Íleo paralítico é a parada temporária do peristaltismo intestinal. Ocorre com muita frequência após cirurgia abdominal, em particular quando os intestinos foram manipulados. Os sintomas são náuseas, vômitos e desconforto abdominal vago. O diagnóstico baseia-se em resultados radiográficos e impressões clínicas. O tratamento é de suporte, com aspiração nasogástrica e líquidos intravenosos.
Etiologia do íleo
A causa mais comum de íleo paralítico é
Cirurgia abdominal
Outras causas são
Inflamação intraperitoneal ou retroperitoneal (p. ex., apendicite, diverticulite, úlcera duodenal perfurada)
Hematomas retroperitoneais ou intra-abdominais (p. ex., a partir de aneurisma da aorta abdominal rompido, trauma abdominal fechado)
Distúrbios metabólicos (p. ex., hipopotassemia)
Medicamentos (p. ex., opioides, anticolinérgicos, às vezes, bloqueadores dos canais de cálcio)
Às vezes, doença renal ou torácica (p. ex., fraturas no arco costal inferior, pneumonias dos lobos inferiores, infarto do miocárdio)
São comuns os distúrbios da motilidade gástrica e colônica depois de cirurgias abdominais. A manipulação do intestino causa processos inflamatórios e consequente diminuição da atividade contrátil (1). O intestino delgado é tipicamente menos afetado, e a motilidade e a absorção retornam ao normal em algumas horas após a cirurgia. O esvaziamento gástrico geralmente é alterado por cerca de 24 horas ou mais. O colo é frequentemente mais afetado e pode permanecer inativo por 48 a 72 horas ou mais.
Referência sobre etiologia
1. Boeckxstaens GE, de Jonge WJ. Neuroimmune mechanisms in postoperative ileus [published correction appears in Gut. 2010 Jan;59(1):140]. Gut. 2009;58(9):1300-1311. doi:10.1136/gut.2008.169250
Sinais e sintomas do íleo
Os sinais e sintomas de íleo paralítico incluem distensão abdominal, náuseas, vômitos e desconforto vago. Raramente a dor tem o padrão clássico da cólica que ocorre na obstrução intestinal mecânica. Pode existir obstipação ou eliminação de pequenas quantidades de fezes aquosas.
A ausculta revela um abdome silencioso ou peristaltismo mínimo. O abdome é não doloroso, a menos que a causa de base seja inflamatória.
Diagnóstico do íleo
Avaliação clínica
Algumas vezes, radiografias
A tarefa mais essencial é distinguir íleo paralítico de obstrução intestinal. Em ambas as condições, as radiografias abdominal mostram distensão gasosa dos segmentos isolados do intestino. No íleo paralítico pós-operatório, entretanto, o gás pode se acumular mais no colo do que no intestino delgado. O acúmulo pós-operatório de gás no intestino delgado geralmenteimplica desenvolvimento de uma complicação (p. ex., obstrução, peritonite).
Às vezes, os achados radiográficos são semelhantes aos da obstrução intestinal; a diferenciação pode ser difícil, a menos que as características clínicas claramente favoreçam uma ou outra. TC com contraste pode ajudar a diferenciar entre os dois e sugerir uma causa subjacente do íleo paralítico.
Tratamento do íleo
Aspiração nasogástrica
Líquidos intravenosos
O tratamento do íleo paralítico envolve aspiração nasogástrica contínua, nada pela boca, jejum oral, líquidos IV e eletrólitos, e quantidade mínima de sedativos, evitando-se o uso de opioides e anticolinérgicos. [A manutenção de níveis séricos adequados de potássio [> 4 mEq/L (> 4,00 mmol/L)] é especialmente importante. Íleo paralítico que persiste > 1 semana provavelmente tem causa obstrutiva mecânica e a laparotomia deve ser considerada.
Algumas vezes, o íleo colônico pode ser aliviado por descompressão colonoscópica; raramente, é necessária cecostomia. Desobstrução colonoscópica é útil no tratamento de pseudo-obstrução (síndrome de Ogilvie), que consiste em obstrução aparente da flexura esplênica, embora nenhuma causa possa ser encontrada por enema de contraste ou colonoscopia para casos de gases ou fezes que não ultrapassam esse ponto. Alguns médicos utilizam neostigmina IV (que requer monitoramento cardíaco) para tratar a síndrome de Ogilvie.
Pontos-chave
Há muitas causas de íleo paralítico; a cirurgia abdominal é a mais comum.
A ausculta revela um abdome silencioso ou peristaltismo mínimo.
Diferenciar entre íleo paralítico e obstrução intestinal.
Tratar com broncoaspiração por sonda nasogástrica e hidratação venosa.
Evitar opioides e anticolinérgicos.