Aborto recorrente

PorRobert W. Rebar, MD, Western Michigan University Homer Stryker M.D. School of Medicine
Revisado/Corrigido: fev. 2024
Visão Educação para o paciente

O aborto recorrente é geralmente definido como a perda de 2 gestações. Cada aborto espontâneo deve ser seguido por uma revisão cuidadosa para determinar se é apropriado realizar uma avaliação da mulher ou do casal. O aborto recorrente não é classificado como infertilidade.

Etiologia da perda recorrente de gestação

As causas de aborto recorrente podem ser maternas, paternas, fetais ou placentárias.

As causa maternas comuns incluem

  • Anormalidades uterinas ou do colo do útero (p. ex., polipos, adesões, insuficiência do colo do útero)

  • Anormalidades cromossômicas maternas (ou paternas) (p. ex., translocações equilibradas)

  • Distúrbios crônicos mal controlados (p. ex., hipotireoidismo, hipertireoidismo, diabetes mellitus, hipertensão, doença renal crônica)

Doenças trombóticas adquiridas [p. ex., relacionadas à síndrome antifosfolipídica com anticoagulantes para lúpus, anticardiolipina (IgG ou IgM) ou glicoproteína I anti-beta2 (IgG ou IgM)] estão associados a ≥ 3 abortos recorrentes após 10 semanas, depois de outras causas genéticas e maternas serem excluídas. O aborto espontâneo em uma ou mais gestações aparentemente normais depois 10 semanas pode levantar a suspeita de síndrome antifosfolipídica (1). A associação com distúrbios trombóticos hereditários é menos clara, mas não parece ser forte, exceto, possivelmente, para mutação do fator V de Leiden.

Causas paternas são menos claras, mas o risco de aborto é maior se o homem tem determinadas anormalidades à análise do sêmen. Estudou-se a influência de uma idade paterna > 35 anos, mas os dados sobre o risco aumentado de aborto espontâneo foram conflitantes.

Causas placentárias incluem doenças crônicas preexistentes mal controladas (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico, hipertensão arterial crônica).

Causas fetais geralmente são

  • Alterações genéticas ou cromossômicas

  • Malformações anatômicas

Anormalidades cromossômicas nos fetos podem causar 50% das perdas gestacionais recorrentes; perdas devido a anormalidades cromossômicas são mais comuns durante a gestação precoce. Aneuploidias estão envolvidas em até 80% de todos os abortos espontâneos que ocorrem em gestações com < 10 semanas, mas em < 15% dos ocorridos em ≥ 20 semanas.

Se a história de perda de gestação periódica aumenta o risco de restrição do crescimento fetal e parto prematuro em gestações subsequentes depende da causa do abortos.

Referência sobre etiologia

  1. 1. Committee on Practice Bulletins—Obstetrics, American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG): Practice Bulletin No. 132: Antiphospholipid syndrome. Obstet Gynecol 120 (6):1514–1521, 2012. doi:10.1097/01.AOG.0000423816.39542.0f

Diagnóstico da perda recorrente de gestação

  • Avaliação clínica

  • Testes para identificar a causa

O diagnóstico da aborto recorrente é clínico, com base na história de 2 ou mais abortos espontâneos prévios.

A avaliação do aborto recorrente deve incluir os seguintes para ajudar a determinar a causa:

  • Avaliação genética (cariotipagem) de ambos os pais e quaisquer produtos da concepção como indicado clinicamente para excluir possíveis causas genéticas

  • Triagem para doenças trombóticas aquiridas: anticorpos anticardiolipina (IgG e IgM), glicoproteína I anti-beta2 (IgG e IgM) e anticoagulante lúpico

  • Hormônio estimulador da tireoide

  • Testes para diabetes

  • Histerossalpingografia ou sono-histerografia com infusão de solução salina para verificar a presença de anormalidades estruturais uterinas

A causa não pode ser determinada em até 50% das mulheres. A triagem para distúrbios trombóticos hereditários não é recomendada rotineiramente, a menos que supervisionada por um especialista em medicina materno-fetal.

Tratamento da perda recorrente de gestação

  • Tratamento da causa se possível

Pode-se tratar algumas causas do aborto recorrente. Se a causa não puder ser identificada, a chance de nascimento vivo na próxima gestação sérá de 27 a 75% (1, 2, 3).

Referências sobre tratamento

  1. 1. Brigham SA, Conlon C, Farquharson RG: A longitudinal study of pregnancy outcome following idiopathic recurrent miscarriage. Hum Reprod 14 (11):2868–2871, 1999. doi: 10.1093/humrep/14.11.2868

  2. 2. Edlow AG, Srinivas SK, Elovitz MA: Second-trimester loss and subsequent pregnancy outcomes: What is the real risk? Am J Obstet Gynecol 197(6):581.e1–581.e6, 2007. doi: 10.1016/j.ajog.2007.09.016

  3. 3. Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine. Evaluation and treatment of recurrent pregnancy loss: a committee opinion. Fertil Steril. 2012;98(5):1103-1111. doi:10.1016/j.fertnstert.2012.06.048

Pontos-chave

  • Aborto recorrente é ≥ 2 abortos espontâneos.

  • As causas de aborto recorrente podem ser maternas, paternas, fetais ou placentárias.

  • Anomalias cromossômicas (particularmente aneuploidia) podem causar 50% das perdas gestacionais recorrentes.

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