Muitas técnicas estão disponíveis para reduzir uma luxação fechada de ombro. Nenhuma técnica é universalmente bem-sucedida, de modo que os operadores devem estar familiarizados com várias técnicas.
(Ver também Visão geral das luxações e luxações do ombro.)
Entre as técnicas para reduzir luxações anteriores do ombro estão
Rotação lateral (p. ex., técnica de Hennepin) com abdução (p. ex., técnica de Milch) se necessário
A técnica hipocrática original (calcanhar do operador na axila afetada para gerar contratração) causa lesões e não deve ser utilizada. A técnica de Kocher, que força o uso do úmero, também tem alto risco de complicações e não deve ser aplicada.
Técnicas de redução para luxações anteriores em geral utilizam tração axial e/ou rotação lateral. Não há uma única técnica perfeita ou preferida. Mais importante, os operadores devem estar familiarizados com as várias técnicas e utilizar aquelas apropriadas à luxação e status clínico do paciente (ver Luxações anteriores do ombro: tratamento).
Tentativas de redução, especialmente aquelas feitas sem sedação, têm maior probabilidade de sucesso se o paciente está relaxado e é cooperativo. Analgesia e sedação podem ajudar a aliviar espasmos musculares, e também distrações mentais como conversas agradáveis.
Deve-se oferecer analgesia aos pacientes. Mas se o paciente desejar, pode-se fazer uma tentativa de redução sem analgesia com um método de redução suave (p. ex., Davos, manipulação escapular, Hennepin, RCS). Pode-se administrar analgesia intravenosa e/ou injeção intra-articular de anestésico precocemente na avaliação inicial para aliviar a dor durante radiografias e outras preparações pré-procedimento. Pode-se utilizar sedação e analgesia para procedimento (SAP) para pacientes muito ansiosos e com muitos espasmos musculares e para métodos de redução que exigem mais força (p. ex., tração-contratração e Stimson).
Em geral, a redução de uma luxação posterior ou uma luxação inferior (luxatio erecta) envolve uma técnica de tração-contratração. Quando possível, deve-se consultar um cirurgião ortopedista antes de fazer a redução dessas luxações.
A lesão neurovascular pode resultar da luxação (na maioria das vezes na luxação anterior) ou do procedimento de redução. As articulações devem ser reduzidas o mais rápido possível porque o atraso aumenta o risco de complicações neurovasculares. Para evitar o aumento dos espasmos musculares, todas as reduções são feitas de modo suave e gradual, e frequentemente tentam-se os métodos de redução que utilizam menos força antes daqueles que utilizam maior força. A escolha de um método delicado é particularmente importante se há a suspeita de lesão do plexo braquial.
As avaliações neurovasculares são realizadas antes do procedimento e após cada tentativa de redução. O exame inclui avaliação dos pulsos distais e do tempo de enchimento capilar digital (artéria axilar), sensibilidade tátil na parte lateral do braço (nervo axilar) e função dos nervos radial, mediano e ulnar (plexo braquial).
Deve-se agendar consulta com um cirurgião ortopédico antes da redução se o paciente tem lesão complicada no ombro, como
Fratura da tuberosidade maior com deslocamento de > 1 cm
Deformidade de Hill-Sachs significativa (≥ 20% de deformidade na cabeça do úmero decorrente de impactação contra a borda da cavidade glenoidal)
Fratura do colo cirúrgico (abaixo das tuberosidades maior e menor)
Fratura de Bankart (borda anteroinferior da cavidade glenoidal) envolvendo fragmento ósseo de mais de 20% e com instabilidade glenoumeral
Fratura proximal do úmero em 2 ou mais partes
Outras razões para consultar um cirurgião ortopédico antes da redução são
A articulação está exposta (isto é, luxação aberta)
O paciente é uma criança, porque uma fratura epifisária (placa de crescimento) está frequentemente presente
A luxação ocorreu há mais de 7 a 10 dias, em razão do maior risco de dano à artéria axilar durante a redução, especialmente em pacientes idosos
Deve-se programar uma consulta com cirurgião ortopédico após 2 ou 3 tentativas fracassadas de redução fechada ou após uma redução bem-sucedida se
Suspeita-se de lesão complicada do ombro (p. ex., luxação mais fratura, lesão do nervo axilar ou ruptura do manguito rotador)
O paciente apresenta luxação pela primeira vez
Entretanto, em todos os pacientes, se há deficit neurovascular, deve-se realizar a redução imediatamente. Se um cirurgião ortopédico não está disponível, pode-se tentar a redução fechada, idealmente utilizando força mínima; se a redução não é bem-sucedida, pode-se realizá-la no centro cirúrgico sob anestesia geral.
Em geral, deve-se obter radiografias pós-redução para documentar uma redução bem-sucedida e verificar novamente se há fraturas. Entretanto, radiografias podem não ser necessárias em pacientes com luxações anteriores recorrentes minimamente traumáticas.