Considerações gerais sobre fraturas

PorDanielle Campagne, MD, University of California, San Francisco
Revisado/Corrigido: dez. 2022
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Fatos rápidos

Uma fratura é uma rachadura ou quebra de um osso. A maioria das fraturas resulta de uma força aplicada ao osso.

  • As fraturas geralmente resultam de lesões ou esforço excessivo.

  • A parte lesionada dói (sobretudo quando for usada), fica geralmente inchada e pode apresentar hematomas ou ter aspecto distorcido, flexionado ou fora do lugar.

  • Também pode haver presença ou desenvolvimento de outras lesões, como danos em vasos sanguíneos e nervos, síndrome compartimental, infecções e problemas articulares duradouros.

  • Às vezes, os médicos conseguem diagnosticar fraturas com base nos sintomas, nas circunstâncias que causaram a lesão e nos resultados de um exame físico, mas radiografias são geralmente necessárias.

  • A maioria das fraturas cicatriza bem e causa poucos problemas, mas o tempo que demoram para cicatrizar varia, dependendo de muitos fatores, como idade da pessoa, tipo e gravidade da lesão e presença de outros distúrbios.

  • O tratamento depende do tipo e da gravidade da fratura e pode incluir analgésicos, PRICE (proteção, repouso, gelo, compressão e elevação [protection, rest, ice, compression, and elevation]), manobras ou procedimentos para recolocar os fragmentos ósseos em sua posição normal (redução), imobilização da parte lesionada (por exemplo, com gesso ou tala) e, às vezes, cirurgia.

Os ossos são parte do sistema musculoesquelético, que também inclui os músculos e os tecidos que os ligam (ligamentos, tendões e outros tecidos conjuntivos, chamados tecidos moles). Essas estruturas conferem ao corpo sua forma, tornando-o estável e permitindo que se movimente.

Além de fraturas, os tecidos do sistema musculoesquelético podem ser danificados dos seguintes modos:

  • Os ossos nas articulações podem separar-se completamente um do outro (chamado luxação) ou ficar somente parcialmente fora de posição (chamado subluxação).

  • Os ligamentos (que prendem osso a osso) podem sofrer ruptura (entorse).

  • Os músculos podem sofrer ruptura (estiramento).

  • Os tendões (que prendem músculo a osso) podem sofrer ruptura (rompimento).

Entorses, estiramentos e tendões rompidos são chamados de lesões dos tecidos moles.

Fraturas e outras lesões musculoesqueléticas) variam consideravelmente quanto à gravidade e ao tratamento necessário. Por exemplo, as fraturas podem variar de uma pequena fissura em um osso do pé, que passa facilmente despercebida, até uma fratura pélvica grave, que coloca a vida em risco.

As fraturas podem romper a pele (chamado fraturas expostas) ou não (chamado fraturas fechadas).

Uma lesão que fratura um osso também pode danificar seriamente outros tecidos, incluindo a pele, os nervos, os vasos sanguíneos, os músculos e os órgãos. Essas lesões podem complicar o tratamento da fratura e/ou causar problemas temporários ou permanentes.

Mais frequentemente, os membros sofrem fraturas, mas estas podem ocorrer em ossos de qualquer parte do corpo, como as seguintes:

Como os ossos se consolidam

Quando a maioria dos tecidos, como os da pele, músculos e órgãos internos, sofre uma lesão significativa, sua restauração ocorre pela produção de tecido cicatricial para substituir o tecido lesionado. O tecido cicatricial muitas vezes parece diferente do tecido normal ou interfere na função de alguma forma. Em contraste, o osso se recupera produzindo tecido ósseo verdadeiro.

Quando um osso se recupera por si só após uma fratura, muitas vezes a fratura acaba ficando praticamente indetectável. Até mesmo ossos que foram estilhaçados podem, muitas vezes, quando tratados adequadamente, ser reparados e funcionar normalmente.

A rapidez com que o osso se recupera depende da idade da pessoa e de outros distúrbios presentes. Por exemplo, crianças saram muito mais rapidamente do que os adultos. Distúrbios que interferem com o fluxo de sangue (como diabetes e doença arterial periférica) retardam a cicatrização.

As fraturas curam-se em três estágios, que se sobrepõem:

  • Inflamação

  • Reparação

  • Remodelação

No estágio inflamatório, a cura começa imediatamente após a fratura. As células do sistema imunológico dirigem-se para o local da lesão para remover o tecido danificado, fragmentos ósseos e sangue que vazou dos vasos sanguíneos rompidos.

As células imunológicas liberam substâncias que atraem mais células imunológicas, aumentam o fluxo sanguíneo para a área e fazem com que mais líquidos entrem na área danificada. Consequentemente, a área ao redor da fratura fica inflamada, ou seja, vermelha, inchada e sensível.

O processo inflamatório alcança seu ponto máximo em alguns dias, mas demora semanas para desaparecer. Este processo causa a maior parte da dor que as pessoas sentem logo depois de uma fratura.

Durante esse estágio e o estágio de reparo, a parte do corpo fraturada muitas vezes precisa ser mantida sem se mover (imobilizada) – por exemplo, com um gesso ou tala.

O estágio de reparação começa alguns dias após a lesão e perdura por semanas a meses. É produzido osso novo (chamado calo) para reparar a fratura. Inicialmente, este osso novo, chamado calo externo, não contém nenhum cálcio (um mineral que confere ao osso sua força e densidade). Este osso novo é macio e tem textura de borracha. Desta forma, ele pode ser facilmente danificado e fazer com que o osso em processo de restauração saia do lugar (seja deslocado). Além disso, ele não pode ser visto em radiografias.

No estágio de remodelação, o osso é decomposto, reconstruído e restaurado ao seu estado original. A remodelação demora muitos meses. O cálcio se deposita no calo, que passa a ficar mais rígido e forte e mais facilmente visível nas radiografias, e a forma e estrutura normais do osso são restauradas.

Durante esse estágio, as pessoas podem começar gradualmente a usar a parte lesada, gradualmente. Elas devem retomar aos poucos suas atividades normais e aumentar aos poucos a quantidade de esforço ou peso que exercem na parte lesionada.

Causas de fraturas

O traumatismo é a causa mais frequente de fraturas. O traumatismo inclui

  • Força direta, como ocorre em quedas ou acidentes com veículo a motor

  • Força moderada repetida, conforme pode ocorrer em corredores de longa distância ou em soldados marchando com carga pesada nas costas (tais fraturas são chamadas de fraturas por estresse)

A gravidade da fratura depende parcialmente da força do impacto. Por exemplo, uma queda em terreno plano geralmente causa fraturas de menor gravidade, mas uma queda de um prédio alto pode causar fraturas graves que envolvem vários ossos.

Algumas fraturas ocorrem durante a prática de certos esportes (consulte Lesões provocadas por esportes).

Alguns distúrbios podem enfraquecer os ossos. Incluem

  • Alguns tipos de infecções

  • Tumores ósseos (que podem ser cancerosos ou não), incluindo cânceres que se disseminaram (criaram metástase) de outra parte do corpo para o osso

  • Osteoporose

Pessoas com um desses distúrbios estão mais propensas a fraturar um osso, mesmo quando houver apenas uma força discreta envolvida. Essas fraturas são chamadas fraturas patológicas.

Sintomas de fraturas

O sintoma mais óbvio de uma fratura é

  • Dor

A parte lesionada dói, sobretudo quando as pessoas tentam colocar peso sobre ela ou usá-la. A área ao redor da fratura fica sensível ao toque. Outros sintomas incluem

  • Inchaço

  • Uma parte que parece distorcida, flexionada ou fora de lugar

  • Mancha roxa ou descoloração

  • Incapacidade de usar a parte lesionada normalmente

  • Possível perda de sensação (dormência ou sensações anormais)

As fraturas normalmente causam inchaço, mas esse inchaço pode levar horas para se desenvolver e, em alguns tipos de fraturas, ser bem discreto.

Quando os músculos ao redor da área lesionada tentam manter um osso fraturado no lugar, podem ocorrer espasmos musculares, causando mais dor.

Os hematomas surgem quando há sangramento debaixo da pele. O sangue pode originar-se de vasos sanguíneos de um osso fraturado ou de tecidos circundantes. No início, o hematoma apresenta uma cor negra violácea, tornando-se verde e amarelo à medida que o sangue é degradado e reabsorvido pelo organismo. O sangue pode se mover a uma boa distância da fratura, causando um grande hematoma ou um hematoma a certa distância da lesão. Pode levar algumas semanas para o sangue ser reabsorvido. O sangue pode causar dor e rigidez temporárias nas estruturas circundantes. Por exemplo, fraturas do ombro podem machucar o braço todo e provocar dor no cotovelo e no pulso.

A dor, bem como a fratura em si, muitas vezes impedem que a pessoa mova a parte fraturada normalmente.

Como dói muito mover a parte lesionada, algumas pessoas não querem ou não conseguem movê-la. Se as pessoas (como crianças pequenas ou pessoas idosas) não puderem falar, a recusa em mover uma parte do corpo pode ser o único sinal de uma fratura. Contudo, algumas fraturas não impedem que as pessoas movam a parte lesionada. Conseguir mover uma parte lesionada não significa que não há fratura.

Complicações de fraturas

As fraturas podem gerar ou vir acompanhadas de outros problemas (complicações). Entretanto, complicações sérias são incomuns. O risco de complicações sérias aumenta se a pele for lacerada ou se os vasos sanguíneos ou nervos forem danificados.

Algumas complicações (como danos em vasos sanguíneos e nervos, síndrome compartimental, embolia gordurosa e infecções) surgem durante as primeiras horas ou dias após a lesão. Outras (como problemas com articulações e cicatrização) desenvolvem-se com o passar do tempo.

Danos em vasos sanguíneos

Muitas fraturas causam sangramento visível ao redor da lesão. Em casos raros, o sangramento no interior do corpo (sangramento interno) ou de uma ferida aberta (sangramento externo) é suficientemente abundante para causar uma queda na pressão arterial com risco à vida (choque). Por exemplo, pode haver choque quando fraturas do osso da coxa (fêmur) ou da pélvis causam sangramento interno grave. Se uma pessoa estiver tomando um medicamento para evitar a formação de coágulos sanguíneos (um anticoagulante), lesões relativamente pequenas podem causar sangramento substancial.

Uma luxação no quadril ou joelho pode interromper o fluxo sanguíneo para a perna. Assim, os tecidos na perna podem não receber sangue suficiente (chamado isquemia) e podem morrer (chamado necrose). Se muitos tecidos necrosarem, parte da perna pode ter que ser amputada. Às vezes, fraturas do cotovelo ou da parte superior do braço podem interromper o fluxo sanguíneo para o antebraço, causando problemas semelhantes. A interrupção do fornecimento de sangue pode não causar nenhum sintoma até várias horas depois da lesão.

Lesão nervosa

Às vezes, os nervos são distendidos, contundidos ou esmagados quando ocorre fratura em um osso. Um golpe direto pode machucar ou esmagar um nervo. Essas lesões geralmente cicatrizam por si ao longo de semanas até meses a anos, dependendo da gravidade da lesão. Algumas lesões nervosas nunca saram totalmente.

Em casos raros, os nervos sofrem ruptura, às vezes por fragmentos de ossos afiados. É mais provável os nervos sofrerem ruptura quando a pele for lacerada. Nervos rompidos não saram por si só e podem ter que ser reparados cirurgicamente.

Embolia pulmonar

A embolia pulmonar é a complicação grave mais comum das fraturas sérias do quadril ou da pélvis. Ela ocorre quando um coágulo de sangue se forma em uma veia, se solta (tornando-se um êmbolo), se desloca para um pulmão e ali bloqueia uma artéria. Como resultado, o corpo pode não receber oxigênio suficiente.

Sofrer uma fratura do quadril aumenta consideravelmente o risco de embolia pulmonar pois ela envolve

  • Lesão na perna, onde se forma a maioria dos coágulos que causam embolia pulmonar

  • Imobilidade forçada (ter que permanecer na cama) por horas ou dias, diminuindo a velocidade do fluxo sanguíneo e, assim, dando a oportunidade de coágulos se formarem

  • Inchaço ao redor da fratura, que também diminui a velocidade do fluxo sanguíneo nas veias

Cerca de um terço das mortes de pessoas depois de uma fratura do quadril é decorrente de embolia pulmonar. A embolia pulmonar é muito menos comum quando a parte inferior da perna é fraturada e é muito rara quando o braço é fraturado.

Embolia gordurosa

A embolia gordurosa ocorre raramente. Ela pode ocorrer quando ossos longos (como o osso da coxa) são fraturados e liberam gordura no interior do osso (medula óssea). A gordura pode deslocar-se pelas veias, alojar-se nos pulmões e ali bloquear um vaso sanguíneo, causando embolia pulmonar. Consequentemente, o corpo não consegue obter oxigênio suficiente, e as pessoas podem sentir falta de ar e dor no peito. Sua respiração pode ficar rápida e superficial e sua pele pode ficar salpintada ou azulada.

Síndrome compartimental

Em casos raros, desenvolve-se uma síndrome compartimental. Por exemplo, ela pode surgir quando os músculos lesionados incham muito depois de uma fratura de um braço ou de uma perna. Como o inchaço exerce pressão nos vasos sanguíneos adjacentes, o fluxo sanguíneo para o membro lesionado fica reduzido ou bloqueado. Consequentemente, os tecidos no membro podem ficar danificados ou necrosar e o membro pode ter de ser amputado. Sem tratamento imediato, a síndrome pode ser fatal. A síndrome compartimental é mais provável de ocorrer em pessoas com certas fraturas da parte inferior da perna, certas fraturas do braço ou uma fratura de Lisfranc (um tipo de fratura do pé).

Infecções

Se a pele for lacerada quando um osso é fraturado, a ferida pode ficar infectada e a infecção pode disseminar-se para o osso (chamado osteomielite, que é de difícil cura).

Problemas nas articulações

As fraturas que se estendem para uma articulação geralmente danificam a cartilagem nas extremidades dos ossos na articulação (chamadas superfícies da articulação). Normalmente, esse tecido macio, resistente e protetor permite o movimento suave das articulações. Os danos nas cartilagens tendem a formar cicatrizes, causando osteoartrite, a qual torna as articulações rígidas e limita sua amplitude de movimento. O joelho, cotovelo e o ombro estão particularmente propensos a enrijecer-se depois de uma lesão, sobretudo em pessoas idosas.

Geralmente, é necessário fisioterapia para prevenir a rigidez e ajudar a articulação a mover-se o mais normalmente possível. Muitas vezes, é necessário cirurgia para reparar a cartilagem danificada. Depois de uma cirurgia desse tipo, a cartilagem fica menos sujeita a formar cicatrizes e, se isso ocorrer, a cicatrização tende a ser menos grave.

Algumas fraturas podem tornar a articulação instável, aumentando o risco de lesões repetidas e osteoartrite. O tratamento adequado, muitas vezes incluindo gesso ou tala, pode ajudar a evitar problemas permanentes.

Membros desiguais

Em crianças, se uma placa de crescimento em uma perna sofre uma fratura, a perna afetada pode não crescer normalmente e pode ficar mais curta que a outra. As placas de crescimento, que são feitas de cartilagem, permitem aos ossos se alongar até as crianças atingirem sua altura total. Se uma fratura não envolver a placa de crescimento, ela pode estimular o crescimento do osso a partir do próprio local da fratura. Se estimula o crescimento, a perna fraturada pode crescer demais e ficar mais comprida que a outra perna.

Em adultos, a cirurgia para reparar o osso da coxa pode resultar em uma perna ficando mais comprida que a outra.

Problemas de cicatrização

Às vezes, os ossos fraturados podem não voltar a juntar-se conforme esperado. Eles podem

  • Não voltar a juntar-se (chamado não união)

  • Voltar a juntar-se muito lentamente (chamado união retardada)

  • Juntar-se na posição errada (chamado má união)

É mais provável que esses problemas ocorram quando

  • Os ossos fraturados não são mantidos próximos um do outro e não são impedidos de se mover (ou seja, não são imobilizados com gesso ou tala).

  • O fornecimento de sangue for interrompido.

Certos distúrbios, como diabetes e vasculopatia periférica, e certos medicamentos, como corticosteroides, podem retardar ou interferir na cura.

Osteonecrose

Quando o fluxo sanguíneo para um osso é interrompido, parte do osso pode morrer, resultando em osteonecrose. Certas lesões (como fraturas do escafoide do pulso e fraturas de quadril nas quais os ossos quebrados saem do lugar) são mais prováveis de causar osteonecrose.

Diagnóstico de fraturas

  • Avaliação médica

  • Radiografias para identificar fraturas

  • Às vezes, imagem por ressonância magnética ou tomografia computadorizada

Pessoas que acham que podem ter uma fratura, devem ir ou ser levadas para um pronto-socorro. Possíveis excepções são algumas lesões das pontas dos dedos das mãos ou dos pés.

As pessoas também devem ser levadas ao pronto-socorro, muitas vezes de ambulância, se qualquer dos seguintes eventos se aplicar:

  • O problema é evidentemente sério (por exemplo, se tiver sido consequência de um acidente de carro ou se as pessoas não conseguirem usar a parte do corpo afetada).

  • Elas apresentarem diversas lesões.

  • Elas tiverem sintomas de uma complicação, por exemplo, se perderem a sensação na parte do corpo afetada, não puderem mover a parte afetada normalmente, a pele ficar fria ou azulada ou a parte afetada ficar fraca.

  • Elas não conseguirem colocar nenhum peso na parte do corpo afetada.

  • Uma articulação lesionada parecer instável.

Se as lesões resultarem de um acidente sério, a primeira prioridade do médico será

  • Investigar se há lesões e complicações graves, como uma ferida aberta, danos nos nervos, perda significativa de sangue, interrupção do fluxo sanguíneo e síndrome compartimental

Os médicos fazem, por exemplo, o seguinte:

  • Medição da pressão arterial: A pressão arterial está baixa nas pessoas que perderam muito sangue.

  • Verificar o pulso e a cor e temperatura da pele: Pulso fraco ou ausente e pele pálida e fria podem indicar que o fluxo sanguíneo está interrompido. Esses sintomas podem significar que uma artéria está danificada ou que a síndrome compartimental se desenvolveu.

  • Verificar a sensação na pele para determinar se a pessoa pode sentir normalmente: Os médicos perguntam se a pessoa tem sensações anormais, como uma sensação de formigamento ou dormência. Sensações anormais sugerem lesão de nervo.

Havendo quaisquer dessas lesões ou complicações, os médicos as tratam conforme necessário, depois prosseguem na avaliação.

Descrição da lesão

Os médicos pedem à pessoa (ou uma testemunha) para descrever o que aconteceu. Muitas vezes, a pessoa não se recorda como aconteceu a lesão ou não consegue descrevê-la com exatidão. Saber como a lesão ocorreu pode ajudar os médicos a determinar o tipo de lesão. Por exemplo, se uma pessoa relatar que houve um estalo ou estouro, a causa pode ser uma fratura (ou uma lesão a um ligamento ou tendão). Além disso, os médicos perguntam em que direção a articulação foi tensionada durante a lesão. Essas informações podem ajudar os médicos a determinar quais ossos e outras estruturas estão danificados.

Os médicos também perguntam quando a dor começou e a sua intensidade:

  • Se ela tiver começado imediatamente após a lesão, a causa pode ser uma fratura ou entorse grave.

  • Se a dor tiver começado horas ou dias depois, a lesão é geralmente menos grave.

  • Se a dor for mais intensa do que o esperado para a lesão ou se a dor piorar continuamente durante as primeiras horas depois da lesão, pode ter havido desenvolvimento de síndrome compartimental ou interrupção do fluxo sanguíneo.

Exame físico

O exame físico inclui os seguintes (em ordem de prioridade):

  • Verificar se há danos nos vasos sanguíneos próximos à parte do corpo lesionada, por exemplo, verificando o pulso e a temperatura e cor da pele

  • Verificar se há danos nos nervos (por exemplo, verificando a sensação) próximos à parte lesionada

  • Examinar e mover a parte lesionada

  • Examinar as articulações acima e abaixo da parte lesionada

Os médicos apalpam delicadamente a parte lesionada para determinar se os ossos estão fragmentados ou fora de lugar e se a área está sensível. Os médicos também verificam se há inchaço e manchas roxas. Se não houver desenvolvimento de inchaço dentro de várias horas após a lesão, é improvável que haja uma fratura.

Os médicos perguntam se a pessoa consegue usar, exercer peso sobre a parte lesionada e movimentá-la.

Os médicos testam a estabilidade de uma articulação movendo-a delicadamente, mas se uma fratura for possível, primeiramente se tiram radiografias para determinar se é seguro mover a articulação. Os médicos verificam se há rangidos ou sons crepitantes (crepitação) ao mover a parte lesionada. Esses sons podem indicar uma fratura.

Os médicos também examinam as articulações acima e abaixo da articulação lesionada e verificam quanto a lesões de ligamentos, tendões e músculos.

Se a dor ou os espasmos musculares interferirem no exame, a pessoa pode receber um analgésico e/ou relaxante muscular por via oral ou injeção, ou um anestésico local pode ser injetado na área lesionada. Ou a parte lesionada pode ser imobilizada até que os espasmos parem, geralmente por poucos dias, e depois examinada.

Exames

Exames de imagem usados para diagnosticar fraturas incluem

  • Radiografias

  • Ressonância magnética (RM)

  • Tomografia computadorizada (TC)

Radiografias são o exame mais importante e geralmente o primeiro e único exame realizado para diagnosticar uma fratura.

Entretanto, as radiografias nem sempre são necessárias, dependendo de qual parte do corpo for afetada e de qual for a suspeita dos médicos. Por exemplo, se uma parte lesionada do corpo (como os dedos dos pés, exceto o dedão) tiver que ser tratada da mesma forma, independentemente de estar ou não fraturada, as radiografias geralmente não são necessárias.

Geralmente são tiradas radiografias de pelo menos dois ângulos para mostrar o alinhamento dos fragmentos ósseos. Essas radiografias rotineiras podem não mostrar fraturas pequenas quando os pedaços de osso quebrado permanecem no lugar (ou seja, eles não se separam em fragmentos). Essas fraturas são chamadas fraturas ocultas (escondidas). Assim, às vezes são tiradas mais radiografias de ângulos diferentes. Ocasionalmente, os médicos aguardam alguns dias ou até mesmo semanas para tirar radiografias, pois algumas fraturas ocultas (como fraturas de costelas, fraturas por estresse e fraturas do escafoide do pulso) ficam visíveis nas radiografias somente depois que a fratura começa a sarar e o cálcio é depositado no novo osso.

Quando as radiografias não mostram uma fratura, mas os médicos suspeitam de uma, eles podem colocar uma tala e reexaminar a pessoa alguns dias depois. Se os sintomas ainda incomodarem, eles podem fazer outra radiografia. As fraturas podem ser vistas mais facilmente em radiografias depois que começaram a se consolidar há algum tempo.

Se as radiografias mostrarem uma fratura em um osso que parece anormal (por exemplo, se as áreas do osso parecerem incomumente finas), a fratura provavelmente ocorreu porque uma doença (como osteoporose) enfraqueceu o osso.

É possível fazer TC ou RM quando

  • Os resultados do exame sugerirem fortemente uma fratura, mas as radiografias não indicarem nenhuma.

  • Um especialista precisar de visões mais detalhadas da fratura para determinar a melhor forma de tratá-la.

Também pode ser feita uma TC e RM para proporcionar mais detalhes sobre fraturas do que os mostrados nas radiografias de rotina. A TC pode revelar pequenos pormenores da superfície de uma articulação fraturada e áreas de uma fratura cobertas por um osso não danificado. A TC e, particularmente, a RM podem mostrar tecidos moles, os quais não costumam ser visíveis nas radiografias. A RM mostra os tecidos ao redor do osso e, assim, ajuda a detectar lesões nos tendões, ligamentos, cartilagem e músculos próximos. Ela pode mostrar alterações causadas por câncer. A RM também revela lesões (inchaço ou manchas roxas) dentro do osso, podendo detectar pequenas fraturas antes que elas apareçam nas radiografias.

Outros exames podem ser feitos para ver se há lesões relacionadas:

  • Angiografia (radiografias ou TC realizadas após injeção de um meio de contraste nas artérias, que pode ser visto na radiografia) para verificar se há danos em vasos sanguíneos

  • Estudos de condução nervosa para verificar se há nervos danificados

Tipos de fraturas

Os exames de diagnóstico por imagem permitem aos médicos identificar o tipo de fratura e descrevê-la com exatidão.

Tabela

Alguns tipos de fraturas

Tratamento de fraturas

  • Tratamento das complicações sérias

  • Alívio da dor

  • Proteção, repouso, gelo, compressão e elevação (PRICE)

  • Realinhamento (redução) de partes que estão fora do lugar

  • Imobilização, geralmente com tala ou gesso

  • Às vezes, cirurgia

Fraturas graves e graves lesões e complicações relacionadas, se presentes, são tratadas imediatamente (por exemplo, choque ou síndrome compartimental). Sem tratamento imediato, essas lesões podem piorar, tornando-se mais dolorosas e tornando a perda de função mais provável. Essas lesões podem causar problemas sérios ou mesmo a morte.

Se as pessoas acharem que têm uma fratura ou outra lesão grave, elas devem ir ou ser levadas ao pronto-socorro. Se elas não conseguirem caminhar ou tiverem várias lesões, elas devem ir de ambulância. Até que consigam obter ajuda médica, elas devem fazer o seguinte:

  • Impedir a movimentação do membro lesionado (imobilizá-lo) e apoiá-lo com uma tala improvisada, tipoia ou almofada.

  • Elevar o membro, se possível acima nível do coração, para limitar o inchaço

  • Aplicar gelo (envolvido em uma toalha ou pano) para controlar a dor e o inchaço

Tratamento de crianças

As fraturas nas crianças são muitas vezes tratadas de forma diferente das fraturas de adultos, já que os ossos das crianças são menores, mais flexíveis, menos frágeis e ainda estão crescendo. As fraturas nas crianças saram muito mais depressa e de modo mais correto que as fraturas nos adultos. Vários anos após a maioria das fraturas nas crianças, o osso pode parecer praticamente normal em uma radiografia.

Para crianças, os médicos muitas vezes preferem tratamento com gesso em vez de cirurgia porque

  • As crianças apresentam menos rigidez depois de usar gesso do que os adultos.

  • É mais provável que elas consigam se movimentar normalmente depois de ficar em um gesso.

  • A cirurgia próxima a uma articulação pode danificar a parte do osso que permite às crianças crescer (a placa de crescimento).

Tratamento de lesões sérias

No pronto-socorro, os médicos verificam se há lesões que exijam tratamento imediato.

Se a pele está lacerada, a ferida deve ser limpa, geralmente depois que um anestésico local é usado para insensibilizar a área, e coberta com curativo estéril. Além disso, a pessoa ferida recebe uma vacina para prevenir o tétano e antibióticos para prevenir uma infecção.

Para garantir que a parte lesionada não fique privada de sangue, os médicos reparam cirurgicamente as artérias danificadas, a menos que elas sejam pequenas e o fluxo sanguíneo não esteja afetado.

Nervos rompidos também são reparados cirurgicamente, mas esta cirurgia pode ser adiada por até vários dias após a lesão, se necessário. Se os nervos forem machucados ou danificados, eles podem sarar por si só.

Alívio da dor

A dor é tratada assim que possível, tipicamente com analgésicos opioides e/ou acetaminofeno ou um anestésico injetado nos nervos na área (chamado de bloqueio nervoso). Um bloqueio nervoso impede que os nervos enviem sinais de dor ao cérebro.

Às vezes, aspirina e outros medicamentos anti‑inflamatórios não esteroides (AINEs) não são recomendados devido ao risco de sangramento. No entanto, não havendo cirurgia planejada, AINEs podem ser usados.

PRICE

PRICE refere-se à combinação de

  • Proteção

  • Repouso

  • Gelo

  • Compressão (pressão)

  • Elevação

Se a pessoa com a fratura também tem lesões de tecidos moles, elas podem se beneficiar do PRICE. PRICE é usado para tratar músculos, ligamentos e tendões lesionados.

A proteção ajuda a prevenir mais lesões que poderiam piorar a original. Pode envolver limitar o uso da parte lesionada, evitar colocar peso sobre a parte lesionada, usar muletas e/ou usar gesso ou tala.

O repouso previne mais lesões e pode acelerar a cura.

Gelo e compressão minimizam o inchaço e a dor. O gelo é colocado em um saco plástico, toalha ou pano e aplicado por 15 a 20 minutos por vez, sempre que possível durante as primeiras 24 a 48 horas. Em geral, a compressão é aplicada à lesão com uma bandagem elástica.

Elevar o membro lesionado ajuda a drenar os líquidos para fora da lesão e, desta forma, reduz o inchaço. O membro lesionado é elevado acima do nível do coração durante os primeiros dois dias.

Depois de 48 horas, as pessoas podem aplicar calor periodicamente (por exemplo, com uma compressa quente) por 15 a 20 minutos por vez. O calor pode aliviar a dor. No entanto, não está claro se calor ou gelo é o melhor e o que funciona melhor pode variar de uma pessoa para outra.

Redução

Muitas vezes, ossos fraturados precisam ser recolocados em sua posição normal (realinhados ou reduzidos). Por exemplo, a redução costuma ser necessária se

  • Os fragmentos de um osso fraturado tiverem se separado.

  • Os fragmentos de um osso fraturado estiverem fora de alinhamento.

Certas fraturas em crianças não precisam ser realinhadas porque o osso, que ainda está crescendo, pode corrigir-se.

Se possível, a redução é feita sem cirurgia (chamada redução fechada), manipulando-se os ossos ou fragmentos de volta ao lugar. Depois de realizada a redução, os médicos geralmente tiram radiografias para determinar se os ossos fraturados estão em sua posição normal.

Algumas lesões precisam ser realinhadas cirurgicamente (chamado redução aberta).

Como a redução costuma ser dolorosa, as pessoas geralmente recebem analgésicos, sedativos e/ou um anestésico antes do procedimento. Os tipos de medicamentos usados dependem da gravidade da lesão e de como a redução deverá ser feita:

  • Redução fechada de fraturas menos graves (como as dos dedos das mãos ou dos pés): um anestésico local, como lidocaína, aplicado próximo à parte lesionada, pode ser suficiente.

  • Redução fechada de fraturas mais graves (como as do braço, ombro ou da parte inferior da perna): as pessoas podem receber um sedativo e analgésicos pela veia. Os sedativos as deixam sonolentas, mas não inconscientes. Elas também podem receber um anestésico local por injeção. Por exemplo, se as pessoas tiverem uma luxação do ombro, a lidocaína poderá ser injetada na articulação do ombro.

  • Redução aberta: as pessoas recebem anestesia geral por injeção ou por uma máscara facial, deixando-as inconscientes. Esse procedimento é geralmente feito em uma sala de cirurgia.

Imobilização

Depois de ser realinhada, a lesão precisa ser impedida de mover-se (ser imobilizada).

Costuma-se usar gesso, talas ou tipoias depois da redução fechada de uma fratura.

Muitas vezes são usadas ferragens, como pinos, parafusos, hastes e placas durante a redução aberta de uma fratura. Este procedimento é chamado redução aberta com fixação interna (ORIF).

A imobilização reduz a dor e ajuda na consolidação prevenindo lesão adicional em tecidos circundantes. Se um osso da perna ou do braço for fraturado, a imobilização pode ajudar a prevenir embolia gordurosa. A imobilização é útil na maioria das fraturas moderadas ou graves. As articulações em ambos os lados da fratura são imobilizadas.

Se a imobilização for mantida por muito tempo (por exemplo, por mais do que algumas semanas em adultos jovens), a articulação pode ficar rígida, às vezes permanentemente, e os músculos podem encurtar-se (causando contraturas) ou encolher (desgastar-se, ou atrofiar). Podem surgir coágulos de sangue. Esses problemas podem se desenvolver rapidamente, e as contraturas podem ser permanentes, geralmente em pessoas idosas. Consequentemente, os médicos incentivam a movimentação assim que a fratura sarar. Eles também tendem a usar tratamentos que permitam às pessoas idosas caminharem assim que possível (como reparo cirúrgico de uma fratura do quadril), em vez das que exijam sua imobilização por um longo período (como repouso na cama ou gesso).

Fisioterapeutas podem aconselhar as pessoas sobre o que elas podem fazer enquanto a parte lesionada está imobilizada, para manter a força, amplitude de movimento e função o máximo possível. Após o fim da imobilização, os fisioterapeutas podem ajudar as pessoas com exercícios para fortalecer e estabilizar a região que estava lesionada. Esses exercícios podem ajudar a prevenir futuras lesões e danos.

A necessidade de imobilização e a técnica que será usada dependem do tipo de fratura.

A maioria das fraturas é imobilizada com gesso, tala ou tipoia até a sua consolidação. Sem imobilização, é mais provável que as extremidades fraturadas se movam, a consolidação é mais lenta, e os ossos podem não voltar a juntar-se. Se os ossos fraturados tiverem sido separados ou desalinhados, eles geralmente precisam ser realinhados (reduzidos) antes de serem imobilizados.

Geralmente se usa gesso em lesões que precisam ser mantidas imobilizadas por semanas.

Para aplicar gesso, os médicos envolvem a parte lesionada em um pano, depois aplicam uma camada de material de algodão macio para proteger a pele contra pressão e fricção. Sobre esse enchimento, os médicos aplicam bandagens de algodão preenchidas com gesso umedecido ou tiras de fibra de vidro que endurecem ao secar. Frequentemente utiliza-se gesso comum para imobilizar ossos fraturados que foram separados porque ele molda bem e tem menos probabilidade de atritar-se contra o corpo. Gessos de fibra de vidro são mais fortes, mais leves e mais duráveis. Depois de uma semana mais ou menos, o inchaço cede. Aí o gesso comum pode, às vezes, ser substituído por gesso de fibra de vidro para encaixe mais confortável do membro.

As pessoas que necessitam de gesso recebem instruções especiais para seus cuidados. Se não houver cuidados certos com o gesso, podem surgir problemas. Por exemplo, se o gesso ficar úmido, o enchimento de proteção debaixo dele poderá ficar úmido e pode ser impossível secá-lo completamente. Consequentemente, a pele pode amolecer e romper-se e podem se formar feridas. Além disso, se o gesso comum ficar úmido, ele pode se desfazer e deixar de proteger e imobilizar a área lesionada.

As pessoas são instruídas a manter o gesso o mais elevado possível, ao nível do coração ou acima dele, principalmente nas primeiras 24 a 48 horas. Elas também devem flexionar e estender seus dedos regularmente ou mexer seus dedos. Essas estratégias ajudam a drenar o sangue do membro lesionado e, assim, prevenir inchaço.

Se o gesso causa dor persistente ou agravada, se parece excessivamente apertado ou se causa nova dormência ou fraqueza, a pessoa precisa falar com um médico ou ir ao pronto-socorro imediatamente. Esses sintomas podem ser devidos ao desenvolvimento de uma úlcera de decúbito ou síndrome compartimental. Nesses casos, os médicos podem ter que retirar o gesso e aplicar outro.

Pode-se usar uma tala para imobilizar algumas fraturas, principalmente se elas tiverem que ser mantidas imóveis por apenas alguns dias ou menos. As talas permitem a aplicação de gelo.

A tala é uma haste comprida e estreita de gesso comum, fibra de vidro ou alumínio aplicada com bandas elásticas ou uma cinta. Como a tala não circunda completamente o membro, há espaço para alguma expansão, caso a área lesionada inche. Assim, uma tala não aumenta o risco de desenvolver uma síndrome compartimental. Algumas lesões que acabam por exigir gesso são primeiramente imobilizadas com uma tala até que a maior parte do inchaço ceda.

Nas fraturas de um dedo são muito utilizadas as talas de alumínio revestidas de esponja.

Uma tipoia pode, por si só, proporcionar apoio e conforto suficientes para muitas fraturas do ombro e do cotovelo. O peso do braço voltado para baixo ajuda a manter muitas fraturas do ombro alinhadas. As tipoias podem ser úteis quando a imobilização completa tem efeitos indesejáveis. Por exemplo, se um ombro for completamente imobilizado, os tecidos ao redor da articulação podem ficar rígidos, às vezes em dias, impedindo que o ombro se mova (chamado ombro congelado). As tipoias restringem o movimento do ombro e do cotovelo, mas permitem o movimento da mão.

Uma bandagem, que é um pedaço de pano ou tira, pode ser usada com a tipoia para impedir que o braço balance para fora, sobretudo à noite. A bandagem é colocada ao redor das costas e sobre a parte lesionada.

Repouso no leito, que ocasionalmente é necessário para fraturas (como algumas fraturas da coluna ou da pélvis), pode causar problemas, incluindo coágulos de sangue e uma diminuição na forma física geral (descondicionamento). Assim, repouso na cama não é comumente recomendado.

Você sabia que...

  • Se o gesso causa dor persistente ou agravada, se parece excessivamente apertado ou se causa nova dormência ou fraqueza, a pessoa deve falar com um médico ou ir ao pronto-socorro imediatamente.

Como cuidar de um molde de gesso

  • Durante o banho, envolver o molde de gesso em um saco plástico e vedar a extremidade com muito cuidado com elásticos ou fita adesiva ou usar uma proteção à prova de água destinada a recobrir o gesso. Essas coberturas estão comercialmente disponíveis, são convenientes para usar e mais confiáveis. Se o gesso ficar úmido, o estofamento debaixo dele pode reter a umidade. Parte desta umidade pode ser eliminada com um secador de cabelo. Do contrário, deve-se trocar o gesso para evitar ferimentos na pele.

  • Nunca se deve colocar um objeto dentro do gesso (por exemplo, para coçar a pele).

  • Verificar a pele ao redor do gesso diariamente e relatar qualquer área vermelha ou machucada a um médico.

  • Verificar as bordas do gesso todos os dias e, se elas estiverem ásperas, colocar fita adesiva macia, tecidos, panos ou outro material macio para acolchoá-las e impedir que lesionem a pele.

  • Durante o repouso, é necessário colocar o gesso cuidadosamente sobre um travesseiro ou uma almofada pequena para evitar que a extremidade do gesso aperte ou afunde a pele.

  • Elevar o gesso regularmente, conforme as instruções do médico, para controlar o inchaço.

  • Se o gesso causar dor persistente ou parecer excessivamente apertado, entrar imediatamente em contato com um médico. Esses sintomas podem resultar de úlceras de decúbito ou inchaço, o que pode exigir a retirada imediata do gesso.

  • Entre em contato com um médico se o gesso liberar odor ou se houver febre. Esses sintomas podem indicar uma infecção.

  • Entre em contato com um médico se o gesso causar aumento progressivo da dor ou nova dormência ou fraqueza. Esses sintomas podem indicar síndrome compartimental.

Técnicas frequentemente utilizadas para imobilizar uma articulação

Cirurgia

Algumas fraturas precisam ser reduzidas e reparadas cirurgicamente, como nos casos a seguir:

  • Fraturas expostas: como a pele foi rompida, pode haver penetração de bactérias e resíduos no corpo. Os médicos precisam limpar cuidadosamente a área ao redor da fratura para retirar todos os traços de resíduos. Proceder desta forma reduz o risco de infecção.

  • Fraturas deslocadas que não podem ser alinhadas ou mantidas em alinhamento por redução fechada: Quando um fragmento de osso tiver se desviado ou um tendão estiver obstruindo a passagem, os médicos podem não conseguir realinhar ossos fraturados ao manipulá-los por fora (redução fechada). Ou a fratura pode ser realinhada usando redução fechada, mas os músculos estão puxando os fragmentos de ossos e impedindo que fiquem no lugar.

  • Fraturas da superfície articular: essas fraturas se estendem para uma articulação, fraturando a cartilagem nas extremidades dos ossos na articulação. Para impedir as pessoas de desenvolverem artrite mais tarde, os médicos precisam fazer um realinhamento quase perfeito da cartilagem fraturada. O realinhamento pode ser mais preciso quando for realizado cirurgicamente.

  • Fraturas patológicas em um osso enfraquecido por câncer: o osso enfraquecido por câncer pode não se consolidar normalmente depois de uma fratura. Pode ser necessário cirurgia para impedir que os fragmentos de osso se desloquem. Além disso, estabilizar a articulação cirurgicamente reduz a dor e possibilita às pessoas voltarem a usar a articulação mais rapidamente.

  • Fraturas que reconhecidamente precisam de cirurgia: Sabe-se que certas fraturas (como as de quadril e do osso da coxa) consolidam-se mais rapidamente e apresentam melhor resultado quando são reparadas cirurgicamente.

  • Fraturas que, do contrário, exigiriam um longo período de imobilização ou repouso na cama: a cirurgia abrevia o tempo que as pessoas precisam permanecer na cama. Por exemplo, a cirurgia possibilita às pessoas que tiveram uma fratura do quadril saírem da cama e começarem a andar logo depois da operação, muitas vezes já no primeiro dia depois da cirurgia (com ajuda de um andador).

  • Fraturas complicadas: a cirurgia pode ser necessária para tratar certas lesões que ocorrem com uma fratura, como danos nas artérias ou rupturas dos nervos.

Na redução aberta com fixação interna (ORIF), faz-se a cirurgia para restaurar a forma e o alinhamento originais do osso. São usadas radiografias para ajudar os cirurgiões a verificar como alinhar os ossos. Depois de realizar uma incisão para expor a fratura, o cirurgião usa instrumentos especiais para alinhar os fragmentos ósseos. Depois os fragmentos são fixados no lugar usando uma combinação de fios metálicos, pinos, parafusos, hastes e placas. Por exemplo, as placas metálicas podem ser moldadas conforme necessário e fixadas ao exterior do osso com parafusos. Barras metálicas podem ser inseridas a partir de uma extremidade do osso para o interior do osso (medula). Essas ferragens são fabricadas em aço inoxidável, em liga metálica de alta resistência ou em titânio. Os dispositivos que foram fabricados nos últimos quinze a vinte anos não interferem nos ímãs fortes usados na ressonância magnética (RM). A maioria não aciona dispositivos de segurança dos aeroportos. Alguns desses dispositivos são deixados no lugar permanentemente, e alguns são retirados depois que a fratura estiver consolidada.

Pode ser necessário um procedimento de substituição de articulação (artroplastia), geralmente quando as fraturas danificam gravemente a extremidade superior do osso da coxa (fêmur), que faz parte da articulação da coxa, ou o osso do braço (úmero), que faz parte da articulação do ombro.

No enxerto ósseo, os médicos utilizam lascas de ossos retiradas de outra parte do corpo (como a pélvis). Este procedimento pode ser realizado imediatamente se o espaço entre os pedaços de ossos for grande demais. Ele pode ser feito mais tarde se o processo de consolidação estiver lento (união retardada) ou tiver parado (não união).

Reabilitação e prognóstico para fraturas

A maioria das lesões sara bem e gera poucos problemas. Entretanto, algumas não saram completamente mesmo que forem diagnosticadas e tratadas adequadamente.

O tempo que uma fratura demora para sarar varia de semanas a meses dependendo do/da:

  • Tipo de fratura

  • Localização da fratura

  • A idade da pessoa

  • Presença de distúrbios que podem retardar a consolidação

Por exemplo, crianças saram muito mais depressa do que adultos e alguns distúrbios (incluindo os que causam problemas com a circulação, como diabetes e vasculopatia periférica) retardam a cura.

Geralmente, as pessoas sentem algum desconforto durante as atividades, mesmo depois que a fratura tiver se consolidado o suficiente para permitir que coloquem seu peso todo sobre a parte lesionada. Por exemplo, depois de uns dois meses, um pulso fraturado pode estar forte o suficiente para ser usado. No entanto, o osso ainda está sendo reconstruído (remodelado). Assim, fazer força com o pulso pode ser doloroso por até um ano. Algumas pessoas também percebem que a parte lesionada fica mais dolorida e rígida quando está frio.

Ficar imobilizado enrijece as articulações, e os músculos enfraquecem e encolhem porque não são usados. Se um membro for imobilizado em gesso, a articulação afetada fica mais rígida a cada semana, e as pessoas acabam não conseguindo estender e flexionar o membro totalmente. Esses problemas podem se desenvolver rapidamente e se tornar permanentes, geralmente em pessoas idosas. Depois de usar um gesso longo na perna (parte superior da coxa até dedos do pé) por algumas semanas, os músculos geralmente encolhem tanto que as pessoas conseguem enfiar a mão no espaço, antes estreito, entre o gesso e a coxa. Quando o gesso é retirado, os músculos estão muito fracos e parecem nitidamente menores.

Para prevenir ou minimizar a rigidez e ajudar as pessoas a manterem a força muscular, os médicos podem recomendar cirurgia (redução aberta e fixação interna [ORIF]), pois, depois dela, as pessoas conseguem mover a parte lesionada relativamente rápido. Os médicos também podem recomendar exercícios diários, incluindo exercícios de amplitude de movimento e de fortalecimento muscular. Enquanto a fratura estiver se consolidando, as pessoas podem exercitar o restante do corpo.

Depois que a fratura tiver se consolidado o suficiente, o gesso pode ser retirado e as pessoas podem começar a exercitar o membro lesionado. Ao realizar exercícios, elas devem prestar atenção às sensações que derivam do membro lesionado e evitar realizar exercícios fortes demais. Se os músculos estiverem fracos demais para que as pessoas os exercitem, ou se esses exercícios puderem voltar a separar um osso fraturado, um terapeuta realiza a movimentação dos membros (chamado exercício passivo – consulte a figura Aumentando a amplitude de movimento do ombro). Contudo, basicamente, para reconquistar a força total de um membro lesionado, as pessoas precisam mover seus próprios músculos (chamado exercício ativo).

Destaque para Idosos: lesões em músculos, ossos e outros tecidos

Pessoas com mais de 65 anos de idade têm mais probabilidade de fraturar ossos, pelas seguintes razões:

  • Elas podem ter osteoporose, tornando as fraturas mais prováveis.

  • Algumas alterações normais relacionadas à idade no equilíbrio, visão, sensação (principalmente nos pés), força muscular e controle da pressão arterial tornam as pessoas idosas mais propensas a cair. Em pessoas idosas, a pressão arterial tende a cair excessivamente quando elas se sentam ou levantam, causando tontura ou sensação de desmaio iminente.

  • Elas são menos capazes de se proteger durante quedas.

  • Elas estão mais sujeitas a ter efeitos colaterais de medicamentos (como sonolência, perda de equilíbrio e tontura) que podem tornar as quedas mais prováveis.

Em pessoas idosas, as fraturas muitas vezes afetam as extremidades dos ossos longos, como os do antebraço, braço, parte inferior da perna e coxa. Fraturas da pélvis, coluna (vértebras) e pulso também são comuns entre pessoas idosas.

Em pessoas idosas, a recuperação é frequentemente mais complicada e lenta do que em pessoas mais jovens porque

  • Pessoas idosas geralmente saram mais lentamente do que pessoas mais jovens.

  • Pessoas idosas normalmente têm menos força geral, menos flexibilidade e menos equilíbrio do que pessoas mais jovens. Assim, é mais difícil compensar as limitações causadas por uma fratura e mais difícil retomar as atividades diárias.

  • Quando pessoas idosas ficam inativas ou são imobilizadas (por gesso, talas ou repouso na cama), elas perdem tecido muscular mais rapidamente que adultos mais jovens. Assim, a imobilização pode resultar em fraqueza muscular. Às vezes, os músculos ficam permanentemente menores e há formação de tecido cicatricial nos tecidos ao redor da articulação, como ligamentos e tendões. Este quadro (chamado contraturas da articulação) restringe o movimento da articulação.

  • Pessoas mais idosas estão mais sujeitas a ter outros distúrbios (como artrite ou má circulação) que pode interferir na recuperação ou retardar a cicatrização.

Mesmo fraturas menos graves podem interferir consideravelmente na capacidade de pessoas idosas de realizarem suas atividades diárias normais, tais como comer, vestir-se, tomar banho e até mesmo caminhar, principalmente se elas utilizavam um andador antes de sofrer a fratura.

Imobilização: ficar imobilizado é um problema especial em pessoas idosas.

Em pessoas idosas, a imobilização tem mais probabilidade de causar

Úlceras de decúbito se desenvolvem quando o fluxo de sangue para uma área é interrompido ou consideravelmente reduzido. Em pessoas idosas, o fluxo de sangue para um membro já pode estar reduzido. Quando o peso de um membro lesionado repousa em gesso, o fluxo sanguíneo fica ainda mais reduzido e podem se formar úlceras de decúbito. Se for necessário repouso na cama, podem surgir úlceras de decúbito em áreas de pele que ficam em contato com a cama. Essas áreas devem ser cuidadosamente inspecionadas para verificar se há qualquer sinal de que a pele está sofrendo laceração.

Como a imobilização tem mais probabilidade de causar problemas em pessoas idosas, o tratamento de fraturas está focado em ajudar essas pessoas a retomarem as atividades diárias o quanto antes em vez de assegurar que o osso fraturado esteja perfeitamente alinhado.

Para reduzir o tempo em que as pessoas ficam imobilizadas e ajudá-las a retomar as atividades diárias mais cedo, cada vez mais os médicos estão usando cirurgia para reparar ou substituir um quadril fraturado. As pessoas são instruídas a se movimentar e a andar (geralmente com auxílio de um andador), muitas vezes já no primeiro dia depois da cirurgia. Também se inicia a fisioterapia (por exemplo, após fratura do quadril). Quando as fraturas do quadril não são tratadas cirurgicamente, são necessários meses de imobilização na cama antes que as pessoas estejam suficientemente fortes para suportar peso.

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