A coenzima Q10 (CoQ10, ubiquinona) é um antioxidante, produzido naturalmente nos seres humanos, e também um cofator para geração de adenosina trifosfato (ATP) mitocondrial. As concentrações de coenzima Q10 parecem ser menores em indivíduos idosos e em indivíduos com doenças crônicas como doenças cardíacas, câncer, doença de Parkinson, diabetes, HIV/aids e distrofias musculares. Entretanto, não se sabe se estas concentrações baixas contribuem para estas doenças. As fontes alimentares são carnes, peixes e óleos vegetais. A maioria dos ensaios recomendou uma dose do complemento entre 100 e 300 mg/dia (p. ex., 100 mg 3 vezes ao dia).
(Ver também Visão geral dos suplementos alimentares.)
Alegações
Diz-se que a coenzima Q10 é útil por seu efeito antioxidante e por seu papel no metabolismo energético. A alegação específica inclui o efeito anticâncer mediado pela estimulação imunitária a diminuição das necessidades de insulina em pacientes com diabetes, diminuição da velocidade de evolução da doença de Parkinson, eficácia no tratamento de insuficiência cardíaca e proteção contra cardiotoxicidade por antraciclina. A alegação mais proeminente talvez seja para melhorar a disfunção das células endoteliais que contribui para doença cardiovascular. Apesar de alguns estudos preliminares sugerirem que a coenzima Q10 pode ser útil no tratamento destas doenças, os resultados não são claros e são necessários mais estudos.
Evidências
Uma metanálise de 2012 avaliou 5 ensaios randomizados e controlados com um total de 194 pacientes descobriu melhora significativa da função endotelial, medida pela dilatação arterial periférica mediada pelo fluxo (1).
Uma metanálise de 2013 com estudos randomizados e controlados sugeriu que a CoQ10 pode melhorar o estado funcional dos pacientes com insuficiência cardíaca (2). Mas essa metanálise foi feita principalmente com ensaios clínicos de pequeno tamanho e com tratamentos de curta duração.
Um estudo multicêntrico randomizado, controlado de 2014 com 420 pacientes com insuficiência cardíaca mostrou que a CoQ10, na dose de 100 mg por via oral 3 vezes ao dia, quando acrescentada à terapia convencional, foi segura, aliviava os sintomas e reduzia a ocorrência de eventos cardiovasculares maiores (3).
Uma revisão da Cochrane de 11 estudos (1.573 indivíduos) concluiu que há evidências de qualidade moderada de que a CoQ10 reduz a mortalidade por todas as causas e a hospitalização por insuficiência cardíaca; entretanto, não houve nenhuma evidência convincente para corroborar ou refutar o uso da CoQ10 na insuficiência cardíaca (4).
No entanto, uma metanálise feita em 2017 com 14 ensaios clínicos randomizados e controlados (2.149 pessoas) afirmou que os usuários de CoQ10 tinham maior capacidade de executar exercícios e menor mortalidade do que os que receberam placebo (5). Uma controvérsia clínica é se a suplementação de CoQ10 diminui os sintomas musculares associados à estatina. Alguns estudos mostraram decréscimos e outros não. Uma metanálise de 2018 de 100 a 600 mg de CoQ10 por dia durante 30 dias a 3 meses relatou reduções significativas nos sintomas musculares de dor, fraqueza, cãibras e cansaço em comparação ao placebo. Uma limitação foi a heterogeneidade dos estudos incluídos (6).
Efeitos adversos
Há relativamente poucos relatos de casos de sintomas gastrointestinais (dor abdominal, náuseas e vômitos) e sintomas no sistema nervoso central (tontura, fotofobia, irritabilidade e cefaleia). Outros efeitos adversos incluem prurido, eritema, fadiga e sintomas semelhantes aos da gripe.
Interações medicamentosas
A coenzima Q10 pode diminuir a resposta à varfarina.
CoQ10 pode interagir com alguns anti-hipertensivos e quimioterápicos.
Referências
1. Gao L, Mao Q, Cao J, et al: Effects of coenzyme Q10 on vascular endothelial function in humans: a meta-analysis of randomized controlled trials. Atherosclerosis 221(2):311-316, 2012. doi: 10.1016/j.atherosclerosis.2011.10.027
2. Fotino AD, Thompson-Paul AM, Bazzano LA: Effect of coenzyme Q10 supplementation on heart failure: a meta-analysis. Am J Clin Nutr 97(2):268-275, 2013. doi: 10.3945/ajcn.112.040741
3. Mortensen SA, Rosenfeldt F, Kumar A, et al: The effect of coenzyme Q10 on morbidity and mortality in chronic heart failure results from Q-SYMBIO: a randomized double-blind trial. JACC Heart Fail 2(6):641-649, 2014. doi:10.1016/j.jchf.2014.06.008.
4. Al Saadi T, Assaf Y, Farwati M, et al: Coenzyme Q10 for heart failure. Cochrane Database Syst Rev (2)(2):CD008684, 2021. doi:10.1002/14651858.CD008684.pub3
5. Lie L, Liu Y: Efficacy of coenzyme Q10 in patients with cardiac failure: a meta-analysis of clinical trials. BMC Cardiovasc Disord 17(1):196, 2017. doi: 10.1186/s12872-017-0628-9
6. Qu H, Guo M, Chai H, et al: Effects of coenzyme Q10 on statin-induced myopathy: an updated meta-analysis of randomized controlled trials. J Am Heart Assoc 2;7(19):e009835, 2018. doi: 10.1161/JAHA.118.009835
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
National Institutes of Health (NIH), National Center for Complementary and Integrative Health: General information on the use of CoQ10 as a dietary supplement