluem a utilização de citocinas para estimular e aumentar a quantidade de células T citotóxicas e antitumorais utilizando exposição pulsada a células apresentadoras de antígenos, como células dendríticas com antígenos tumorais. Antes de retornarem ao paciente, os células T podem ser geneticamente modificados para expressar receptores de antígenos quiméricos (CAR) ou receptores de células T (TCR) capazes de reconhecer antígenos tumorais, uma abordagem que demonstrou eficácia em pacientes com leucemia e linfoma.

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