Nesses processos, há inúmeros defeitos hereditários, que normalmente se manifestam durante o jejum com hipoglicemia e acidose metabólica; alguns causam cardiomiopatia e fraqueza muscular.
Distúrbios do ciclo de beta-oxidação (ver tabela) estão entre os distúrbios do metabolismo de ácidos graxos e do glicerol.
Ver também Abordagem ao paciente com suspeita de distúrbio metabólico hereditário e testes para distúrbios metabólicos hereditários suspeitos.
A acetil CoA é gerada de ácidos graxos mediante repetidos ciclos beta-oxidação. É necessário um conjunto de 4 enzimas (acildesidrogenase, hidratase, hidroxiacildesidrogenase e liase) específicas para diferentes comprimentos de cadeia (cadeia muito longa, longa, média e curta) para catabolizar completamente um ácido graxo. Todos os defeitos de oxidação dos ácidos graxos têm herança autossômica recessiva.
Deficiência da acil-CoA desidrogenase de cadeia média (DADCM)
Essa deficiência é o defeito mais comum no ciclo de beta-oxidação.
As manifestações clínicas iniciam-se após 2 ou 3 meses de idade e, geralmente, segue-se a um jejum de cerca de 12 horas. Os pacientes apresentam vômitos e letargia que podem evoluir rapidamente para convulsões, coma e, às vezes, morte (que também pode se parecer com a síndrome da morte súbita do lactente). Durante as crises, o paciente apresenta hipoglicemia, hiperamonemia e valores inesperadamente baixos de cetonas plasmáticas e urinárias. A acidose metabólica geralmente está presente, mas pode ser uma manifestação tardia.
O diagnóstico da DADCM é feito pela presença dos ácidos graxos de cadeia média conjugados da carnitina no plasma, glicina na urina ou pela demonstração de deficiência enzimática em cultura de fibroblastos, porém é o teste de DNA que confirma a maioria dos casos. A DADCM agora faz parte da triagem neonatal de rotina em todos os estados norte-americanos.
O tratamento das crises agudas é com dextrose a 10% IV a 1,5 vezes a taxa de manutenção de líquidos ( see page Necessidades de manutenção); alguns médicos também defendem o uso de carnitina durante episódios agudos. A prevenção é feita com uma dieta pobre em gordura e rica em carboidratos e evitando o jejum prolongado. A farinha de milho é utilizada para oferecer uma margem de segurança durante o jejum noturno.
Deficiência da 3-hidroxiacil-CoA desidrogenase de cadeia longa (DHADCL)
Este é o 2º defeito de oxidação dos ácidos graxos mais comum. Possui muitos aspectos comuns com a DADCM, porém os pacientes também podem apresentar cardiomiopatia, rabdomiólise, valores excessivamente elevados de creatinoquinase (CK), mioglobinúria com exercício muscular, neuropatia periférica e testes de função hepática anormais. Frequentemente, mães com um feto DHADCL apresentam, durante a gestação, a síndrome HELLP (hemólise, enzimas hepáticas elevadas, contagem baixa de plaquetas).
O diagnóstico da DHADCL, que pode ser confirmado em estudo enzimático em fibroblastos da pele, é baseado na presença de excesso de ácidos hidróxi de cadeia longa, na análise de ácido orgânico e na presença de seus conjugados carnitina, em um perfil acilcarnitina, ou glicina conjugada em um perfil acilglicina. Pode-se confirmar de DHADCL por estudo enzimático em fibroblastos da pele ou por teste genético. A DHADCL agora faz parte da triagem neonatal de rotina em todos os estados norte-americanos.
O tratamento durante a agudização inclui hidratação, altas doses de glicose, repouso, alcalinização da urina e suplementação com carnitina. O tratamento prolongado inclui uma dieta rica em carboidratos, suplementação com triglicerídios de cadeia média e evitar jejum e exercícios extenuantes.
Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia muito longa (DADCML)
Esta deficiência é semelhante à DHADCL, mas é geralmente associada a cardiomiopatia significativa.
Acidemia glutárica tipo II
Um defeito na transferência de elétrons da coenzima nas acil graxo desidrogenases para a cadeia de transporte de elétrons afeta as reações que envolvem ácidos graxos de todos os comprimentos de cadeia (deficiência de múltiplas acil-CoA desidrogenase); a oxidação de vários aminoácidos também é afetada.
Portanto, as manifestações clínicas incluem hipoglicemia de jejum, acidose metabólica grave e hiperamonemia.
O diagnóstico da acidemia glutárica tipo II é feito diante de valores elevados de etil malônico, glutárico, 2- e 3-hidroxiglutárico e de outros ácidos dicarboxílicos nas análises de ácidos orgânicos, além de glutaril e isovaleril e outras acilcarnitinas, bem como em estudos de espectrometria de massa. A análise de DNA pode ser confirmatória.
O tratamento da acidemia glutárica tipo II é semelhante ao da DHADCL, exceto pelo fato de que a riboflavina pode ser eficiente em alguns pacientes.
Informações adicionais
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