Histiocitose pulmonar de células de Langerhans

(Granuloma eosinofílico, Granulomatose pulmonar X, Granulomatose pulmonar por células de Langerhans, Histiocitose X)

PorJoyce Lee, MD, MAS, University of Colorado School of Medicine
Revisado/Corrigido: jul. 2023
Visão Educação para o paciente

A histiocitose de células de Langerhans pulmonar (HCLP) é a proliferação monoclonal de células de Langerhans no interstício pulmonar e nos espaços aéreos. A etiologia é desconhecida, mas o tabagismo desempenha papel primário. Os sintomas são: dispneia, tosse, fadiga, ou também dor torácica pleurítica. O diagnóstico baseia-se em história, métodos de imagem e, algumas vezes, nos achados do lavado broncoalveolar e da biópsia. O tratamento é a interrupção do tabagismo. Prescrevem-se corticoides para muitos casos, mas a eficácia é desconhecida. O transplante pulmonar geralmente é curativo quando combinado com a interrupção do tabagismo. A sobrevida em 5 anos é de cerca de 74%. Os pacientes têm maior risco de desenvolver câncer.

(Ver também Visão geral da doença pulmonar intersticial e Histiocitose de células de Langerhans.)

A histiocitose de células de Langerhans pulmonar é uma doença em que células de Langerhans monoclonais CD1a-positivas (um tipo de histiócito) se infiltram nos bronquíolos e no interstício pulmonar, acompanhadas de linfócitos, plasmócitos, neutrófilos e eosinófilos. A histiocitose de células de Langerhans pulmonar é uma manifestação da histiocitose das células de Langerhans, que pode comprometer vários órgãos (mais notavelmente os pulmões, a pele, os ossos, a hipófise e linfonodos) de modo simultâneo ou isolado. A histiocitose de células de Langerhans pulmonar ocorre isoladamente em 85% das vezes.

A etiologia da histiocitose de células de Langerhans pulmonar é desconhecida, mas a doença ocorre quase que exclusivamente em brancos, tabagistas e com 20 a 40 anos de idade. Homens e mulheres são igualmente afetados. As mulheres desenvolvem a doença tardiamente, mas diferenças quanto à idade e sexo na manifestação inicial da enfermidade relacionada com o sexo podem representar diferenças no comportamento do tabagismo. A fisiopatologia pode envolver o recrutamento e a proliferação de células de Langerhans em resposta a citocinas e fatores de crescimento secretados por macrófagos alveolares em decorrência do tabagismo.

Sinais e sintomas da histiocitose de células de Langerhans pulmonar

Os sinais e sintomas típicos da histiocitose de células de Langerhans pulmonar são dispneia, tosse não produtiva, fadiga, febre, perda ponderal e dor torácica. Pneumotórax súbito e espontâneo é comum.

Cerca de 15% dos pacientes são assintomáticos, uma vez que a doença é descoberta por acidente em radiografia de tórax obtida por outra razão.

Dor óssea decorrente de cistos ósseos (18%), exantema (13%) e poliúria decorrente de deficiência de arginina vasopressina (5%) são as manifestações mais comuns do envolvimento extrapulmonar e ocorrem em até 15% dos pacientes, constituindo, raramente, os sintomas iniciais da HCLP. Existem poucos sinais de histiocitose de células de Langerhans e os resultados do exame físico são habitualmente normais.

Diagnóstico da histiocitose de células de Langerhans pulmonar

  • TC de alta resolução (TCAR)

  • Testes de função pulmonar

  • Às vezes, broncoscopia e biópsia

Suspeita-se de histiocitose de células de Langerhans pulmonar com base na história clínica, exame físico e radiografia de tórax, confirmando-se o diagnóstico por TCAR e broncoscopia com biópsia e lavado broncoalveolar.

Classicamente, a radiografia demonstra opacidades nodulares simétricas e bilaterais em campos pulmonares médios e superiores, com alterações císticas e volumes pulmonares normais e aumentados. Com frequência, as bases pulmonares são poupadas. O aspecto pode mimetizar a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou a linfangioleiomiomatose.

A confirmação pela TCAR de cistos nos lobos médios e superiores (frequentemente com formas bizarras) e/ou nódulos, com espessamento intersticial, é considerada diagnóstica de histiocitose de células de Langerhans.

Os achados dos testes de função pulmonar revelam padrão normal, restritivo, obstrutivo, ou misto, dependendo de quando o teste for realizado durante a evolução da doença. Mais comumente, a capacidade de difusão para o monóxido de carbono (DLCO) está reduzida e o esforço comprometido.

Indicam-se broncoscopia e biópsia quando os métodos de imagem e os testes de função pulmonar não forem conclusivos. O número > 5% de células CD1a no lavado broncoalveolar é fortemente sugestivo de doença. A biópsia revela proliferação das células de Langerhans, com agrupamento ocasional de eosinófilos (o que originou a denominação antiga de granuloma eosinofílico) no centro de nódulos celulares e fibróticos, que podem assumir configuração em estrela. A coloração imuno-histoquímica é positiva para CD1a, proteína S100 e antígenos leucocitários humanos HLA-DR.

Tratamento da histiocitose de células de Langerhans pulmonar

  • Cessação do tabagismo

  • Possivelmente, corticoides e citostáticos ou transplante de pulmão

O tratamento principal da histiocitose de células de Langerhans pulmonar é a cessação do tabagismo, o que leva ao desaparecimento dos sintomas em até um terço dos pacientes.

De modo semelhante às outras doenças pulmonares intersticiais, o uso empírico de corticoides e fármacos citotóxicos é prática comum, mesmo que a efetividade não esteja comprovada.

O transplante pulmonar é uma opção para pacientes com insuficiência respiratória acelerada, mas a doença pode recorrer no pulmão transplantado, se o paciente continuar ou voltar a fumar.

Prognóstico da histiocitose de células de Langerhans pulmonar

O desaparecimento espontâneo dos sintomas ocorre em alguns pacientes com histiocitose de células de Langerhans pulmonar minimamente sintomática. No geral, a sobrevida em 10 anos é > 90% (1). Os marcadores clínicos para doença progressiva incluem

  • Continuação do tabagismo

  • Extremos de idade

  • Envolvimento de vários órgãos

  • Sintomas constitucionais persistentes

  • Inúmeros cistos na radiografia de tórax

  • DLCO reduzido

  • Volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1)/razão de capacidade vital forçada (CVF) (< 66%)

  • Volume residual (VR) total/razão de capacidade pulmonar total (CPT) (> 33%)

  • Necessidade de uso prolongado de corticoides

A causa da morte é insuficiência respiratória ou doença maligna. O risco de câncer de pulmão é aumentado por conta do tabagismo.

Referência sobre prognóstico

  1. 1. Benattia A, Bugnet E, Walter-Petrich A, et al. Long-term outcomes of adult pulmonary Langerhans cell histiocytosis: a prospective cohort. Eur Respir J 2022;59(5):2101017. Publicado em 26 de maio de 2022. doi:10.1183/13993003.01017-2021

Pontos-chave

  • Na histiocitose de células de Langerhans pulmonar (HCLP), as células de Langerhans monoclonais se proliferam no interstício alveolar e bronquíolos.

  • Considerar a histiocitose de células de Langerhans pulmonar em pacientes entre 20 e 40 anos que fumam e nos quais a radiografia de tórax mostra opacidades nodulares com simetria bilateral nos campos pulmonares médios e superiores com alterações císticas.

  • Confirmar o diagnóstico com TC de alta resolução ou, se os resultado são inconclusivos, biópsia do pulmão.

  • Recomendar a cessação do tabagismo.

  • Considerar corticoides e fármacos citotóxicos e, se o tabagismo foi interrompido, transplante de pulmão.

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