Algumas causas de dor torácica

Causa*

Achados sugestivos

Abordagem diagnóstica†

Cardiovascular

Isquemia do miocárdio (infarto do miocárdio grave/angina instável/angina)

Dor aguda escruciante que irradia para a mandíbula ou braço

Dor desencadeada ao esforço e aliviada com repouso (angina de peito)

Galope B4

Às vezes, sopros sistólicos da regurgitação mitral

Muitas vezes PIC‡

ECGs e marcadores cardíacos seriados

As vezes, ecocardiograma

Deve-se considerar testes de esforço com imagem ou angiografia por TC em pacientes com achados ECG negativos ou inalterados e sem elevação nos marcadores cardíacos no teste seriado

Frequentemente, cateterismo cardíaco e angiocoronariografia se os resultados são positivos

Dissecção da aorta torácica

Dor súbita dilacerante irradiando-se para as costas

Alguns pacientes têm síncope, acidente vascular encefálico ou isquemia no membro inferior

Pulso ou PA pode ser assimétrico nas extremidades

Idade > 55 anos

Hipertensão

Achados alarmantes‡

Radiografia de tórax, que pode revelar alargamento do mediastino

Ecocardiografia transesofágica ou TC ou angiografia por ressonância magnética para confirmação

Miocardite

Febre, dispneia, fadiga, dor no peito (se miopericardite), infecção viral recente ou outra

Às vezes, achados de insuficiência cardíaca, pericardite, ou ambos

ECG

Enzimas cardíacas

VHS

Proteína C reativa

Em geral, ecocardiografia ou RM cardíaca

Pericardite

Dor aguda constante ou intermitente, muitas vezes agravada pela respiração, deglutição de alimentos ou em decúbito dorsal e é aliviada ao sentar-se ou inclinar-se para a frente

Atrito pericárdico

Distensão venosa jugular (em caso de pericardite constritiva ou derrame pericárdico grande ou que se acumula rapidamente)

ECG

Marcadores cardíacos séricos (às vezes mostrando elevação mínima dos níveis de troponina e CK-MB em caso de miocardite associada)

Ecocardiograma transtorácico

Gastrointestinal

Ruptura esofágica

Dor forte e súbita após vômitos ou manipulação do esôfago (p. ex., esofagogastroscopia ou ecocardiograma transesofágico)

Crepitação subcutânea detectada durante a ausculta

Múltiplos PIC‡

Radiografia de tórax

Esofagografia com contraste hidrossolúvel para confirmação

Pancreatite

Dor na região epigástrica ou parte inferior do tórax que muitas vezes piora ao se deitar e é aliviada ao inclinar-se para a frente

Vômitos

Sensibilidade abdominal superior

Choque

Muitas vezes, história de abuso de álcool ou doença do trato biliar

Lipase sérica

TC abdominal

Doença do trato biliar

Desconforto epigástrico recorrente no hipocôndrio direito ou após as refeições (mas não por esforço)

Ultrassonografia da vesícula biliar

Às vezes cintilografia biliar (cálculo do ácido iminodiacético hepático [HIDA])

Distúrbios de motilidade esofágica

Dor de longa duração de início insidioso que pode ou não estar associada à deglutição

Normalmente dificuldade de deglutição

Exame contrastado com bário

Manometria esofágica

Doença de refluxo esofágico (DRGE)

Dor recorrente queimando irradiando do epigástrio para a garganta que é exacerbada curvando-se ou deitando-se e aliviada por antiácidos

Avaliação clínica

Algumas vezes, endoscopia

Às vezes, testes de motilidade

Úlcera péptica

Desconforto epigástrico vago e recorrente, sobretudo em um paciente tabagista ou que utiliza álcool em excesso, que é aliviado por alimentos, antiácidos, ou ambos

Nenhum sinal de alerta‡

Algumas vezes, endoscopia

Avaliação clínica

Algumas vezes testes para Helicobacter pylori

Pulmonar

Embolia pulmonar

Frequentemente dor pleurítica, dispneia, taquicardia

Às vezes, febre baixa, hemoptise, choque

Mais provável quando fatores de risco estão presentes

Varia de acordo com a suspeita clínica (critérios de Wells)

Algumas vezes, dímero D

Às vezes, angiografia pulmonar por TC

Pneumotórax hipertensivo

Dispneia significativa, hipotensão, distensão das veias do pescoço, sons respiratórios unilateralmente diminuídos e hiperressonância à percussão

Algumas vezes, ar subcutâneo

Geralmente clínico

Óbvio na radiografia de tórax

Às vezes, ultrassonografia imediata à beira do leito

Pneumonia

Febre, calafrios, tosse e algumas vezes catarro purulento

Muitas vezes, dispneia, taquicardia, sinais de consolidação pulmonar

Radiografia de tórax

Pneumotórax

Ocasionalmente murmúrio respiratório diminuído unilateralmente, enfisema subcutâneo

Radiografia de tórax

Às vezes, ultrassonografia ou TC de tórax

Pleurite

Pneumonia, embolia pulmonar ou infecção respiratória viral podem preceder

Dor ao respirar, tosse

Às vezes atrito pleural, mas do contrário o exame é sem alterações

Em geral, avaliação clínica

Às vezes, radiografia de tórax

Outros

Vários cânceres torácicos

Dor variável, mas às vezes pleurítica

Às vezes, tosse crônica, história de tabagismo, sinais de doença crônica (perda ponderal, febre), linfadenopatia cervical

Radiografia de tórax

TC de tórax se os achados radiográficos são compatíveis com câncer

Cintilografia óssea considerada para dor persistente e focal nos arcos costais

Fibromialgia

Dor quase constante que afeta múltiplas áreas do corpo, bem como o peito

Normalmente, fadiga e sono de má qualidade

Múltiplos pontos de gatilho

Avaliação clínica

Infecção por herpes-zóster

Dor aguda, em faixa, unilateralmente no tórax

Exantema dermatomal, unilateral e vesicular clássico

A dor pode preceder o exantema por vários dias

Avaliação clínica

Dor torácica músculo-esquelética (p. ex., decorrente de trauma, uso exagerado ou costocondrite)

Muitas vezes sugerida com base na história

Dor geralmente persistente (tipicamente dias ou mais prolongada) que piora com movimentação passiva e ativa

Sensibilidade focal ou difusa

Avaliação clínica

Idiopática

Várias características

Nenhum sinal de alerta‡

Diagnóstico por exclusão

*A gravidade das causas varia conforme indicado:

1Ameaças de vida imediatas.

2Ameaças de vida potenciais.

3Desconfortável, mas geralmente não perigosa.

†A maioria dos pacientes deve ser submetida à oximetria de pulso, ECG e radiografia de tórax (testes básicos). Se houver suspeita de isquemia coronariana, marcadores cardíacos séricos (troponina, CK-MB) também devem ser verificados.

‡Achados alarmantes incluem sinais vitais anormais (taquicardia, bradicardia, taquipneia, hipotensão), sinais de hipoperfusão (p. ex., confusão, palidez, diaforese), falta de ar, ausculta respiratória ou pulsos assimétricos, novos sopros cardíacos ou pulso paradoxal > 10 mmHg.

VHS = velocidade de sedimentação dos eritrócitos; B4 = 4ª bulha cardíaca.

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