A deficiência de adesão leucocitária resulta de defeito em uma molécula de adesão que causa distúrbio de granulócitos e linfócitos e infecções recorrentes de tecidos moles.
(Ver também Visão geral das imunodeficiências e Abordagem ao paciente com distúrbios de imunodeficiência.)
A deficiência na adesão leucocitária é uma imunodeficiência primária que envolve defeitos nas células fagocíticas. A herança é autossômica recessiva.
A deficiência de adesão dos leucócitos é causada pelo deficit de glicoproteínas de adesão (p. ex., integrinas, seletinas), presentes na superfície dos leucócitos; essas glicoproteínas facilitam interações celulares, adesão celular às paredes dos vasos sanguíneos, movimento celular e interação com frações do sistema complemento. Essas deficiências prejudicam a capacidade dos granulócitos (e linfócitos) de migrarem do meio intravascular para os tecidos, de forma que possam participar de reações citotóxicas e fagocitose de bactérias. A gravidade da doença relaciona-se ao grau da deficiência.
Três tipos diferentes das síndromes foram identificados:
Deficiência de adesão dos leucócitos 1: família das integrinas beta-2 deficientes ou defeituosas
Deficiência de adesão dos leucócitos 2: ausência de ligantes de carboidratos fucosilados para selectinas
Deficiência de adesão dos leucócitos 3: ativação defeituosa de todas as integrinas beta (1, 2 e 3)
Tipo 1 resulta de mutações no gene integrina beta-2 (ITGB2), que codifica o integrinas beta-2 CD18. Tipo 2 resulta de mutações no gene transportador de difosfato de glicose (GDP)-fucose. O tipo 3 é causado por mutações no gene FERMT3 (11q13.1), que codifica a acetil-3 nas células hematopoiéticas.
Sinais e sintomas da deficiência de adesão leucocitária
As manifestações da deficiência de adesão leucocitária geralmente começam na infância.
Recém-nascidos gravemente afetados apresentam infecções necróticas de tecido mole, recorrentes ou progressivas, por estafilococos e microrganismos Gram-negativos, além de periodontite, deficiência na cicatrização de feridas, nenhuma formação de pus, leucocitose e atraso (> 3 semanas) no desprendimento do coto umbilical. A contagem de leucócitos mantém-se alta, mesmo entre infecções. Essas infecções tornam-se, de forma crescente, difíceis de controlar.
Recém-nascidos menos gravemente afetados têm poucas infecções graves e alterações leves nas contagens sanguíneas.
Retardo de desenvolvimento é comum no tipo 2.
Diagnóstico da deficiência de adesão leucocitária
Testes para glicoproteínas de adesão na superfície dos leucócitos
O diagnóstico da deficiência de adesão leucocitária é feito detectando a ausência ou deficiência grave de glicoproteínas de adesão na superfície dos leucócitos, utilizando-se anticorpos monoclonais (p. ex., anti-CD11 ou anti-CD18) e citometria de fluxo. No hemograma completo, a leucocitose é comum, mas não específica.
Recomenda-se exame genético para irmãos.
Tratamento da deficiência de adesão leucocitária
O tratamento de suporte é com antibióticos profiláticos e transfusão de granulócitos
Transplante de células-tronco hematopoiéticas
O tratamento da deficiência de adesão leucocitária é feito por profilaxia com antibióticos, geralmente contínua (normalmente com sulfametoxazol/trimetoprima). As transfusões de granulócitos podem também ajudar.
O transplante de células-tronco hematopoiéticas é o único tratamento eficaz e pode ser curativo.
Terapia genética, que está sob estudo, parece promissora.
Para pacientes com deficiência de adesão de leucócito tipo 2, deve-se tentar corrigir o defeito subjacente com suplementação de fucose.
Os pacientes com doença leve ou moderada podem sobreviver até o início da idade adulta. A maioria dos pacientes com doença grave morre aos 5 anos se não forem tratados de maneira bem-sucedida com transplante de células-tronco hematopoiéticas.