O líquen simples crônico é uma dermatite crônica causada por coçar e/ou esfregar repetidamente a pele. Coçar ou esfregar causa ainda mais prurido, o que leva a coçar e/ou esfregar adicionais, criando um círculo vicioso (ciclo de prurido-coçar). O diagnóstico é por exame. O tratamento é direcionado à causa inicial do prurido e inclui orientações e técnicas comportamentais para prevenir o ato de coçar e a fricção, corticoides tópicos e anti-histamínicos.
(Ver também Definição da dermatite.)
Etiologia do líquen simples crônico
Líquen simples crônico é a pele espessa e coriácea (liquenificada) com descamação variável secundária a repetidas coçaduras ou atrito.
Líquen simples crônico não é um processo primário. A percepção de prurido em uma área específica da pele (com ou sem doença de base) provoca atrito e trauma mecânico resultando em liquenificação secundária seguida de prurido.
É observado com frequência em pacientes com alterações da ansiedade e estresse emocional inespecífico. Pacientes com atopia ou dermatite atópica são particularmente suscetíveis, dada sua predisposição ao prurido.
O líquen simples crônico do escroto ou da vulva costuma ser causado por um sinal de prurido desencadeado por radiculopatia do neurônio sensitivo sacral.
Fisiopatologia do líquen simples crônico
A partir de um sinal de prurido inicial (cuja razão às vezes não é clara), o paciente reage coçando e/ou friccionando a pele repetidamente. A fisiopatologia do líquen simples crônico é desconhecida, mas pode ter relação com a alteração na maneira como o sistema nervoso percebe e processa a sensação de prurido.
Sinais e sintomas do líquen simples crônico
O líquen simples crônico é caracterizado por placas (únicas ou múltiplas) pruriginosas, secas, descamativas, hiperpigmentadas, liquenificadas de formato irregular, oval ou angular. Acomete as regiões mais fáceis de atingir, como pernas, braços, pescoço, tronco superior e região genital. Não ocorre em áreas da pele em que o paciente não consegue alcançar, como o meio das costas (a menos que o paciente utilize uma ferramenta para coçar as costas).
Prurigo nodular é uma doença relacionada, provavelmente uma manifestação mais proeminente. Nessa doença, as lesões cutâneas (nódulos) são mais espessas e geralmente múltiplas.
Diagnóstico do líquen simples crônico
Avaliação clínica
O diagnóstico de líquen simples crônico é feito pelo exame físico. Uma placa completamente desenvolvida é frequentemente hiperpigmentada com quantidades variáveis de eritema bem demarcado e com linhas de pele exageradas e uma aparência espessada e coriácea característica da liquenificação.
Líquen plano é o principal diagnóstico diferencial e, às vezes, é necessária biópsia para diferenciar entre os dois.
Tratamento do líquen simples crônico
Tratamento da causa do prurido
Orientações e alterações comportamentais
Corticoides (com mais frequência tópicos, mas algumas vezes, injetados por via intralesional)
Anti-histamínicos
Se for possível identificar uma causa inicial para o prurido (p. ex., radiculopatia, sapatos mal ajustados, atopia), deve-se tratar ou abordá-la. Do contrário, o tratamento primário do líquen simples crônico é informar o paciente sobre os efeitos do ato de coçar e friccionar.
O tratamento secundário é com corticoides tópicos. Em geral, lesões espessas e bem definidas requerem corticoide tópico de alta potência (p. ex., pomada de clobetasol). Pode-se aumentar mais a eficácia utilizando o corticoide tópico sob oclusão, como por exemplo cobrindo a área tratada com filme plástico e deixando-o durante a noite. Há também produtos comerciais disponíveis nos quais um corticoide tópico (p. ex., flurandrenolida) é integrado a uma fita adesiva oclusiva. Pode-se aplicar injeções locais de um corticoide de ação estendida a pequenas áreas, como uma suspensão injetável de cristal de acetonida de triancinolona a 5 a 10 mg/mL; o tratamento pode ser repetido a cada 3 a 4 semanas.
Anti-histamínicos orais bloqueadores de H1, emolientes e creme tópico de capsaicina também podem ser úteis.
Pontos-chave
Começando com um prurido inicial, o coçar e/ou esfregar crônico causa mais prurido, criando um círculo vicioso.
Placas ressecadas, escamosas, hiperpigmentadas, liquenificadas e que coçam ocorrem em formas irregulares, ovais ou angulares nas pernas, braços, pescoço, parte superior do tronco e região anogenital.
O diagnóstico é clínico; biópsia é raramente necessária.
Se identificável, deve-se abordar a causa do prurido inicial.
Os pacientes precisam ser orientados quanto ao círculo vicioso do ato de coçar e friccionar e como evitar fazer isso repetidamente; corticoides tópicos e anti-histamínicos ajudam a controlar o prurido.