Síndrome periódica associada ao receptor de TNF (TRAPS)

(Febre familiar irlandesa)

PorGil Amarilyo, MD, Tel Aviv University
Revisado/Corrigido: dez. 2023
Visão Educação para o paciente

A síndrome periódica associada ao receptor do fator de necrose tumoral é autossômica dominante e causa febre recorrente, dores e mialgias migratórias com eritema sensível. O diagnóstico é clínico e por teste genético. O tratamento é feito com anti-inflamatórios não esteroides, corticosteroides ou inibidores da interleucina-1 (por exemplo, anacinra, canacinumabe).

A síndrome periódica associada ao receptor do fator de necrose tumoral (TRAPS, na sigla em inglês) foi inicialmente descrita em uma família de origem irlandesa e escocesa, mas tem sido relatada em outros grupos étnicos. Resulta de

  • Mutações no gene que codifica o receptor 1 do TNF (TNFR1)

A mutação leva a uma inflamação aberrante por causa do acúmulo de TNFR1 mal enovelado no retículo endoplasmático, que ativa a resposta a proteínas não dobradas. Essa resposta é uma tentativa de corrigir as proteínas anormais, mas gera espécies reativas ao oxigênio que desencadeiam a inflamação (1).

O prognóstico é bom, com o tratamento, porém é mais reservado em casos de amiloidose renal.

Referência geral

  1. 1. Cudrici C, Deuitch N, Aksentijevich I: Revisiting TNF receptor-associated periodic syndrome (TRAPS): Current perspectives. Int J Mol Sci 21(9):3263, 2020. doi: 10.3390/ijms21093263

Sinais e sintomas da TRAPS

As crises desta rara disfunção geralmente têm início antes do 10 anos de idade. Os ataques febris geralmente duram de 7 a 21 dias (média de 10 dias) (1).

As características mais distintivas de uma crise são febre e mialgia migratória e edema nas extremidades. A pele sobrejacente é eritematosa e sensível.

Outros sintomas da TRAPS são cefaleia, dor abdominal, diarreia ou obstipação, náuseas, conjuntivite dolorosa, edema periorbital, dor articular, exantema e dor testicular. Hérnias inguinais surgem com frequência entre os homens.

Embora a maioria dos episódios ocorra espontaneamente, alguns pacientes relataram gatilhos específicos (p. ex., estresse físico ou emocional, lesões, infecção).

Detectou-se amiloidose com comprometimento renal em cerca de 10% dos pacientes com mediana da idade de 43 anos (1).

Síndromes autoinflamatórias de febre periódica

SPAC = síndromes periódicas associadas à criopirina; FFM = febre familiar do Mediterrâneo; DIMIN = doença inflamatória multissistêmica de início neonatal; PFAPA = febres periódicas com estomatite aftosa, faringite e adenite; TRAPS = síndrome periódica associada ao receptor do fator de necrose tumoral.

Adapted from Sag E, Bilginer Y, Ozen S: Autoinflammatory diseases with periodic fevers. Curr Rheumatol Rep 19(7):41, 2017. doi: 10.1007/s11926-017-0670-8

Referência sobre sinais e sintomas

  1. 1. Lachmann HJ, Papa R, Gerhold K, et al: The phenotype of TNF receptor-associated autoinflammatory syndrome (TRAPS) at presentation: A series of 158 cases from the Eurofever/EUROTRAPS international registry. Ann Rheum Dis 73(12):2160–2167, 2014. doi: 10.1136/annrheumdis-2013-204184

Diagnóstico de TRAPS

  • Avaliação clínica

  • Exame genético

O diagnóstico da síndrome periódica associada ao receptor de TRAPS se baseia em anamnese, exame e exame genético.

Os critérios diagnósticos propostos incluem a presença de história familiar positiva, episódios febris de longa duração, edema periorbital, exantema migratório, mialgia e ausência de faringotonsilite, vômitos e úlceras aftosas. Esses critérios têm sensibilidade de 87% e especificidade de 92% (1).

Achados não específicos incluem neutrofilia, reagentes de fase aguda elevados e gamopatia policlonal durante as crises.

Deve-se verificar regularmente se o paciente apresenta proteinúria.

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Gattorno M, Hofer M, Federici S, et al: Classification criteria for autoinflammatory recurrent fevers. Ann Rheum Dis 78(8):1025-1032, 2019. doi: 10.1136/annrheumdis-2019-215048

Tratamento de TRAPS

  • Corticoides

  • Anacinra e canacinumabe

Anti-inflamatórios não esteroides de curto prazo podem ser utilizados para ataques leves. Entretanto, as crises inflamatórias geralmente requerem corticoides (p. ex., prednisona). Talvez seja necessário aumentar a dose de corticoides ao longo do tempo e essa terapia pode, com o tempo e paradoxalmente, levar à recidivas mais prolongadas.

A terapia profilática inclui anacinra uma vez ao dia (1, 2) e canacinumabe a cada 4 semanas (3, 4). O etanercepte provou ser apenas parcialmente eficaz e é geralmente considerado um agente profilático de segunda linha (5, 6).

Referências sobre o tratamento

  1. 1. ter Haar NM, Oswald M, Jeyaratnam J, et al: Recommendations for the management of autoinflammatory diseases. Ann Rheum Dis 74(9):1636–1644, 2015. doi: 10.1136/annrheumdis-2015-207546

  2. 2. Gattorno M, Pelagatti MA, Meini A, et al: Persistent efficacy of anakinra in patients with tumor necrosis factor receptor-associated periodic syndrome. Arthritis Rheum 58:1516–1520, 2008. doi: 10.1002/art.23475

  3. 3. Gattorno M, Obici L, Cattalini M, et al: Canakinumab treatment for patients with active recurrent or chronic TNF receptor-associated periodic syndrome (TRAPS): An open-label, phase II study. Ann Rheum Dis 76(1):173–178, 2016. doi: 10.1136/annrheumdis-2015-209031

  4. 4. De Benedetti F, Gattorno M, Anton J, et al: Canakinumab for the treatment of autoinflammatory recurrent fever syndromes. N Engl J Med 378(20):1908–1919, 2018. doi: 10.1056/NEJMoa1706314

  5. 5. Drewe E, McDermott EM, Powell PT, et al: Prospective study of anti-tumour necrosis factor receptor superfamily 1B fusion protein, and case study of anti-tumour necrosis factor receptor superfamily 1A fusion protein, in tumour necrosis factor receptor associated periodic syndrome (TRAPS): Clinical and laboratory findings in a series of seven patients. Rheumatology 42:235–239, 2003. doi: 10.1093/rheumatology/keg070

  6. 6. Quillinan N, Mannion G, Mohammad A, et al: Failure of sustained response to etanercept and refractoriness to anakinra in patients with T50M TNF-receptor-associated periodic syndrome. Ann Rheum Dis 70(9):1692–1693, 2011. doi: 10.1136/ard.2010.144279

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