A imunodeficiência comum variável (adquirida ou hipogamaglobulinemia iniciada na idade adulta) caracteriza-se por baixos níveis de Ig com células B fenotipicamente normais que se proliferam, mas não conseguem se desenvolver em células produtoras de Ig. Pacientes têm infecções sinopulmonares recorrentes. O diagnóstico baseia-se principalmente nos níveis séricos de Ig. O tratamento inclui terapia de reposição profilática de IgG e antibióticos para infecção.
(Ver também Visão geral das imunodeficiências e Abordagem ao paciente com distúrbios de imunodeficiência.)
A imunodeficiência comum variável (IDCV) é um imunodeficiência primária que envolve deficiências na imunidade humoral. Isso compreende vários defeitos moleculares conhecidos diferentes, mas na maioria dos pacientes o defeito molecular é desconhecido. As mutações são esporádicas em > 90% dos casos. A imunodeficiência variável comum é clinicamente similar à agamaglobulinemia ligada ao X quanto aos tipos de infecção que se desenvolvem, mas o início tende a ser tardio (tipicamente entre os 20 e 40 anos). Imunidade prejudicada das células T também pode estar presente em alguns pacientes.
Doenças autoimunes podem ocorrer, como trombocitopenia autoimune, anemia hemolítica autoimune ou anemia perniciosa, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Addison, tireoidite, artrite reumatoide e alopecia areata. Os pacientes também podem desenvolver má absorção, hiperplasia linfoide nodular do trato gastrointestinal, inflamação granulomatosa sistêmica, pneumonia intersticial linfocítica, esplenomegalia e/ou bronquiectasia. Em 10% dos pacientes pode ocorrer carcinoma gástrico ou linfoma.
Sinais e sintomas da imunodeficiência variável comum
Pacientes com IDCV têm infecções sinopulmonares recorrentes que causam congestão e pressão sinusal, tosse, dispneia, dor torácica, produção de muco, febre, calafrios e/ou linfadenopatia.
Diagnóstico da imunodeficiência variável comum
Dosagem das immunoglobulina Ig séricas e títulos de anticorpos
Citometria de fluxo para subconjuntos de células T e células B
Eletroforese de proteínas séricas
O diagnóstico da imunodeficiência variável comum é sugerido por infecções sinopulmonares recorrentes e exige todos os seguintes:
Baixos níveis de IgC (pelo menos 2 desvios padrão abaixo da média)
Baixos níveis de IgA, IgM ou ambos
Resposta prejudica a imunizações (geralmente tanto vacinas proteicas quanto polissacarídeas)
Exclusão de outros distúrbios de imunodeficiência
Os níveis de anticorpos ou autoanticorpos não devem ser medidos se os pacientes foram tratados com imunoglobulina IV (IgIV) nos 6 meses anteriores porque quaisquer anticorpos detectados são da IgIV.
Quantificação de células B e células T por citometria de fluxo é feita para excluir outros distúrbios de imunodeficiência e para distinguir a IDCV da agamaglobulinemia ligada ao X, mieloma múltiplo e leucemia linfocítica crônica; os achados podem incluir baixas contagens de células B de memória class-switched ou células CD21+. Eletroforese de proteínas séricas é feita para fazer a triagem de possíveis gamopatias monoclonais (p. ex., mieloma), as quais podem estar associadas a níveis reduzidos de outros isótipos de immunoglobulina (Ig).
Espirometria, hemograma completo, testes hepáticos e um painel metabólico básico são recomendados anualmente para verificar doenças associadas. Se há alteração na função pulmonar, deve-se fazer TC.
Como as mutações costumam ser esporádicas, o exame de parentes só é recomendado se houver história familiar significativa de imunodeficiência variável comum.
Tratamento da imunodeficiência variável comum
Terapia de reposição profilática de imunoglobulina (IgG)
Antibióticos para infecções
Tratamento específico da doença para distúrbios de imunodeficiência comórbidos, como doença pulmonar granulomatosa ou doença autoimune associada
O tratamento da imunodeficiência variável comum consiste em imunoglobulina e antibióticos para tratar as infecções.
Rituximabe, vedolizumabe, inibidores do fator de necrose tumoral (TNF)-alfa (p. ex., etanercept e infliximabe), corticoides e/ou outros tratamentos podem ser necessários para tratar complicações como doenças autoimunes, enteropatia imunitária, pneumonia intersticial linfocítica linfoide e inflamação granulomatosa.
Estudos recentes confirmaram o benefício dos antibióticos profiláticos para pacientes específicos com deficiência de anticorpos (1).
Referência sobre tratamento
1. Milito C, Pulvirenti F, Cinetto F, et al: Double-blind, placebo-controlled, randomized trial on low-dose azithromycin prophylaxis in patients with primary antibody deficiencies. J Allergy Clin Immunol 144:584–593. e7, 2019. doi: 10.1016/j.jaci.2019.01.051