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Visão geral das anomalias gastrointestinais congênitas

PorJaime Belkind-Gerson, MD, MSc, University of Colorado
Reviewed ByAlicia R. Pekarsky, MD, State University of New York Upstate Medical University, Upstate Golisano Children's Hospital
Revisado/Corrigido: modificado ago. 2023
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Visão Educação para o paciente

A maioria das anomalias gastrointestinais (GI) congênitas se apresenta como obstrução intestinal e frequentemente se manifesta como dificuldades alimentares, distensão, êmese e incapacidade de eliminar gases e fezes ao nascimento ou em 1 ou 2 dias de idade. Algumas malformações GI congênitas, como má rotação, têm um desfecho muito favorável, enquanto outras, como a hérnia diafragmática congênita, têm um desfecho desfavorável (incluindo uma taxa de mortalidade de 10 a 30% ou até mais, dependendo do estudo) (1).

Um tipo comum de anomalia é a atresia, na qual um segmento do trato GI não consegue se formar ou se desenvolver de maneira normal, ou se forma e então é destruído por um evento intrauterino (ruptura vascular). A mais usual é a atresia esofágica, seguida pelas anomalias das regiões jejunoileal e duodenal.

A abordagem imediata inclui descompressão intestinal (por sucção nasogástrica contínua para evitar êmeses, que podem, por aspiração, causar pneumonia ou posterior distensão abdominal com insuficiência respiratória) e encaminhar para um centro de cirurgia neonatal. Também são vitais a manutenção da temperatura corporal, a prevenção da hipoglicemia e da desidratação com fluidos intravenosos contendo 10% de glicose e eletrólitos, e a prevenção ou tratamento da acidose e de infecções para que o lactente esteja em condições ideais para a cirurgia.

Como cerca de um terço dos lactentes com malformações gastrointestinal podem ter outros tipos de anomalias congênitas (p. ex., até 50% nos que têm hérnia diafragmática em até 70% nos portadores de onfalocele), deve-se proceder à avaliação de outras malformações pertinentes, principalmente do sistema nervoso central, do coração e dos rins.

Obstrução esofágica, gástrica e duodenal

Obstrução esofágica, gástrica, duodenal e, às vezes, jejunal devem ser consideradas quando excesso de líquido amniótico (polidrâmnio) é observado em uma ultrassonografia pré-natal, porque essas obstruções impedem o feto de engolir e absorver o líquido amniótico.

Depois que a estabilidade cardiovascular é alcançada após o parto, uma sonda nasogástrica deve ser introduzida no estômago do neonato. O encontro de grandes quantidades de líquido no estômago, especialmente se corado de bile, lembra o diagnóstico de obstrução gastrointestinal alta. A incapacidade de passar a sonda para o estômago sugere atresia esofágica. Depois que o neonato está estável, estudos radiográficos são realizados para avaliação adicional.

Obstrução jejunoileal e do intestino grosso

(Ver também Íleo meconial ou síndrome da rolha de mecônio.)

A obstrução do jejuno e íleo pode ocorrer como resultado da atresia jejunoileal, má rotação ou íleo meconial. A obstrução do intestino grosso normalmente decorre da síndrome do plugue meconial, atresia colônica ou atresia anal.

Em muitos casos, não há histórico de polidrâmnio materno porque grande parte do líquido amniótico deglutido pode ser absorvida no intestino proximal à obstrução. Doenças que resultam em obstrução intestinal, exceto má rotação, duplicação intestinal e doença de Hirschsprung, geralmente se manifestam nos primeiros dias de vida com problemas alimentares, distensão abdominal e êmese, que pode ser biliosa ou fecaloide. O neonato pode evacuar pequena quantidade de mecônio inicialmente, mas depois disso não consegue evacuar fezes. Má rotação, duplicação intestinal e doença de Hirschsprung podem manifestar-se nos primeiros dias de vida ou em alguns casos, mesmo apenas anos mais tarde. A doença de Hirschsprung pode se apresentar como perfuração colônica neonatal (2).

A abordagem diagnóstica geral e o tratamento pré-operatório incluem:

  • Sem ingestão de alimentos ou líquidos por via oral

  • Uma sonda nasogástrica para evitar distensão intestinal adicional ou possível broncoaspiração do vômito

  • Corrigir desequilíbrios de líquidos e eletrólitos

  • Série de radiografias abdominais

Além disso, um enema contrastado pode ser útil para delinear a anatomia e também pode aliviar a obstrução em neonatos com síndrome do tampão meconial ou íleo meconial. Se houver suspeita de doença de Hirschsprung pelo enema contrastado, é necessária uma biópsia retal confirmatória. Uma biópsia é positiva se for desprovida de células ganglionares intestinais (neurônios entéricos).

Defeitos no fechamento da parede abdominal

Vários defeitos congênitos envolvem a parede abdominal (p. ex., onfalocele, gastrosquise), causando protrusão das vísceras ao longo do defeito.

Referências

  1. 1. Guner YS, Delaplain PT, Zhang L, et al: Trends in Mortality and Risk Characteristics of Congenital Diaphragmatic Hernia Treated With Extracorporeal Membrane Oxygenation. ASAIO J 65(5):509-515, 2019. doi:10.1097/MAT.0000000000000834

  2. 2. Komuro H, Urita Y, Hori T, et al: Perforation of the colon in neonates. J Pediatr Surg 40(12):1916-1919, 2005. doi:10.1016/j.jpedsurg.2005.08.006

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