O sulfato de glicosamina é um precursor de múltiplos constituintes das cartilagens. Extraído da quitina (da concha do caranguejo, das ostras e do camarão), tomado na forma de comprimido ou cápsula, geralmente como sulfato de glucosamina, mas, às vezes, como cloridrato de glucosamina. Estão sendo feitas tentativas para encontrar fontes alternativas biorrenováveis, como fungos metabolicamente modificados e E. coli (1). Glucosamina costuma ser tomada com sulfato de condroitina.
(Ver também Visão geral dos suplementos alimentares.)
Alegações
Alega-se que a glucosamina alivie a dor da osteoartrite, possivelmente tanto com efeitos analgésicos como modificadores da doença. O mecanismo é desconhecido. O mecanismo para o sulfato de glicosamina pode estar relacionado com o aumento da síntese de glicosaminoglicanas como resultado da fração sulfato. A posologia da glucosamina em todas as suas apresentações é de 500 mg por via oral 3 vezes ao dia.
Evidências
Evidências do Rotta Research Laboratorium corroboram o uso do sulfato de glucosamina para o tratamento da osteoartrite leve a moderada do joelho quando administrada por pelo menos 6 meses (2-3). Outras apresentações ainda precisam ser rigorosamente avaliadas. O papel do sulfato de glicosamina no tratamento de osteoartrite mais grave do joelho e em osteoartrite em outras localizações é menos bem definido.
O Glucosamine/Chondroitin Arthritis Intervention Trial (GAIT), um ensaio clínico multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo com 1.583 pacientes com osteoartrite sintomática do joelho informou que, isoladamente e em combinação ao sulfato de condroitina (400 mg 3 vezes ao dia), o cloridrato de glucosamina (500 mg 3 vezes ao dia) não reduz a dor de forma eficaz no grupo de todos os paciente. No entanto, uma análise exploratória identificou o alívio da dor com a terapia combinada em um subgrupo de pacientes com dor moderada a grave no joelho (4). No geral, embora estudos tenham relatado que a combinação de glucosamina e condroitina fornece o benefício ideal (5), o American College of Rheumatology/Arthritis Foundation de 2019 recomendam não utilizar a glucosamina para o tratamento de qualquer forma de osteoartrite, principalmente por causa de preocupações com o viés de patrocínio e de publicação da indústria farmacêutica (6). Entretanto, a European Society for Clinical and Economic Aspects of Osteoporosis, Osteoarthritis, and Musculoskeletal Diseases (ESCEO) recomenda a prescrição de glicosamina de grau farmacêutico para a osteoartrite (7), mas não recomenda a combinação de glucosamina com condroitina e afirma que a condroitina pode interferir na absorção da glucosamina.
Efeitos adversos
Pode ocorrer alergia (em pacientes que tenham alergia a mariscos e utilizem as formas extraídas de mariscos), dispepsia, fadiga, insônia, cefaleia, fotossensibilidade e alterações ungueais. Pacientes com doença hepática crônica também devem evitar a glicosamina, se possível, por causa da potencial hepatotoxicidade ao tomar glicosamina com ou sem condroitina (8).
Interações medicamentosas
Doses altas de glicosamina podem interagir com a varfarina e resultar em hematomas ou sangramento, de acordo com relatos de casos e informações submetidas à Organização Mundial da Saúde. Nenhuma outra interação farmacológica importante é conhecida.
Referências
1. Liu L, Liu Y, Shin HD, et al: Microbial production of glucosamine and N-acetylglucosamine: advances and perspectives. Appl Microbiol Biotechnol 97(14):6149-6158, 2013. doi: 10.1007/s00253-013-4995-6
2. Wu D, Huang Y, Gu Y, et al: Efficacies of different preparations of glucosamine for the treatment of osteoarthritis: a meta-analysis of randomised, double-blind, placebo-controlled trials. Int J Clin Pract 67(6):585-594, 2013. doi: 10.1111/ijcp.12115
3. Eriksen P, Bartels EM, Altman RD, et al: Risk of bias and brand explain the observed inconsistency in trials on glucosamine for symptomatic relief of osteoarthritis: a meta-analysis of placebo-controlled trials. Arthritis Care Res (Hoboken) 66(12):1844-1855, 2014. doi: 10.1002/acr.22376
4. Clegg DO, Reda DJ, Harris CL, et al: Glucosamine, chondroitin sulfate, and the two in combination for painful knee osteoarthritis. N Engl J Med 354(8):795-808, 2006. doi: 10.1056/NEJMoa052771
5. Hochberg MC, Martel-Pelletier J, Monfort J, et al: Combined chondroitin sulfate and glucosamine for painful knee osteoarthritis: a multicentre, randomised, double-blind, non-inferiority trial versus celecoxib. Ann Rheum Dis 75:37-44, 2016. doi:10.1136/annrheumdis-2014-206792
6. Kolasinski SL, Neogi T, Hochberg MC, et al: 2019 American College of Rheumatology/Arthritis Foundation guideline for the management of osteoarthritis of the hand, hip, and knee. Arthritis Care Res (Hoboken) 72(2):149‐162. doi:10.1002/acr.24131
7. Bruyère O, Honvo G, Veronese N, et al: An updated algorithm recommendation for the management of knee osteoarthritis from the European Society for Clinical and Economic Aspects of Osteoporosis, Osteoarthritis and Musculoskeletal Diseases (ESCEO). Semin Arthritis Rheum 49(3):337-350, 2019. doi:10.1016/j.semarthrit.2019.04.008
8. Cerda C, Bruguera M, Parés A: Hepatotoxicity associated with glucosamine and chondroitin sulfate in patients with chronic liver disease. World J Gastroenterol 19(32):5381-5384, 2013. doi: 10.3748/wjg.v19.i32.5381
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
National Institutes of Health (NIH), National Center for Complementary and Integrative Health: Information on the use of glucosamine and chondroitin for osteoarthritis