- Visão geral das imunodeficiências
- Abordagem ao paciente com suspeita de imunodeficiência
- Ataxia-telangiectasia
- Síndrome de Chédiak-Higashi
- Doença granulomatosa crônica (DGC)
- Candidíase mucocutânea crônica
- Imunodeficiência comum variável (IDCV)
- Síndrome de DiGeorge
- Síndrome de hiper-IgE
- Síndrome de hiper-IgM
- Deficiência seletiva de IgA
- Deficiência de adesão leucocitária
- Deficiência seletiva de anticorpos com imunoglobulinas normais (SADNI)
- Imunodeficiência combinada grave (IDCG)
- Hipogamaglobulinemia transitória da infância
- Síndrome de Wiskott-Aldrich
- Agamaglobulinemia ligada ao X
- Síndrome linfoproliferativa ligada ao X
- Deficiência de ZAP-70
A síndrome linfoproliferativa ligada ao X é um distúrbio de imunodeficiência que decorre de um defeito das células T e NK e se caracteriza por uma resposta anormal à infecção por vírus Epstein-Barr, provocando insuficiência hepática, imunodeficiência, linfoma, doença linfoproliferativa fatal ou aplasia de medula óssea. O diagnóstico é confirmado por exame genético. O tratamento é o transplante de células-tronco hematopoiéticas.
(Ver também Visão geral das imunodeficiências e Abordagem ao paciente com distúrbios de imunodeficiência.)
Síndrome linfoproliferativa ligada ao X (XLP) é uma imunodeficiência primária que envolve imunodeficiências celulares. Ela é causada por mutações em um gene no cromossomo X. É uma doença recessiva e, assim, se manifesta apenas em homens.
XLP tipo 1 é o tipo mais comum (cerca de 60% dos casos). Ela é causada por uma mutação no gene que codifica a proteína associada à molécula de sinalização de ativação de linfócitos (SLAM) (SAP, também chamada proteína 1A do domínio SH2 [SH2D1A] ou DSHP). Sem a SAP, os linfócitos proliferam-se desordenadamente em resposta ao vírus Epstein-Barr (EBV) e as células NK não funcionam.
XPL tipo 2 é clinicamente semelhante ao tipo 1 e predispõe à linfoistiocitose hemofagocítica, um distúrbio incomum que causa imunodeficiência em lactentes e crianças pequenas. XLP tipo 2 é causada por mutações em um gene que codifica a proteína inibidora da apoptose ligada ao X (XIAP).
Sinais e sintomas da síndrome linfoproliferativa ligada ao X
A síndrome linfoproliferativa ligada ao X costuma ser assintomática até que haver infecção por VEB. Então, a maioria dos pacientes desenvolve mononucleose infecciosa fulminante ou fatal, com insuficiência hepática (causada por células T citotóxicas que reagem às células B infectadas pelo VEB ou outras células teciduais).
Os sobreviventes da infecção inicial desenvolvem linfomas de célula B, anemia aplásica, hipogamaglobulinemia (lembrando a da imunodeficiência variável comum), esplenomegalia ou uma combinação desses distúrbios.
Diagnóstico da síndrome linfoproliferativa ligada ao X
Exame genético
Deve-se considerar o diagnóstico de síndrome linfoproliferativa ligada ao cromossomo X em homens jovens com infecção grave pelo vírus Epstein-Barr, linfoistiocitose hemofagocítica, história familiar sugestiva ou outras manifestações comuns.
O exame genético é o teste padrão ouro para a confirmação do diagnóstico (antes e depois da infecção por EBV e de os sintomas se desenvolverem), bem como o estado de portador. No entanto, exames genéticos podem levar semanas para serem concluídos, de modo que se faz outro teste se o diagnóstico precisar ser facilitado (p. ex., citometria de fluxo para avaliar a expressão da proteína SH2D1A).
Resultados sugestivos incluem
Diminuição da resposta de anticorpos aos antígenos (particularmente ao antígeno nuclear do EBV)
Respostas prejudicadas das células T proliferativa a mitógenos
Diminuição da função das células NK
Razão CD4:CD8 invertida
Esses achados são típicos antes e depois da infecção por vírus Epstein-Barr. Biópsia da medula óssea pode ajudar a confirmar a linfoistiocitose hemofagocítica.
Em sobreviventes, testes laboratoriais e de imagem são realizados anualmente para verificar linfoma e anemia.
Exames genéticos são feitos em parentes quando um caso ou portador é identificado em uma família. Recomenda-se o rastreamento pré-natal para a pessoa se for identificada na família uma mutação que causa XLP.
Tratamento da síndrome linfoproliferativa ligada ao X
Transplante de células-tronco hematopoiéticas
O tratamento da síndrome linfoproliferativa ligada ao cromossomo X consiste no transplante de células-tronco hematopoiéticas. Aproximadamente 75% dos pacientes morrem aos 10 anos de idade e todos morrem aos 40 anos, a menos que seja feito transplante de células-tronco hematopoiéticas. Cerca de 80% dos pacientes que recebem um transplante sobrevivem. O transplante é curativo se feito antes da infecção pelo vírus Epstein-Barr ou antes que outras doenças se tornem irreversíveis (1, 2).
Rituximabe pode ajudar a prevenir infecção grave por EBV antes do transplante.
Edição genética e terapia gênica mostraram resultados promissores precoces para pacientes com XLP (3).
Referências sobre tratamento
1. Coffey AJ, Brooksbank RA, Brandau O, et al: Host response to EBV infection in X-linked lymphoproliferative disease results from mutations in an SH2-domain encoding gene. Nat Genet 20(2):129–135, 1998. doi:10.1038/2424
2. Booth C, Gilmour KC, Veys P, et al: X-linked lymphoproliferative disease due to SAP/SH2D1A deficiency: a multicenter study on the manifestations, management and outcome of the disease [published correction appears in Blood 2011 Nov 3;118(18):5060. Pachlopnick-Schmid, Jana [corrected to Pachlopnik Schmid, Jana]]. Blood 117(1):53–62, 2011. doi:10.1182/blood-2010-06-284935
3. Houghton BC, Panchal N, Haas SA, et al: Genome Editing With TALEN, CRISPR-Cas9 and CRISPR-Cas12a in Combination With AAV6 Homology Donor Restores T Cell Function for XLP. Front Genome Ed 4:828489, 2022. doi:10.3389/fgeed.2022.828489