Encefalopatia traumática crônica (ETC) é uma doença degenerativa progressiva do cérebro que pode ocorrer após trauma craniano repetitivo ou lesões por explosão.
(Ver também Visão geral de delirium e demência e Demência.)
Demência pugilística, identificada em pugilistas na década de 1920, e encefalopatia traumática crônica, um termo mais recente, são consideradas a mesma doença. Encefalopatia traumática crônica foi amplamente estudada. É reconhecida em alguns jogadores de futebol americano amadores e profissionais aposentados e em outros atletas que tiveram traumatismo cranioencefálico repetitivo e em alguns soldados com lesão cerebral secundária a lesões encefálicas fechadas por causa de trauma por explosão.
A razão pela qual somente certas pessoas com trauma craniano repetitivo desenvolvem encefalopatia traumática crônica e quais são os riscos de desenvolvê-la depois de vários traumas cranianos (p. ex., quantos, quanta força) são atualmente desconhecidos. Cerca de 3% dos atletas que tiveram múltiplas (mesmo aparentemente menores) concussões desenvolvem encefalopatia traumática crônica.
Patologicamente, encefalopatia traumática crônica é caracterizada pela deposição da proteína tau hiperfosforilada como emaranhados neurofibrilares, mais proeminentemente nos espaços perivasculares, profundidade de sulcamento cortical e áreas subpiais e periventriculares.
Sinais e sintomas da encefalopatia traumática crônica
Os sintomas iniciais de encefalopatia traumática crônica tipicamente incluem ≥ 1 dos seguintes:
Perturbação do humor: depressão, irritabilidade e/ou desesperança
Anomalias comportamentais: impulsividade, explosividade e/ou agressão
Comprometimento cognitivo: perda de memória, disfunção executiva e/ou demência
Anormalidades motoras: parkinsonismo, ataxia e/ou disartria
Existem dois cursos clínicos distintos:
Distúrbios do humor e anormalidades comportamentais se desenvolvem durante a idade adulta jovem (p. ex., durante aos 30 anos), e a disfunção cognitiva se desenvolve mais tarde.
O comprometimento cognitivo desenvolve mais tarde na vida (p. ex., aos 60 anos de idade) e distúrbios do humor e anormalidades comportamentais podem se desenvolver após comprometimento cognitivo.
Diagnóstico da encefalopatia traumática crônica
Critérios clínicos
Os critérios para o diagnóstico clínico da encefalopatia traumática crônica incluem:
História de traumatismo craniano
Sinais e sintomas consistentes com ETC
Ausência de uma explicação mais provável dos resultados clínicos
Esses critérios também são utilizados em pesquisas.
Resultados de neuroimagem de rotina como TC ou RM geralmente são normais. Atualmente, não há nenhum biomarcador in vivo objetivo e validado da encefalopatia traumática crônica.
Um diagnóstico definitivo de encefalopatia traumática crônica baseia-se em exame neuropatológico durante a autópsia.
Tratamento da encefalopatia traumática crônica
Medidas de suporte
Não há tratamento específico para a encefalopatia traumática crônica.
Se a demência se desenvolver medidas de suporte, como para outras demências, podem ajudar. Por exemplo, o ambiente deve ser iluminado, alegre e familiar, e deve ser projetado para reforçar a orientação (p. ex., colocar grandes relógios e calendários no ambiente). Medidas para garantir a segurança do paciente (p. ex., sistemas de monitoramento de sinal para os pacientes que perambulam) devem ser implementadas.
Questões sobre o fim de vida
Considerando que ocorre degeneração da percepção e do julgamento em pacientes com demência, pode haver necessidade de designar um familiar, tutor ou advogado para supervisionar as finanças. No início da demência, antes de o paciente ficar incapacitado, seus desejos sobre os cuidados devem ser esclarecidos e realizados planejamentos financeiros e legais (p. ex., procuração para cuidados de saúde). Quando esses documentos são assinados, deve-se avaliar a capacidade do paciente e registrar os resultados da avaliação. O ideal é tomar decisões sobre alimentacão artificial e tratamento de doenças agudas antes que tais medidas sejam necessárias.
Na demência avançada, as medidas paliativas podem ser mais apropriadas que as intervenções altamente agressivas ou internações hospitalares.
Prevenção da encefalopatia traumática crônica
Medidas preventivas são a intervenção mais importante. Como a encefalopatia traumática crônica normalmente resulta de lesões cranianas repetidas, pessoas que tiveram uma concussão são aconselhadas a descansar e retornar gradualmente a atividades esportivas. Aqueles que tiveram várias concussões ser aconselhados sobre os riscos de jogar continuamente.