Ataxia-telangiectasia resulta de um defeito no reparo de DNA que frequentemente resulta em imunodeficiência humoral e celular; ela causa ataxia cerebelar progressiva, telangiectasias oculocutâneas e infecções sinopulmonares recorrentes. Medem-se os níveis séricos de IgA e fetoproteína alfa-1. São necessários testes genéticos para confirmar o diagnóstico. O tratamento é com antibióticos profiláticos ou imunoglobulinas.
(Ver também Visão geral das imunodeficiências e Abordagem ao paciente com distúrbios de imunodeficiência.)
Ataxia-telangiectasia é uma doença autossômica recessiva de imunodeficiência primária que envolve imunodeficiências humoral e celular combinadas. Estima-se que a incidência é 1 em 20.000 a 100.000 nascimentos. A ataxia-telangiectasia é causada por mutações no gene que codifica a proteína da ataxia-telangiectasia mutada (ATM). ATM está envolvida na detecção de danos no DNA e ajuda a controlar a taxa de crescimento e divisão celular.
Com frequência, os pacientes apresentam carência de IgA e IgE e defeito progressivo de célula T.
Sinais e sintomas da ataxia-telangiectasia
A idade de início dos sinais neurológicos e evidência da imunodeficiência variam.
A ataxia frequentemente é o primeiro sintoma e se desenvolve quando as crianças começam a andar. A progressão dos sintomas neurológicos causa graves deficiências e incapacidade. A fala torna-se arrastada, desenvolvem-se movimentos coreoatetoides e nistagmo e a fraqueza muscular normalmente progride para atrofia.
As telangiectasias podem não se manifestar antes dos 4 a 6 anos de idade; são mais evidentes na conjuntiva do olho, nas orelhas, fossas cubital e poplítea e na região lateral do pescoço.
As infecções sinopulmonares recorrentes causam pneumonia recorrente, bronquiectasia e doença pulmonar obstrutiva crônica.
Podem surgir anormalidades endócrinas como disgenesia gonádica, atrofia testicular e diabetes mellitus.
A frequência do câncer (especialmente leucemia, linfoma, tumores cerebrais e câncer gástrico) é alta. Câncer normalmente ocorre depois dos 10 anos e em uma taxa de cerca de 1%/ano, mas é um risco durante toda a vida e pode ocorrer em qualquer idade.
Foto fornecida por Thomas Habif, MD.
Diagnóstico da ataxia-telangiectasia
Níveis séricos de IgA e fetoproteína alfa-1
Exame genético
Os resultados clínicos a seguir sugerem o diagnóstico da ataxia-telangiectasia:
Ataxia cerebelar (particularmente quando telangiectasias estão presentes)
Níveis baixos de IgA (presentes em 80% dos pacientes com essa doença)
Níveis séricos elevados de alfa-1 fetoproteína
Se a análise do cariótipo é feita, muitas vezes são encontradas quebras cromossômicas, consistentes com um defeito no reparo no DNA.
O diagnóstico da ataxia-telangiectasia é confirmado pela identificação de mutações em ambos os alelos do gene para a proteína ATM. Como os portadores de uma mutação ataxia-telangiectasia costumam permanecer assintomáticos, testar se os irmãos apresentam um estado de portador pode ajudar a predizer a probabilidade de eles terem um descendente afetado.
Fazem-se testes à procura de anormalidades endócrinas e câncer de acordo com as manifestações clínicas.
Deve-se oferecer aconselhamento genético aos familiares de pacientes conhecidos, com a opção de testar o estado de portador de ataxia-telangiectasia porque estes portadores podem ter risco aumentado de câncer (1)
Referência sobre diagnóstico
1. Rothblum-Oviatt C, Wright J, Lefton-Greif MA, et al: Ataxia telangiectasia: a review. Orphanet J Rare Dis 11(1):159, 2016. doi:10.1186/s13023-016-0543-7
Tratamento da ataxia-telangiectasia
Tratamento de suporte com antibióticos profiláticos ou terapia de reposição de imunoglobulinas (IgG)
O tratamento com antibióticos profiláticos ou imunoglobulinas pode ajudar os pacientes com ataxia-telangiectasia.
Em um pequeno estudo, o tratamento com amantadina resultou em melhora mínima na função motora, mas não há um tratamento eficaz para a deterioração neurológica progressiva, que causa morte, geralmente aos 30 anos de idade (1).
Quimioterapia é muitas vezes indicada para o tratamento de cânceres associados.
Referência sobre tratamento
1. Nissenkorn A, Hassin-Baer S, Lerman SF, et al: Movement disorder in ataxia-telangiectasia: treatment with amantadine sulfate. J Child Neurol 28(2):155–160, 2013. doi:10.1177/0883073812441999
Pontos-chave
Ataxia-telangiectasia envolve imunodeficiências humoral e celular combinadas.
A ataxia frequentemente é o primeiro sintoma e se desenvolve quando as crianças começam a andar.
Não há tratamento eficaz para deterioração neurológica progressiva, que causa morte, geralmente aos 30 anos.