Febre das trincheiras

(Febre de Wolhynia; febre tibial; febre Quintã)

PorLarry M. Bush, MD, FACP, Charles E. Schmidt College of Medicine, Florida Atlantic University;
Maria T. Vazquez-Pertejo, MD, FACP, Wellington Regional Medical Center
Revisado/Corrigido: jun. 2024
Visão Educação para o paciente

Febre das trincheiras é uma doença transmitida por piolho causada por bactérias Gram-negativas Bartonella quintana. Observou-se originalmente em populações militares durante as I e II Guerra Mundial. O sintoma é uma doença febril aguda, recorrente, ocasionalmente com exantema. O diagnóstico é por hemocultura. O tratamento é com um macrolídeo ou com doxiciclina.

(Ver também Visão geral das infecções por Bartonella.)

Os seres humanos são o único reservatório dessa infecção por Bartonella. B. quintana é transmitida ao homem quando fezes de piolho infectadas são atritadas na pele irritada ou na conjuntiva.

A febre das trincheiras é endêmica no México, na Tunísia, na Eritreia, na Polônia e na antiga União Soviética. Está reaparecendo em pessoas sem-teto nos Estados Unidos.

Sinais e sintomas da febre das trincheiras

Após um período de incubação de 3 a 35 dias, o início da febre das trincheiras é súbito, com febre, fraqueza, tontura, cefaleia (com dor atrás dos olhos), congestão conjuntival e dores intensas nas costas e nas pernas (tíbias).

A febre pode alcançar 40,5° C e persistir durante 5 a 6 dias. Em aproximadamente metade dos casos, a febre recorre de 1 a 8 vezes, com intervalo de 5 a 6 dias.

Exantema maculopapular transitório e, ocasionalmente, hepatomegalia e esplenomegalia ocorrem. Endocardite pode complicar alguns casos.

Recidivas são comuns e ocorrem até 10 anos após o acometimento inicial.

Diagnóstico da febre das trincheiras

  • Hemoculturas

  • Sorologias e testes baseados em reação em cadeia da polimerase (PCR)

Suspeita-se de febre das trincheiras em pessoas que vivem onde há intensa infestação por piolhos. Também deve ser considerada em pacientes potencialmente expostos com endocardite cujas hemoculturas de rotina são negativas (endocardite com cultura-negativa) (1).

Leptospirose, tifo, febre recorrente e malária devem ser consideradas como diagnósticos alternativos.

O microrganismo é identificado por cultura de sangue, embora possa levar de 1 a 4 semanas para crescer.

A doença é marcada por bacteremia persistente durante o acometimento inicial, durante as recidivas e ao longo dos períodos assintomáticos entre as recidivas e em pacientes com endocardite.

A sorologia está disponível e pode fornecer suporte para o diagnóstico. Altos títulos de anticorpos IgG devem desencadear avaliação de endocardite com ecocardiografia cardíaca. Pode-se fazer teste PCR (reação em cadeia da polimerase) de amostras de sangue ou tecido.

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Spach DH, Kanter AS, Daniels NA, et al. Bartonella (Rochalimaea) species as a cause of apparent "culture-negative" endocarditis. Clin Infect Dis. 1995;20(4):1044-1047. doi:10.1093/clinids/20.4.1044

Tratamento da febre das trincheiras

  • Doxiciclina ou um macrolídeo

Embora a recuperação geralmente se complete em 1 a 2 meses e a mortalidade seja desprezível, a bacteremia pode persistir durante meses após a recuperação clínica; portanto, um tratamento prolongado (> 1 mês) com doxiciclina ou macrolídeos pode ser necessário. Os pacientes recebem doxiciclina por 4 a 6 semanas. O tratamento costuma ser estendido (p. ex., para endocardite) e um segundo agente adicionado, geralmente rifampicina ou gentamicina, durante as primeiras 2 semanas. Administra-se terapia combinada para infecções graves ou complicadas.

Piolhos do corpo devem ser controlados.

Pacientes com bacteremia crônica devem ter os sinais de endocardite monitorados.

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