Deslocamentos do quadril

PorDanielle Campagne, MD, University of California, San Francisco
Revisado/Corrigido: jan. 2023
Visão Educação para o paciente

A maioria dos deslocamentos do quadril é posterior e resulta de uma grande força direcionada posteriormente ao joelho com joelho e quadril flexionados (p. ex., contra um painel de carros).

As complicações podem incluir

  • Lesão do nervo isquiático

  • Osteonecrose tardia da cabeça femoral

Lesões associadas incluem

Nos pacientes com luxações posteriores, o membro inferior encontra-se encurtada, em adução e em rotação interna. As luxações anteriores são raras e resultam em abdução e rotação externa do membro inferior.

(Ver Visão geral dos deslocamentos.)

Diagnóstico dos deslocamentos do quadril

  • Radiografias

Radiografias de rotina são diagnósticas.

Tratamento dos deslocamentos do quadril

  • Redução fechada

O tratamento das luxações de quadril consiste na redução fechada o mais rápido possível, preferencialmente em 6 horas; o atraso aumenta o risco de osteonecrose (1).

O quadril pode ser reduzido utilizando uma das seguintes técnicas:

  • Técnica de Allis

  • Técnica de Captain Morgan

  • Técnica do lançador de mísseis

Ao aplicar qualquer uma dessas técnicas, o paciente precisa receber sedação e relaxamento muscular e deve estar em decúbito dorsal. (Ver também Como reduzir uma luxação posterior de quadril.)

Para a técnica de Allis, o quadril é flexionado lentamente em 90°, fazendo tração vertical ao fêmur; essa manobra pode ser mais fácil e mais segura quando o paciente é colocado temporariamente em uma prancha rígida no chão. Utiliza-se faixa ou suporte para manter o quadril do paciente pressionado (fornecendo contrapressão à tração vertical do fêmur).

Na técnica de Captain Morgan, pressiona-se o quadril do paciente com uma tira ou cinto e a parte deslocada é flexionada. Os médicos então colocam o joelho sob o joelho do paciente e o levantam fazendo a tração vertical do fêmur. Na primeira aplicação, a taxa de sucesso da técnica de Captain Morgan pode ser melhor do que a técnica de Allis (2).

Técnica de Captain Morgan

Para a técnica de lançador de mísseis (3), o ortopedista permanece em pé ao lado comprometido do quadril e voltado para os pés do paciente. O quadril e o joelho deslocados são flexionados a 90°. Pressiona-se o quadril do paciente com lençol ou por um segundo profissional (para fazer contra tração na pelve). O médico se agacha e o joelho do paciente é colocado no ombro do médico; o médico basicamente segura o membro inferior como uma bazuca. O quadril do paciente é aduzido pressionando o joelho para dentro e é rotacionado internamente girando o pé para fora; o médico então aplica uma leve tração ao fêmur levantando-se e puxando o pé do paciente para baixo, utilizando o ombro do profissional como ponto de apoio.

Após a redução, é necessária TC em todos os quadris nativos para identificar fraturas na cabeça do acetábulo e fêmur, bem como debris intra-articulares ou corpos soltos (fragmentos ósseos ou cartilaginosos). Cerca de 70% dos pacientes com luxação posterior de quadril têm fratura acetabular concomitante (4). Se houver fraturas ou fragmentos ósseos, deve-se consultar um ortopedista sobre uma possível intervenção cirúrgica. Se a TC não mostra fraturas ou fragmentos ósseos, os pacientes recebem alta e podem ir para casa utilizando muletas; devem ser informados de que podem tocar o chão com o pé (p. ex., para manter o equilíbrio), mas não devem descarregar peso sobre ele (descarga de peso sobre os artelhos) pelo menos até que recebam autorização para tal após acompanhamento ortopédico.

Referências sobre o tratamento

  1. 1. Kellam P, Ostrum RF: Systematic review and meta-analysis of avascular necrosis and posttraumatic arthritis after traumatic hip dislocation. J Orthop Trauma 30 (1):10–16, 2016. doi: 10.1097/BOT.0000000000000419

  2. 2. Hendey GW, Avila A: The Captain Morgan technique for the reduction of the dislocated hip. Ann Emerg Med 58 (6):536–540, 2011. doi: 10.1016/j.annemergmed.2011.07.010

  3. 3. Dan M, Phillips A, Simonian M, et al: Rocket launcher: A novel reduction technique for posterior hip dislocations and review of current literature. Emerg Med Australas 27 (3):192–195, 2015. doi: 10.1111/1742-6723.12392

  4. 4. Hak DJ, Goulet JA: Severity of injuries associated with traumatic hip dislocation as a result of motor vehicle collisions. J Trauma 47(1):60–63, 1999. doi: 10.1097/00005373-199907000-00014

Deslocamento da prótese de quadril

Após a substituição total do quadril, a prótese do quadril se desloca sem traumas em até 2% dos pacientes. Deslocamentos posteriores são comuns.

A redução fechada costuma ser bem-sucedida, especialmente para os deslocamentos de primeira vez, mas a cirurgia de revisão do quadril costuma ser necessária.

Pontos-chave

  • A maioria dos deslocamentos do quadril é posterior, e causa encurtamento, adução e rotação interna do membro inferior.

  • Diagnosticar por meio de radiografias de rotina.

  • Reduzir o mais rápido possível, preferencialmente ≤ 6 horas, utilizando uma das várias técnicas; o atraso aumenta o risco de osteonecrose.

  • Após a redução, fazer TC para identificar fraturas e debris intra-articulares ou fragmentos ósseos.

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