Infecção intra-amniótica

(Corioamnionite)

PorJulie S. Moldenhauer, MD, Children's Hospital of Philadelphia
Revisado/Corrigido: jan. 2024
Visão Educação para o paciente

Infecção intraamniótica é a infecção resultante da inflamação de córions, âmnio, líquido amniótico, placenta, decídua, feto ou uma combinação destes. A infecção aumenta o risco de complicações obstétricas e problemas no feto e neonatal. Os sintomas incluem febre, sensibilidade uterina, líquido amniótico fétido, secreção do colo do útero purulenta e taquicardia materna ou fetal. O diagnóstico é feito por critérios clínicos específicos ou, na infecção subclínica, por análise do líquido amniótico. O tratamento é feito com antibióticos de amplo espectro, antitérmicos e parto.

A infecção intra-amniótica resulta tipicamente de uma infecção que ascende pelo trato genital e muitas vezes é polimicrobiana. Listeria monocytogenes, uma causa de listeriose, causa infecção intra-amniótica por via hematogênica.

Fatores de risco

  • Os fatores de risco para infecção intra-amniótica incluem:

  • Ruptura prolongada das membranas (um atraso de ≥ 18 a 24 horas entre a ruptura e o parto)

  • Ruptura pré-trabalho das membranas (RPM)

  • Trabalho de parto prematuro

  • Líquido amniótico meconial

  • Presença de patógenos no trato genital (p. ex., estreptococos do grupo B)

  • Múltiplos exames táteis (toque vaginal) durante o parto em mulheres com ruptura de membranas

  • Longo trabalho de parto

  • Monitoramento interno fetal ou uterino

Complicações

A infecção intra-amniótica também pode causar e pode resultar de RPM ou trabalho de parto prematuro.

As complicações fetais ou neonatais apresentam maior risco de:

As complicações maternais incluem aumento do risco dos seguintes:

Choque séptico, coagulação intravascular disseminada e síndrome do desconforto respiratório agudo também são complicações potenciais, mas são incomuns se a infecção for tratada.

Sinais e sintomas da infecção intra-amniótica

A infecção intra-amniótica tipicamente causa febre. Outros achados incluem taquicardia materna, taquicardia fetal, sensibilidade no útero, líquido amniótico fétido e/ou secreção do colo do útero purulenta. Entretanto, a infecção pode não causar sintomas típicos (isto é, i e., infecção subclínica).

Diagnóstico da infecção intra-amniótica

  • Febre materna durante o trabalho de parto sem outra causa identificável

  • Amniocentese, se houver suspeita de infecção subclínica

Suspeita-se e diagnostica-se infecção intra-amniótica com base em critérios clínicos e, às vezes, laboratoriais. Há 3 categorias diagnósticas (1):

  • Febre materna isolada: uma única temperatura oral de 39° C ou uma temperatura oral de ≥ 38 a 38,9° C que continua presente ao medir a temperatura após 30 minutos (a febre materna isolada não leva automaticamente a um diagnóstico da infecção)

  • Suspeita de infecção intra-amniótica: febre materna e um ou mais dos seguintes: contagem elevada de leucócitos na mãe, taquicardia fetal ou secreção do colo do útero purulenta

  • Infecção intra-amniótica confirmada: às vezes, indica-se avaliação adicional para confirmar infecção intra-amniótica por testes de líquido amniótico (coloração de Gram, cultura, nível de glicose), ou evidência histológica de infecção ou inflamação placentária

A presença de um único sinal ou sintoma, que pode ter outras causas, é menos confiável. Por exemplo, a taquicardia fetal pode ser decorrente de sofrimento fetal por outras razões, p. ex., medicamentos, cocaína ou hipertireoidismo materno.

Infecção subclínica

O trabalho de parto prematuro refratário (que persiste apesar da tocólise) pode sugerir infecção subclínica. Se as membranas se romperem prematuramente antes do parto, os médicos devem considerar infecção subclínica para determinar se a indução do trabalho de parto é indicada.

Amniocentese, com cultura do líquido amniótico pode ajudar a diagnosticar infecção subclínica. Os seguintes resultados encontrados nos líquidos sugerem infecção:

  • Presença de bactéria ou leucócitos com o uso de coloração de Gram

  • Nível de glicose < 14 mg/dL

  • Leucograma > 30 células/mcL

  • Traços ou atividade aumentada da esterase leucocitária (testada com tira reagente para urina)

  • Cultura positiva

Outros testes diagnósticos para infecção subclínica estão em estudo.

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. American College of Obstetricians and Gynecologists: Committee Opinion No. 712: Intrapartum Management of Intraamniotic Infection. Obstet Gynecol. 2017 (reaffirmed 2022); 130(2):e95-e101. doi:10.1097/AOG.0000000000002236

Tratamento da infecção intra-amniótica

  • Antibióticos de amplo espectro que abrangem organismos Gram-positivos, Gram-negativos e anaeróbios

  • Antipiréticos

  • Parto como indicado

Recomenda-se o tratamento da infecção intra-amniótica quando

  • A infecção intra-amniótica é suspeita ou confirmada.

  • As mulheres em trabalho de parto têm temperatura isolada de ≥ 39° C e nenhum outro fator de risco clínico para febre.

Se as mulheres têm temperatura de 38 a 39° C e nenhum fator de risco para a febre, pode-se considerar o tratamento.

Tratamento com antibióticos adequados reduzem a morbidade na mãe e no neonato.

Assim que a infecção intra-amniótica é diagnosticada, ela é tratada com antibióticos IV de amplo espectro e parto (ver tabela Esquemas antibióticos para o tratamento da infecção intra-amniótica).

Tabela
Tabela

Um esquema antibiótico intraparto típico (para uma paciente sem alergia à penicilina) consiste em ambos os seguintes:

  • Ampicilina, 2 g, IV, a cada 6 horas E

  • Gentamicina, 2 mg/kg, IV (dose de ataque) seguida de 1,5 mg/kg, IV, a cada 8 horas, OU gentamicina 5 mg/kg, IV, a cada 24 horas

Não se deve manter de maneira automática os antibióticos após o parto; o uso deve basear-se em achados clínicos (p. ex., bacteremia, febre prolongada) e em fatores de risco para endometrite pós-parto, independentemente da via de parto.

O risco de endometrite e infecção pélvica pós-parto é maior depois de um parto cesárea versus parto vaginal. Após a cesárea, as pacientes com infecção intra-amniótica devem receber uma dose adicional do esquema antibiótico intraparto mais cobertura anaeróbica; administra-se uma dose de clindamicina 900 mg IV ou metronidazol 500 mg IV após o clampeamento do cordão umbilical.

Deve-se administrar antipiréticos, preferencialmente paracetamol antes do parto, além dos antibióticos. Antipiréticos para controlar a febre podem melhorar o status fetal durante o trabalho de parto, de acordo com o monitoramento fetal (1).

A infecção intra-amniótica isolada raramente é uma indicação para cesárea. É essencial informar a equipe de cuidados neonatais quando há suspeita ou confirmação de infecção intra-amniótica e quais fatores de risco estão presentes para otimizar a avaliação e o tratamento do neonato.

Referência sobre tratamento

  1. 1. Lieberman E, Lang J, Richardson DK, et al: Intrapartum maternal fever and neonatal outcome. Pediatrics 105(1 Pt 1):8-13, 2000. doi:10.1542/peds.105.1.8

Prevenção da infecção intra-amniótica

O risco de infecção intra-amniótica é menor evitando ou minimizando exames de toque pélvico em mulheres com RPM. Também administram-se antibióticos de amplo espectro a mulheres com RPMP para prolongar a latência até o parto e diminuir o risco de morbidade e mortalidade do neonato.

Todas as gestantes devem ser submetidas à triagem universal para estreptococos grupo B entre 35 e 37 semanas de gestação; as pacientes com resultado positivo devem receber profilaxia antibiótica durante o trabalho de parto.

Pontos-chave

  • Infecção intra-amniótica é infecção do córion, âmnio, líquido amniótico, placenta ou uma combinação que aumenta o risco de complicações e problemas obstétricos no feto e recém-nascido.

  • Considerar o diagnóstico quando as mulheres têm os sintomas clássicos de infecção (p. ex., febre, secreção purulenta do colo do útero, dor ou incômodo uterino) ou em caso de taquicardia fetal ou materna ou trabalho de parto prematuro refratário.

  • Determinar a contagem de leucócitos e considerar análise e cultura do líquido amniótico se as mulheres têm trabalho de parto prematuro refratário ou RMP.

  • Tratar infecção intra-amniótica suspeita ou confirmada com antibióticos de amplo espectro, antipiréticos e então o parto.

  • Além disso, tratar as mulheres em trabalho de parto se elas têm temperatura isolada de ≥ 39° C e nenhum outro fator de risco clínico para a febre.

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