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Apneia obstrutiva do sono em crianças (AOS)

PorRobert L. Owens, MD, University of California San Diego
Reviewed ByRichard K. Albert, MD, Department of Medicine, University of Colorado Denver - Anschutz Medical
Revisado/Corrigido: ago. 2024
Visão Educação para o paciente

A apneia obstrutiva do sono (AOS) compreende episódios de oclusão parcial ou também completa das vias respiratórias superiores durante o sono e provoca a cessação da respiração. Os sintomas são roncos e, algumas vezes, sono inquieto, sudorese noturna, cefaleia matinal e problemas de concentração. As complicações de AOS podem incluir distúrbios comportamentais e de aprendizagem, perturbações do crescimento, cor pulmonale e hipertensão pulmonar. O diagnóstico baseia-se na história do sono e na polissonografia. O tratamento geralmente consiste em adenotonsilectomia.

(Ver também Apneia obstrutiva do sono.)

A prevalência da apneia obstrutiva do sono em crianças é cerca de 2% (1). A condição é subdiagnosticada e pode causar sequelas graves.

Referência geral

  1. 1. Lumeng JC, Chervin RD: Epidemiology of pediatric obstructive sleep apnea. Proc Am Thorac Soc 5(2):242–252, 2008. doi:10.1513/pats.200708-135MG

Etiologia da AOS em crianças

Os fatores de risco para apneia obstrutiva do sono em crianças são:

Sinais e sintomas da AOS em crianças

Na maioria das crianças com AOS, os pais observam ronco; contudo, este pode não ser relatado mesmo quando a AOS é grave. Outros sintomas relacionados com o sono podem incluir sono agitado, sudorese noturna e detecção de apneia. As crianças podem ter enurese noturna.

Os sinais e sintomas diurnos podem incluir obstrução nasal, respiração bucal, cefaleia matinal, problemas de concentração e hiperatividade (isto é, como uma manifestação da sonolência). A sonolência diurna é menos comum do que entre adultos com AOS.

Dicas e conselhos

  • A sonolência diurna é menos comum em crianças com apneia obstrutiva do sono do que em adultos.

As complicações da AOS podem incluir problemas de aprendizagem, problemas comportamentais, cor pulmonale, hipertensão pulmonar e distúrbio do crescimento.

O exame pode revelar-se sem anormalidades anatômicas ou pode mostrar anormalidades faciais, nasais, ou orais que contribuem para a obstrução, aumento do componente pulmonar da 2ª bulha cardíaca, ou distúrbios do crescimento.

Diagnóstico da AOS em crianças

  • Polissonografia amigável a crianças com oximetria e monitoramento do dióxido de carbono expirado final

Considera-se a apneia obstrutiva do sono em crianças com ronco ou fatores de risco (1). Se houver sintomas de AOS, fazer o exame diagnóstico em um laboratório de estudos do sono pela polissonografia noturna que inclui monitoramento da oximetria e da expiração final de dióxido de carbono. Os critérios polissonográficos para o diagnóstico (índice de apneia-hipopneia > 2/hora) são mais baixos do que para adultos. A polissonografia domiciliar também pode ser utilizada, mas é menos provável que seja bem-sucedida na obtenção de dados precisos.

A polissonografia pode confirma o diagnóstico da AOS, mas o diagnóstico também requer que a criança não tenha uma doença cardíaca ou pulmonar que poderia explicar as anormalidades polissonográficas. Análise do estágio do sono e os efeitos da posição durante a polissonografia podem ajudar a indicar a contribuição da obstrução das vias respiratórias superiores. Portanto, os resultados da polissonografia podem ajudar a determinar o tratamento inicial [p. ex., tonsilectomia, pressão positiva contínua das vias respiratórias (CPAP)].

Avaliam-se os pacientes com AOS com outros testes com base na suspeita clínica de comorbidades. Outros testes podem incluir ECG, radiografia de tórax, gasometria arterial e exames de imagem das vias respiratórias superiores ou nasofaringoscopia flexível.

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Gulotta G, Iannella G, Vicini C, et al: Risk factors for obstructive sleep apnea syndrome in children: state of the art. Int J Environ Res Public Health 16(18):3235, 2019. doi:10.3390/ijerph16183235

Tratamento da AOS em crianças

  • Às vezes, conduta expectante

  • Adenotonsilectomia ou correção de micrognatia congênita

  • Pressão positiva contínua das vias respiratórias e/ou perda ponderal com suporte intensivo

Conduta expectante por até 6 meses pode ser apropriada para crianças pequenas saudáveis com AOS leve, mas sem sintomas durante o dia ou anormalidades graves na polissonografia.

A adenotonsilectomiaé geralmente eficaz em crianças com apneia obstrutiva do sono que de outra maneira são saudáveis e têm tonsilas e/ou adenoides aumentadas. A adenotonsilectomia também pode melhorar alguns comportamentos, a qualidade de vida e a pressão arterial em comparação com a conduta expectante (1). A adenoidectomia realizada isoladamente muitas vezes é ineficaz. O risco de obstrução das vias respiratórias no peroperatório é maior entre as crianças com AOS do que entre crianças sem AOS submetidas à adenotonsilectomia; assim, é importante acompanhar atentamente.

As crianças não saudáveis, com anormalidades anatômicas complexas, ou condições genéticas que alteram o controle respiratório, ou com complicações cardiopulmonares devem consultar um médico com experiência no tratamento de AOS em crianças. A adenotonsilectomia pode ser eficaz ou proporcionar algum alívio (2). Dependendo da anormalidade anatômica que causa a AOS, um procedimento cirúrgico alternativo pode ser indicado (p. ex., uvulopalatofaringoplastia, cirurgias de língua ou terço médio da face).

Pode-se utilizarpressão positiva contínua das vias respiratórias (CPAP) em crianças que não são candidatas à cirurgia corretiva ou que continuam a ter AOS após a adenotonsilectomia (3).

Como a obesidade em crianças é um fator de risco de AOS, a perda ponderal pode diminuir a gravidade da AOS em crianças com obesidade e tem outros benefícios para a saúde, mas raramente é tratamento suficiente para a AOS como monoterapia a longo prazo.

Suplementaçãode oxigênio noturna de pode ajudar a prevenir a hipoxemia até que o tratamento definitivo possa ser alcançado (4).

O tratamento da rinite alérgica deve ser intensivo. Os corticoides e antibióticos geralmente não são indicados.

Referências sobre tratamento

  1. 1. Redline S, Cook K, Chervin RD, et al: Adenotonsillectomy for Snoring and Mild Sleep Apnea in Children: A Randomized Clinical Trial. JAMA 330(21):2084–2095, 2023. doi:10.1001/jama.2023.22114

  2. 2. Bitners AC, Arens R: Evaluation and management of children with obstructive sleep apnea syndrome. Lung 198(2):257-270, 2020. doi:10.1007/s00408-020-00342-5

  3. 3. Waters KA, Everett FM, Bruderer JW, Sullivan CE: Obstructive sleep apnea: the use of nasal CPAP in 80 children. Am J Respir Crit Care Med 152(2):780–785, 1995. doi:10.1164/ajrccm.152.2.7633742

  4. 4. Aljadeff G, Gozal D, Bailey-Wahl SL, Burrell B, Keens TG, Ward SL: Effects of overnight supplemental oxygen in obstructive sleep apnea in children. Am J Respir Crit Care Med 153(1):51–55, 1996. doi:10.1164/ajrccm.153.1.8542162

Pontos-chave

  • Alguns fatores de risco para apneia obstrutiva do sono (AOS) em crianças são obesidade, tonsilas ou adenoides alargadas, anormalidades anatômicas (incluindo craniofaciais), anormalidades genéticas, medicamentos e distúrbios que causam hipertonia ou hipotonia.

  • Problemas comportamentais e de aprendizagem são complicações potencialmente graves.

  • Diagnosticar a AOS infantil com base nos sintomas confirmados pelo profissional de saúde e resultado da polissonografia.

  • Corrigir as causas anatômicas da obstrução (p. ex., com uma adenotonsilectomia ou correção da micrognatia).

  • Considerar o uso de pressão positiva contínua das vias respiratórias e/ou perda ponderal se a cirurgia não é indicada ou não é completamente eficaz.

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