Cesárea é o parto cirúrgico realizado por incisão no útero.
A taxa de cesárea foi de 32% nos Estados Unidos em 2021 (ver March of Dimes: Delivery Method). A taxa tem flutuado, mas um dos contribuintes é a preocupação com o aumento do risco de ruptura uterina em mulheres que fazem uma tentativa de parto após cesárea (TPAC).
Indicações para cesárea
Embora as taxas de morbidade e mortalidade da cesárea sejam baixas, ainda são algumas vezes maiores que as do parto normal; assim, a cesárea deve ser feita apenas nas ocasiões em que for mais segura para mãe ou feto que o parto normal.
As indicações específicas mais comuns para parto cesariano são
Cesárea prévia
Apresentação ou situação fetal anormal (particularmente apresentação pélvica ou situação transversa)
Anormalidades no padrão da frequência cardíaca fetal, o que requer parto imediato
Sangramento excessivo, possivelmente indicando descolamento prematuro da placenta
Muitas mulheres se interessam por cesáreas eletivas. O motivo para essa escolha consiste na preservação do assoalho pélvico (e incontinência subsequente) e evitar sérias complicações fetais intraparto. Entretanto, seu uso é controverso e requer discussão entre a mulher e seu médico. A discussão deve incluir riscos imediatos e planejamento reprodutivo a longo prazo em relação ao número de filhos que a mulher pretende ter, porque o risco de complicações cirúrgicas aumenta com o aumento do número de cesáreas.
Mulheres com uma cesariana anterior podem preferir repetir a cesariana por causa da preocupação com o risco de ruptura uterina; entretanto, o risco global de ruptura uterina nesses casos é apenas de cerca de 1% (o risco é maior para mulheres que tiveram múltiplas cesáreas anteriores ou incisão vertical no útero, especialmente se esta se estende ao longo da porção muscular do útero).
O parto vaginal é bem-sucedido em cerca de 60 a 80% das mulheres que tiveram cesárea única com incisão uterina transversa baixa (1). Essa opção deve ser oferecida àqueles que tiveram cesárea única por incisão transversa uterina baixa. O sucesso da TPAC depende da indicação para a cesárea inicial. A TPAC deve ser realizado em uma estrutura hospitalar onde um obstetra, um anestesista e uma equipe cirúrgica estejam imediatamente disponíveis, o que torna a TPAC impraticável em algumas situações.
Referência a indicações
1. Sabol B, Denman MA, Guise JM: Vaginal birth after cesarean: an effective method to reduce cesarean. Clin Obstet Gynecol 58(2):309-319, 2015. doi:10.1097/GRF.0000000000000101
Técnica para cesárea
Durante a cesárea, a equipe especializada em reanimação neonatal deve estar rapidamente disponível.
A incisão uterina pode ser clássica ou no segmento inferior.
Segmento inferior: as incisões no segmento inferior são realizadas com mais frequência. Uma incisão no segmento inferior é realizada na porção diluída, inferior fina e alongada do corpo uterino e a reflexão vesical é removida do útero. Uma incisão longitudinal no segmento inferior é utilizada apenas para anomalias específicas de apresentação fetal ou fetos excessivamente grandes. Nessas situações, a incisão transversal não é utilizada porque pode se estender lateralmente nas artérias uterinas, algumas vezes, causando excessiva perda de sangue. As mulheres que tiveram partos por incisão uterina transversal inferior são aconselhadas sobre a segurança de uma tentativa de parto em gestações subsequentes.
Clássica: realiza-se a incisão verticalmente na parte anterior da parede do útero, ascendendo até o segmento superior do útero ou fundo. Essa incisão, caracteristicamente, resulta em maior volume de sangramento do que a incisão segmentar inferior e, normalmente, é realizada quando a placenta prévia está presente, a posição fetal é transversa com dorso posterior, o feto é prematuro, o segmento inferior uterino está pouco desenvolvido ou uma anormalidade fetal está presente.
Cuidados após cesárea
Cuidados pós-cesárea seguem os princípios dos cuidados pós-operatórios, semelhantes aos de outras cirurgias abdominais, incluindo tratamento adequado da dor e cuidados com as feridas.
Além disso, questões pós-parto particulares devem ser abordadas, incluindo suporte para o cuidado do lactente e amamentação.
As pacientes geralmente recebem alta hospitalar quando estão hemodinamicamente estáveis, são capazes de tolerar a ingestão oral, têm função intestinal e vesical normal e não têm complicações que exigem cuidados hospitalares. Eles devem receber instruções sobre as precauções em casa (p. ex., cuidados com feridas) e devem ser orientados a telefonar para o profissional de saúde se tiverem febre, rubor ou corrimento na ferida, sangramento vaginal intenso e persistente, cefaleia persistente, dor abdominal persistente, alterações visuais, pernas edema, dor torácica, falta de ar ou outros sintomas relacionados.