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Descolamento prematuro da placenta (abruptio placentae)

PorAntonette T. Dulay, MD, Main Line Health System
Reviewed ByOluwatosin Goje, MD, MSCR, Cleveland Clinic, Lerner College of Medicine of Case Western Reserve University
Revisado/Corrigido: modificado mar. 2024
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Visão Educação para o paciente
Descolamento prematuro da placenta (abruptio placentae) é a separação prematura do útero, geralmente após 20 semanas de gestação. Pode ser uma emergência obstétrica. As manifestações podem consistir em dor e sensibilidade uterinas e sangramento vaginal, possivelmente com choque hemorrágico e coagulação intravascular disseminada. A fonte da hemorragia no descolamento prematuro da placenta é materna. O diagnóstico é clínico e, às vezes, por ultrassonografia. O tratamento é parto imediato para instabilidade materna ou fetal ou gestação a curto prazo.

Descolamento prematuro da placenta e outras anormalidades obstétricas aumentam o risco de morbidade ou mortalidade para a mulher, o feto ou o neonato.

O descolamento prematuro da placenta ocorre em 0,4 a 1,5% das gestações; os picos de incidência acontecem entre 24 e 26 semanas de gestação.

O descolamento prematuro da placenta pode envolver qualquer grau de separação placentária, desde poucos milímetros até o completo rompimento. A separação pode ser aguda ou crônica. Resulta em sangramento para a decídua basal, atrás da placenta (retroplacentário). Na maioria das vezes, a etiologia é desconhecida.

Fatores de risco

Os fatores de risco de descolamento prematuro da placenta são:

Complicações

As complicações do descolamento prematuro da placenta incluem:

  • Perda de sangue materno pode resultar em instabilidade hemodinâmica, com ou sem choque, e/ou coagulação intravascular disseminada (CIVD)

  • Comprometimento fetal (p. ex., sofrimento fetal, morte) ou, se o descolamento prematuro da placenta é crônico, restrição de crescimento ou oligoidrâmnio

  • Algumas vezes, transfusão feto-materna e aloimunização (p. ex., sensibilização por Rh).

Sinais e sintomas do descolamento prematuro da placenta

A gravidade dos sinais e sintomas do descolamento prematuro da placenta depende do grau de separação da placenta e perda sanguínea.

O descolamento prematuro da placenta pode resultar em hemorragia uterina. O sangue pode também permanecer atrás da placenta (hemorragia oculta). O útero pode ficar dolorido, sensível e irritável à palpação. Se o descolamento prematuro da placenta for total ou parcialmente oculto, a dor e incômodo uterinos podem parecer desproporcionais ao volume de hemorragia.

Pode haver choque hemorrágico, bem como coagulação intravascular disseminada (CIVD).

O descolamento prematuro da placenta pode causar manchas marrons escuras intermitentes ou contínuas.

Em alguns casos, o descolamento prematuro da placenta não causa nenhum ou sinais ou sintomas mínimos.

Diagnóstico do descolamento prematuro da placenta

  • Monitoramento da frequência cardíaca fetal

  • Às vezes, exames de sangue para coagulação

  • Às vezes, achados ultrassonográficos

Suspeita-se do diagnóstico de descolamento prematuro da placenta se qualquer um dos seguintes ocorrer depois do primeiro trimestre:

  • Sangramento vaginal

  • Dor e sensibilidade do útero

  • Angústia ou morte fetal

  • Choque hemorrágico

  • CID

Também deve-se considerar descolamento prematuro da placenta em mulheres que tiveram trauma abdominal. Se o sangramento ocorrer na metade ou no final da gestação, deve-se excluir placenta previa, que tem sintomas similares, antes da realização do exame pélvico; se placenta previa está presente, o exame pode aumentar o sangramento.

A avaliação do descolamento prematuro da placenta é feita por:

  • Monitoramento do coração fetal

  • Hemograma completo

  • Tipo sanguíneo e de Rh

  • TP/TTP (tempo de protrombina/tempo de tromboplastina parcial)

  • Fibrinogênio sérico e produtos degradação da fibrina (o indicador mais sensível)

  • Ultrassonografia pélvica

  • Teste de Kleihauer-Betke, se a paciente tiver sangue Rh negativo — para calcular a dose necessária de imunoglobulina Rho(D)

A fonte da hemorragia no descolamento prematuro da placenta é materna. Entretanto, a separação parcial ou completa da placenta da parede uterina compromete a troca de oxigênio fetal. O monitoramento da frequência cardíaca fetal pode detectar padrões desanimadores ou morte fetal.

Resultados anormais dos exames de coagulação ou monitoramento da frequência cardíaca fetal corroboram o diagnóstico.

Ultrassonografia transvaginal é necessária se há suspeita de placenta prévia com base em ultrassonografia transabdominal. A ultrassonografia pode evidenciar alguns casos de descolamento prematuro da placenta. Mas os resultados com um ou outro tipo de ultrassonografia pode ser normal no descolamento prematuro da placenta.

Dicas e conselhos

  • Resultados ultrassonográficos normais não descartam descolamento prematuro da placenta.

Tratamento do descolamento prematuro da placenta

  • Às vezes, medidas hemodinâmicas de suporte agressivas e parto imediato (p. ex., em uma gestação a termo ou para a instabilidade materna ou fetal possível)

  • Teste de hospitalização para observação se a gestação não está próxima do termo e se a mãe e o feto estão estáveis

Em geral, indica-se cesárea imediata se houver descolamento prematuro da placenta e qualquer um dos seguintes estiver presente:

  • Instabilidade hemodinâmica materna

  • Padrão desanimador de ritmo cardíaco fetal

  • Gestação a termo (≥ 37 semanas); parto pré-termo possivelmente necessário se a mãe ou o feto têm risco de morbidade grave ou mortalidade

Quando considera-se o parto necessário, pode-se tentar o parto vaginal se todos os seguintes estão presentes:

  • A mãe está hemodinamicamente estável.

  • Padrão de ritmo cardíaco fetal tranquilizador.

  • O parto vaginal não é contraindicado (p. ex., por placenta prévia ou vasa prévia).

O trabalho de parto pode ser cuidadosamente induzido ou intensificado (p. ex., utilizando ocitocina e/ou amniotomia). Deve-se fazer preparativos para a hemorragia pós-parto.

Aconselham-se hospitalização e observação se todos os seguintes estiverem presentes:

  • Sangramento não ameaça a vida da mãe ou do feto.

  • Padrão de ritmo cardíaco fetal tranquilizador.

  • A gestação é pré-termo (< 37 semanas).

Essa abordagem garante que mãe e feto sejam cuidadosamente monitorados e, se necessário, rapidamente tratados. Deve-se aconselhar as mulheres a abster-se de relação sexual.

Os corticoides devem ser considerados (para acelerar a maturidade pulmonar fetal) se a idade gestacional for < 34 semanas. Pode-se também administrar corticoides se todos os seguintes estão presentes:

  • A gestação é pré-termo tardio (34 a 36 semanas).

  • A mãe não recebeu corticoides previamente durante essa gestação e não tem contraindicações.

  • O risco de parto no período pré-termo tardio é alto (1).

Se o sangramento estiver controlado e o estado materno e fetal permanecer estável, deambulação e alta hospitalar frequentemente são permitidos. Se o sangramento continuar ou o estado se deteriorar, cesárea imediata pode ser indicada.

As complicações do descolamento prematuro de placenta (p. ex., choque, coagulação intravascular disseminada [CIVD]) são tratadas com reposição agressiva do sangue e hemoderivados.

Referência sobre tratamento

  1. 1. Gyamfi-Bannerman C, Thom EA, Blackwell SC, et al: Antenatal betamethasone for women at risk for late preterm delivery. N Engl J Med 374 (14):1311–1320, 2016. doi: 10.1056/NEJMoa1516783

Pontos-chave

  • O descolamento prematuro da placenta consiste na separação prematura da placenta do útero e pode ser uma emergência obstétrica.

  • Manifesta-se tipicamente como uma hemorragia uterina e dor ou incômodo uterino; a hemorragia varia em termos de volume e acuidade e, se o descolamento for oculto, pode estar ausente.

  • Diagnosticar com base em sinais e sintomas característicos.

  • A ultrassonografia pode mostrar alguns casos de descolamento; resultados anormais em testes de coagulação sanguínea ou no monitoramento da frequência cardíaca fetal corroboram o diagnóstico.

  • Realizar cesárea imediata se a estabilidade materna e fetal estiver ameaçada ou se a gestação for a termo.

  • Considerar parto vaginal se a mãe e o feto estão estáveis e a gestação é a termo.

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