Viagens ao exterior

PorChristopher Sanford, MD, MPH, DTM&H, University of Washington
Revisado/Corrigido: set. 2024
Visão Educação para o paciente

O planejamento adequado reduz os riscos associados a viagens, incluindo viagens para o exterior. Antes de viajar, os pacientes e seus profissionais de saúde devem revisar os itinerários planejados e a história de saúde relevante, vacinas necessárias, medidas profiláticas contra infecções como malária, e conselhos sobre medidas de proteção pessoal, incluindo aquelas relacionadas a ameaças não infecciosas, como acidentes automobilísticos. Para viajantes idosos, as causas mais comuns de morte são infarto do miocárdio e acidente vascular encefálico; para outros viajantes, a causa mais comum de morte são acidentes automobilísticos.

Cerca de 1 indivíduo em cada 30 que viajam ao exterior necessita de cuidados de emergência. As doenças em países estrangeiros podem envolver dificuldades significativas. Vários planos de saúde nos Estados Unidos, incluindo o Medicare, não são válidos em outros países; em geral, os hospitais no exterior exigem um depósito em dinheiro substancial para não residentes, independentemente do plano de saúde. Os planos de seguro-saúde de viagem, incluindo alguns que providenciam a remoção de emergência, estão disponíveis em agências de viagens e em algumas das principais companhias de cartões de crédito.

Listas de médicos que falam inglês em países estrangeiros estão disponíveis nos consulados norte-americanos, que podem auxiliar a obter cuidados médicos de emergência e informações sobre os riscos de viagens ao exterior (ver tabela Contato útil para pessoas viajando no exterior). Pacientes com doenças graves devem considerar o contato pré-viagem ou arranjo com uma organização que ofereça evacuação supervisionada por médicos em países estrangeiros.

Certas infecções são comuns quando se viaja para determinadas áreas. Deve-se adaptar as imunizações aos destinos planejados, e deve-se aconselhar em relação a medidas específicas para prevenir infecções endêmicas e episódicas (ver CDC: Yellow Book). Levar medicações para tratar infecções comuns (p. ex., infecção do trato respiratório superior, diarreia do viajante) pode ser útil.

Tabela
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Vacinações

Viajantes devem atualizar todas as imunizações de rotina, incluindo covid-19. Alguns países exigem vacinas específicas (ver tabela Vacinas para viagens internacionais). O site Centers for Disease Control and Prevention (CDC) fornece informações gerais sobre viagens e imunizações atualizadas e requisitos para quimioprofilaxia contra malária (também disponível na linha direta do CDC para malária: 855-856-4713).

Tabela
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Covid-19

Os pacientes devem ser aconselhados a consultar o site da agência de saúde de seu país (p. ex., CDC nos Estados Unidos), bem como as agências de saúde dos países de destino para possíveis necessidades de saúde relacionadas a covid-19.

Dengue

A febre da dengue é uma infecção viral transmitida por mosquito endêmica nas regiões tropicais do mundo em latitudes de cerca de 35° norte a 35° sul. Os casos globais de dengue estão aumentando. Epidemias são muito prevalentes no Sudeste Asiático, mas também ocorrem no Caribe, incluindo Porto Rico e Ilhas Virgens Americanas, na Oceania e no subcontinente indiano; mais recentemente, a incidência de dengue aumentou nas Américas Central e do Sul.

Nos Estados Unidos, a vacina contra dengue CYD-TDV foi aprovada para uso em crianças e adolescentes de 9 a 16 anos de idade que têm infecção prévia pelo vírus da dengue confirmada em laboratório e que vivem em uma região onde a dengue é endêmica, mas não é recomendada nem está disponível para viajantes. (Ver CDC: Dengue Vaccine Recommendations para informações sobre a descontinuação dessa vacina pelo fabricante.) A FDA está avaliando outra vacina candidata à dengue (TAK-003) para a prevenção da doença viral causada por qualquer sorotipo. O TAK-003 está aprovado para uso na Indonésia, na União Europeia e no Reino Unido.

Pessoas que viajam para áreas endêmicas devem tentar se proteger contra picadas de mosquito. Medidas eficazes de proteção pessoal são aplicar DEET ou picaridina à pele exposta, aplicar permetrina às roupas e dormir sob um mosquiteiro tratado com permetrina se os quartos de dormir não têm ar-condicionado (ver CDC: Prevent Mosquito Bites). Essas medidas também oferecem proteção contra outras doenças transmitidas por insetos, incluindo zica e chicungunha.

Influenza

Influenza é comum em viajantes internacionais; portanto, indica-se a vacinação anual contra influenza a todos os viajantes.

Malária

A malária é endêmica em grande parte da África, Ásia, América Latina e outras em regiões. Os CDC fornecem informações sobre países específicos onde ocorre transmissão da malária (ver Yellow Fever and Malaria Information, by Country), os tipos de malária e os padrões de resistência.

Viajantes para regiões endêmicas devem adotar medidas preventivas contra a malária, incluindo a quimioprofilaxia. Embora se recomende a vacina contra malária RTS, S/AS01 (RTS,S) para crianças que vivem em regiões com níveis de transmissão moderados a altos da malária por Plasmodium falciparum, essa vacina não é recomendada para aqueles que viajam para essas regiões.

Esquistossomose

A esquistossomose é comum e é causada pela exposição à água doce contaminada na África, Sudeste Asiático, China e região leste da América do Sul. Pode-se reduzir o risco de esquistossomose evitando atividades em água doce nas regiões onde a esquistossomose é comum. Deve-se monitorar os viajantes assintomáticos com exposição à água doce em regiões endêmicas por meio de testes sorológicos para anticorpos contra o verme adulto em 6 a 8 semanas após a exposição mais recente. Alternativamente, os viajantes podem optar por tratar presumivelmente uma potencial exposição com praziquantel, 6 a 8 semanas após a potencial exposição mais recente: 20 mg/kg por via oral, 2 vezes/dia, durante um dia (Schistosoma mansoni, S. haematobium, S. intercalatum) ou 20 mg/kg, 3 vezes por dia, durante um dia (S. japonicum, S. mekongi).

Diarreia do viajante

Diarreia do viajante (DV) é o problema de saúde mais comum entre viajantes internacionais. Apesar de a DV ser geralmente uma doença autolimitada, resolvendo-se tipicamente em 5 dias, 3 a 10% dos viajantes com DV podem apresentar sintomas que durem > 2 semanas e até 3% dos viajantes têm DV com duração > 30 dias. DV com < 1 semana não necessita de avaliação. Para a DV persistente, realizam-se testes laboratoriais.

Indica-se iniciar o próprio tratamento em caso de sintomas moderados a graves, especialmente se houver vômitos, febre, cólicas abdominais ou sangue nas fezes. O tratamento da diarreia do viajante é feito com um antibiótico adequado (p. ex., azitromicina 500 mg ou 1 g em dose única, ou 500 mg uma vez ao dia por 1 a 3 dias). Medidas adicionais incluem loperamida (exceto em pacientes com febre, fezes com sangue ou dor abdominal e em crianças com < 2 anos) e reposição de líquidos; em idosos e crianças pequenas, eletrólitos (solução de reidratação oral).

Medidas que podem reduzir o risco de DV incluem

  • Beber e escovar os dentes com água engarrafada, filtrada, fervida ou clorada

  • Evitar gelo

  • Ingerir alimentos preparados frescos apenas quando tratados por vapor

  • Comer apenas frutas e vegetais que possam ser descascados ou com casca

  • Evitar alimentos de vendedores ambulantes

  • Lavar as mãos frequentemente

  • Evitar todos os alimentos que possam ter sido expostos a moscas

Antibióticos profiláticos são eficazes para prevenção da diarreia; mas por causa de preocupações sobre os efeitos adversos e o desenvolvimento de resistência, deve-se reservá-los para os pacientes imunodeprimidos. Uma das opções é rifaximina, 200 mg ou duas vezes ao dia.

Lesões e mortes

Acidentes de trânsito são as causas não naturais mais frequentes de morte de viajantes internacionais. Viajantes devem sempre utilizar cintos de segurança em veículos e capacete ao andar de bicicleta. Os viajantes devem evitar motocicletas e ônibus abertos ou caçambas de caminhões abertas.

Afogamento é outra causa comum de morte no exterior. Os viajantes devem evitar as praias com ondas turbulentas e evitar nadar após ingestão de bebidas alcoólicas.

Problemas após a volta para casa

O problema médico mais comum após viagem é

A maioria das doenças comuns potencialmente graves consiste em

As pessoas também podem adquirir piolhos e escabiose após morar em condições com acúmulo de pessoas ou locais com poucas condições de higiene.

Algumas doenças tornam-se evidentes meses após o viajante ter retornado para casa; uma história de viajem com risco de exposição é uma pista diagnóstica útil quando o paciente apresenta uma doença intrigante. A International Society of Travel Medicine (www.istm.org) tem listas de clínicas especializadas em viagens. Várias destas clínicas são especializadas em assistir viajantes que adoecem após a volta para casa. Para profissionais de saúde, o Centers for Disease Control fornece assistência e informações para ajudar os pacientes que retornam de viagens ao exterior.

Informações adicionais

Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. Centers for Disease Control and Prevention: Travelers' Health

  2. Centers for Disease Control and Prevention: Assistance and information to help patients returning from travel abroad

  3. International Society of Travel Medicine's Global Clinic Directory: A database of travel clinics around the world

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