Autocuidados durante a gravidez

A quantidade média de calorias adicionais que a gestante deve consumir para fornecer nutrição ao feto (no caso de mulheres que começam a gravidez com um índice de massa corporal [IMC] no intervalo normal) varia por trimestre:

• Primeiro trimestre (não são necessárias calorias adicionais)

• Segundo trimestre (aproximadamente 340 kcal a mais por dia)

• Terceiro trimestre (aproximadamente 450 kcal a mais por dia)

A dieta deve ser bem equilibrada e incluir frutas, grãos e verduras frescas (consulte Comer bem durante a gestação: dicas rápidas). Alimentos ricos em fibras são uma boa opção. Peixes contêm nutrientes que são importantes para o crescimento e o desenvolvimento do feto. No entanto, a gestante deve optar por peixes com baixo teor de mercúrio. Consulte a seção Mercúrio em peixes e frutos do mar para obter mais informações.

Os médicos recomendam que a gestante tome um multivitamínico pré-natal contendo ferro e ácido fólico, mesmo que ela siga uma dieta adequada.

A gravidez duplica a quantidade de ferro necessária. A maioria das vitaminas pré-natais contém a quantidade diária recomendada de ferro ferroso para a gestação. Se a mulher tiver anemia ou desenvolver anemia durante a gravidez, talvez ela precise de uma dose maior de ferro que a tomada por outras gestantes. Suplementos de ferro podem causar um leve mal-estar gástrico e constipação.

Para prevenção, todas as gestantes e mulheres que estejam planejando engravidar ou que estão em idade fértil devem tomar um suplemento contendo 400 a 800 microgramas de ácido fólico (folato) por dia. Essas doses costumam estar disponíveis na forma de produtos de venda livre, tais como multivitamínicos. Uma insuficiência de ácido fólico aumenta o risco de o bebê nascer com um defeito congênito no cérebro ou na medula espinhal (defeito do tubo neural), tais como espinha bífida. As mulheres que tiveram um bebê com defeito do tubo neural devem tomar 4.000 microgramas de ácido fólico, começando três meses antes da concepção e continuando até 12 semanas de gestação, uma quantidade muito maior que aquela que costuma ser recomendada.

As gestantes devem manusear alimentos com segurança, evitar carne ou peixe malpassados e evitar certos frutos do mar com alto teor de mercúrio. Elas também devem evitar alimentos com alto risco de contaminação por Listeria, incluindo

• Peixe, frutos do mar, carne, aves ou ovo crus ou mal passados

• Suco, leite ou queijo não pasteurizado

• Frios ou embutidos, frutos do mar defumados e salsichas (a menos que sejam bem aquecidos)

• Saladas com carne, aves ou frutos do mar, tais como salada de presunto, salada de frango ou salada de atum

• Brotos crus, incluindo broto de alfafa, trevo, rabanete e broto de feijão moyashi

A quantidade de peso que uma mulher deve ganhar durante a gravidez depende de seu índice de massa corporal (IMC) antes de engravidar. O IMC é o peso em quilogramas dividido pela altura ao quadrado e é usado para determinar se o peso é normal em relação à altura. As mulheres com um IMC elevado devem ganhar menos peso durante a gravidez do que aquelas com IMC classificado como normal ou abaixo do peso. Uma mulher de estatura média deve ganhar aproximadamente 11,5 a 16 kg durante a gravidez.

Dietas para perder peso não são recomendadas durante a gravidez, nem mesmo para mulheres com obesidade, porque algum ganho de peso é essencial ao desenvolvimento normal do feto. Fazer dieta reduz o fornecimento de nutrientes ao feto.

Praticar atividade física durante a gestação tem riscos mínimos e demonstrou ser benéfico para a maioria das gestantes, incluindo manutenção ou melhora do preparo físico, controle do ganho de peso durante a gestação, redução da dor lombar e, possivelmente, redução do risco de desenvolver diabetes gestacional ou pré‑eclâmpsia. A maioria delas pode continuar a realizar suas atividades e os exercícios físicos habituais durante toda a gravidez. Os esportes com esforço leve, tais como natação e caminhadas rápidas, são boas opções. Atividades vigorosas, tais como corrida e cavalgada, também podem ser realizadas desde que a mulher tome cuidado para evitar lesões, sobretudo no abdômen. Esportes de contato devem ser evitados.

A prática de relações sexuais é segura durante toda a gravidez, a menos que a mulher tenha sangramento vaginal, dor pélvica ou vaginal, perda de líquido amniótico ou contrações uterinas. Nesses casos, a prática de relações sexuais deve ser evitada.

Em geral, é melhor evitar medicamentos durante a gravidez. Porém, às vezes, é preciso usar medicamentos. Uma gestante deve falar com o médico antes de tomar qualquer medicamento, incluindo os que não exigem receita (de venda livre), tais como aspirina ou fitoterápicos, sobretudo nos primeiros três meses de gestação. A mulher que estiver tomando medicamentos para um problema de saúde (por exemplo, diabetes ou hipertensão arterial) e que estiver planejando engravidar deve conversar com o médico para saber se ela pode continuar a tomar os medicamentos com segurança ou se é necessário fazer mudanças.

As gestantes não devem consumir álcool, tabaco (e devem evitar a exposição passiva à fumaça), maconha ou entorpecentes. Consumir cafeína em pequenas quantidades (por exemplo, uma xícara de café por dia) parece representar pouco ou nenhum risco para o feto. Mulheres com transtornos por uso de substâncias devem procurar assistência com uma equipe multidisciplinar, incluindo um obstetra, um especialista em vício e um pediatra.

As gestantes também devem evitar:

• Manusear diretamente areia de gato (devido ao risco de toxoplasmose, uma infecção que pode danificar o cérebro do feto)

• Exposição prolongada a temperaturas quentes (por exemplo, em uma banheira de hidromassagem ou sauna)

• Contato com pessoas com rubéola ou outras infecções que podem causar defeitos congênitos

• Ter contato com pessoas que têm catapora ou herpes zóster; durante o parto, esses vírus podem ser transmitidos ao feto e causar doença grave

• Exposição a vapores de produtos químicos tóxicos ou de tinta

A exposição a agentes ambientais tóxicos durante a gestação pode ser associada à infertilidade, aborto espontâneo, nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, atraso do neurodesenvolvimento e câncer infantil. A gravidade do risco depende da toxina e do tempo de exposição. As gestantes devem evitar ou minimizar a exposição a agentes específicos, tais como chumbo, pesticidas, solventes e ftalatos. Os produtos de cuidados pessoais usados durante a gestação não devem ter ftalatos, parabenos, oxibenzona ou triclosano. Produtos cosméticos e de cuidados pessoais que indicam “zero fragrância” no rótulo são menos propensos a conter toxinas que aqueles que dizem “sem fragrância”.

As mulheres que estão planejando amamentar e que não tiverem amamentado antes devem se preparar para fazê-lo durante a gestação ao ler sobre amamentação ou participar de uma aula. Conversar com mulheres que tenham amamentado seus filhos com sucesso também pode ser informativo e incentivador.

A mulher pode obter dicas e informações úteis sobre viagem com o médico; assim, é uma boa ideia discutir planos de viagem com ele (consulte também Gravidez e viagem).

Ao viajar de carro, avião ou outro veículo, a gestante deve sempre usar o cinto de segurança. Colocar a parte inferior do cinto cruzando os quadris e sob o abdômen em expansão e colocar a parte superior do cinto entre os seios pode ajudar a usar os cintos de segurança com mais conforto. Os cintos devem estar justos, mas sem apertar de maneira desconfortável.

Durante qualquer tipo de viagem, a gestante deve alongar e esticar as pernas e os tornozelos periodicamente. Ela deve se levantar e caminhar ocasionalmente, se possível. A maioria das companhias aéreas permite viajar de avião até aproximadamente 37 semanas de gestação. O principal motivo para a restrição a partir da 37ª semana é o risco de trabalho de parto e parto em um ambiente não familiar.

A gestante deve realizar consultas pré‑natais em intervalos regulares com um profissional de saúde dedicado a reconhecer e prevenir problemas que podem complicar a gravidez. Por exemplo, exames preventivos são feitos em gestantes para detectar vários tipos de doenças, incluindo

• Hipertensão arterial

• Pré-eclâmpsia

• Diabetes

• Infecções sexualmente transmissíveis

• Infecção do trato urinário

• Mutações genéticas que podem causar defeitos congênitos

• Anomalias cromossômicas no feto

• Incompatibilidade de Rh(D) (que pode causar doença hemolítica do recém-nascido)

• Anomalias placentárias e fetais (por meio de exames de sangue, ultrassom ou outros tipos de exame)

(Consulte também Cuidados médicos durante a gravidez.)