Síndromes periódicas hereditárias associadas à criopirina (criopirinopatias)

PorGil Amarilyo, MD, Tel Aviv University
Revisado/Corrigido: dez. 2023
Visão Educação para o paciente

As síndromes periódicas associadas à criopirina são um grupo de doenças autoinflamatórias autossômicas dominantes caracterizada por episódios recorrentes de febre e sintomas inflamatórios; incluem síndrome autoinflamatória familiar por frio, síndrome de Muckle-Wells e doença autoinflamatória multissistêmica de início neonatal. O diagnóstico é clínico. O tratamento é com inibidores da interleucina-1.

As síndromes periódicas associadas à criopirina (SPAC) hereditárias representam um espectro de doenças autoinflamatórias clinicamente sobrepostas.

Decorrem de

  • Mutações no gene NLRP3 que codificam a proteína criopirina, que age como mediadora no processo inflamatório e processamento da interleucina-1 (IL-1 beta)

A atividade da criopirina aumenta, desencadeando maior liberação da IL-1 beta a partir do inflamassomo NLRP3; o resultado é inflamação e febre.

Tipicamente, a síndrome autoinflamatória familiar fria (SAFF) geralmente causa exantema urticariforme induzida pelo frio, acompanhada de conjuntivite, febre e algumas vezes artralgias. A doença geralmente aparece no primeiro ano de vida.

A síndrome de Muckle-Wells (SMW) causa febre intermitente, exantema urticariforme, dor articular e perda de audição neurosensorial progressiva; 25% dos pacientes desenvolvem amiloidose renal.

A doença autoinflamatória multissistêmica de início neonatal (NOMID) tende a causar deformidades articulares e nos membros, deformidades faciais, meningite asséptica crônica, atrofia cerebral, uveíte, edema papilar, atraso no desenvolvimento e amiloidose, além de febre e exantema urticariforme migratório. Cerca de 20% dos pacientes morrem até os 20 anos de idade se não tratados.

Síndromes autoinflamatórias de febre periódica

SPAC = síndromes periódicas associadas à criopirina; FFM = febre familiar do Mediterrâneo; DIMIN = doença inflamatória multissistêmica de início neonatal; PFAPA = febres periódicas com estomatite aftosa, faringite e adenite; TRAPS = síndrome periódica associada ao receptor do fator de necrose tumoral.

Adapted from Sag E, Bilginer Y, Ozen S: Autoinflammatory diseases with periodic fevers. Curr Rheumatol Rep 19(7):41, 2017. doi: 10.1007/s11926-017-0670-8

Diagnóstico das SPAC hereditárias

  • Critérios clínicos

Os critérios diagnósticos propostos para CAPS são aumento dos marcadores de inflamação e pelo menos 2 dos seguintes (1):

  • Exantema semelhante a urticária

  • Episódios desencadeados por frio e/ou estresse

  • Perda auditiva neurossensorial

  • Sintomas musculoesqueléticos, incluindo artralgias, artrite e mialgias

  • Meningite asséptica crônica

  • Anormalidades esqueléticas, incluindo hipercrescimento epifisário e bossa frontal

Esse critérios têm sensibilidade de 81% e especificidade > 94% (1). A European Alliance of Associations for Rheumatology (EULAR)/American College of Rheumatology (ACR) também delineou considerações diagnósticas para SPAC (2).

Embora uma idade de início precoce torne o diagnóstico de SPAC mais provável, também deve-se considerar a SPAC em pessoas nas quais o início é tardio por causa da raridade da doença (de modo que muitas vezes não é considerada), naqueles com fenótipos leves (que podem não ser reconhecidos no início da vida) e naqueles com mutações somáticas (sem história familiar) (3).

Referências sobre diagnóstico

  1. 1. Kuemmerle-Deschner JB, Ozen S, Tyrrell PN, et al: Diagnostic criteria for cryopyrin-associated periodic syndrome (CAPS). Ann Rheum Dis 76(6):942-947, 2017. doi: 10.1136/annrheumdis-2016-209686

  2. 2. Romano M, Arici ZS, Piskin D, et al: The 2021 EULAR/American College of Rheumatology points to consider for diagnosis, management and monitoring of the interleukin-1 mediated autoinflammatory diseases: cryopyrin-associated periodic syndromes, tumour necrosis factor receptor-associated periodic syndrome, mevalonate kinase deficiency, and deficiency of the interleukin-1 receptor antagonist. Ann Rheum Dis 81(7):907-921, 2022. doi: 10.1136/annrheumdis-2021-221801

  3. 3. Welzel T, Kuemmerle-Deschner JB: Diagnosis and management of the cryopyrin-associated periodic syndromes (CAPS): What do we know today? J Clin Med 10(1):128, 2021. doi: 10.3390/jcm10010128

Tratamento das SPAC hereditárias

  • Inibidores da IL-1

As síndromes periódicas associadas à criopirina são tratadas com um inibidor de IL-1 (anacinra uma vez ao dia, rilonacept uma vez por semana ou canacinumabe a cada 8 semanas ou a cada 4 semanas para casos refratários) (1, 2, 3).

Referências sobre o tratamento

  1. 1. Lachmann HJ, Kone-Paut I, Kuemmerle-Deschner JB, et al: Use of canakinumab in the cryopyrin-associated periodic syndrome. N Engl J Med 360(23):2416–2425, 2009. doi: 10.1056/NEJMoa0810787

  2. 2. Sibley CH, Plass N, Snow J, et al: Sustained response and prevention of damage progression in patients with neonatal-onset multisystem inflammatory disease treated with anakinra: A cohort study to determine three- and five-year outcomes. Arthritis Rheum 64(7):2375–2386, 2012. doi: 10.1002/art.34409

  3. 3. Hoffman HM, Throne ML, Amar NJ, et al: Long-term efficacy and safety profile of rilonacept in the treatment of cryopyrin-associated periodic syndromes: Results of a 72-week open-label extension study. Clin Ther 34(10):2091–2103, 2012. doi: 10.1016/j.clinthera.2012.09.009

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