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Síndrome de DiGeorge

(Síndrome de deleção 22q11.2)

PorJames Fernandez, MD, PhD, Cleveland Clinic Lerner College of Medicine at Case Western Reserve University
Reviewed ByBrian F. Mandell, MD, PhD, Cleveland Clinic Lerner College of Medicine at Case Western Reserve University
Revisado/Corrigido: out. 2024
Visão Educação para o paciente

A síndrome de DiGeorge é uma hipoplasia ou aplasia do timo e das paratireoides, causando principalmente imunodeficiência das células T e hipoparatireoidismo. Recém-nascidos com síndrome de DiGeorge apresentam inserção baixa de orelhas, lábio leporino, atrofia e retração da mandíbula, hipertelorismo, filtro nasolabial curto, retardo de desenvolvimento e cardiopatias congênitas. O diagnóstico baseia-se nos achados clínicos e inclui uma avaliação da função imune e da paratireoide e análise cromossômica. O tratamento inclui medidas de suporte e, se grave, transplante de timo ou de células-tronco hematopoiéticas.

(Ver também Visão geral das imunodeficiências e Abordagem ao paciente com distúrbios de imunodeficiência.)

A síndrome de DiGeorge é um imunodeficiência primária que envolve defeitos nas células T. Ela resulta de deleções na região cromossômica de DiGeorge em 22q11, mutações em genes no cromossomo 10p13 e mutações em outros genes desconhecidos, que causam disembriogênese das estruturas que se desenvolvem a partir das bolsas faríngeas durante a 8ª semana de gestação. A maioria dos casos é esporádica; meninos e meninas são igualmente afetados. Quando herdada, a herança é autossômica dominante.

A síndrome de DiGeorge pode ser

  • Parcial: existe alguma função das células T

  • Completa: ausência de função das células T

Os pacientes podem apresentar cardiopatias congênitas (p. ex., coartação da aorta, tronco arterioso, tetralogia de Fallot, defeitos do septo atrial ou ventricular). Também têm hipoplasia ou aplasia do timo e das paratireoides, causando deficiência de células T e hipoparatireoidismo.

Sinais e sintomas da síndrome de DiGeorge

Lactentes com a síndrome de DiGeorge têm inserção baixa de orelhas, lábio leporino, atrofia e retração da mandíbula, hipertelorismo, filtro nasolabial curto, retardo de desenvolvimento e manifestações de cardiopatias congênitas (p. ex., sopro cardíaco, taquicardia, taquipneia, dispneia durante alimentação). O hipoparatireoidismo pode causar hipocalcemia sintomática; a tetania hipocalcêmica ocorre depois de 24 a 48 horas do nascimento.

As infecções recorrentes iniciam-se cedo após o nascimento, mas o grau de imunodeficiência varia de maneira considerável e as funções das células T podem melhorar espontaneamente.

Muitas vezes, o prognóstico depende da gravidade do distúrbio cardíaco.

Diagnóstico da síndrome de DiGeorge

  • Avaliação da função imunitária com níveis de imunoglobulina (Ig), títulos de vacina e contagens dos subconjuntos de linfócitos

  • Avaliação da função da paratireoide

  • Análise cromossômica

O diagnóstico da síndrome de DiGeorge baseia-se nos achados clínicos.

É feita a contagem absoluta de linfócitos, seguida da contagem dos subconjuntos de células B e T se houver linfopenia. Realizam-se exames de sangue para avaliar a função das células T e da paratireoide. Medem-se os níveis de Ig e títulos de vacina. Se houver suspeita de síndrome de DiGeorge completa, o teste do círculo de excisão do receptor de células T (TREC) também deve ser feito.

Avalia-se a função da paratireoide medindo-se os níveis de cálcio e hormônio paratireoideo. Concentrações baixas ou mesmo baixas-normais de hormônio paratireoideo em pacientes com hipocalcemia são inapropriadas e sugerem hipoparatireoidismo.

A radiografia lateral do tórax é realizada para avaliar a sombra do timo.

FISH pode detectar a deleção na região do cromossomo 22q11; testes cromossômicos padronizados para verificar outras anormalidades também podem ser feitos.

Se houver suspeita de síndrome de DiGeorge ou os pacientes tiverem manifestações de defeitos cardíacos congênitos, realiza-se ecocardiografia. Cateterismo cardíaco pode ser necessário se os pacientes manifestarem cianose.

Como a maioria dos casos é esporádica, o rastreamento de parentes não é necessário.

Tratamento da síndrome de DiGeorge

  • Síndrome parcial: suplementação de cálcio e vitamina D

  • Síndrome completa: transplante de tecido tímico cultivado ou de células-tronco hematopoiéticas

Na síndrome de DiGeorge parcial, o hipoparatireoidismo é tratado com suplementos de cálcio e vitamina D; a sobrevida a longo prazo não é afetada.

Já a síndrome completa de DiGeorge é fatal, se o tratamento não for instituído, consistindo no transplante de cultura de tecido tímico ou transplante de células-tronco hematopoiéticas. Uma revisão do transplante de timo mostrou resultados relativamente bons, com reconstituição de células T em 5 a 6 meses (1).

Referência sobre tratamento

  1. 1. Davies EG, Cheung M, Gilmour K, et al: Thymus transplantation for complete DiGeorge syndrome: European experience. J Allergy Clin Immunol140: 1660–1670.e16, 2017.

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