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Visão geral das pneumonias intersticiais idiopáticas

PorJoyce Lee, MD, MAS, University of Colorado School of Medicine
Reviewed ByRichard K. Albert, MD, Department of Medicine, University of Colorado Denver - Anschutz Medical
Revisado/Corrigido: modificado jul. 2023
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Visão Educação para o paciente
As pneumonias intersticiais idiopáticas são doenças pulmonares intersticiais de etiologia desconhecida que compartilham características clínicas semelhantes. Classificadas em 8 subtipos histológicos, todas se caracterizam por graus variáveis de inflamação e fibrose e todas desencadeiam dispneia. O diagnóstico baseia-se em história, exame físico, imagem por TC de alta resolução, testes de função pulmonar e biópsia pulmonar. O tratamento varia de acordo com o subtipo. O prognóstico varia com o subtipo e oscila entre excelente e quase sempre fatal.

Recursos do assunto

Os 8 subtipos histológicos da pneumonia intersticial idiopática (PII), em ordem decrescente de frequência, são

Esses subtipos caracterizam-se por vários graus de inflamação e fibrose intersticial (1). Todos desencadeiam dispneia; anormalidades difusas na TC de alta resolução; e inflamação e/ou fibrose na biópsia. Entretanto, a distinção entre os subtipos é importante, uma vez que revelam características clínicas (ver tabela Características fundamentais das pneumonias intersticiais idiopáticas) e respostas ao tratamento diferentes.

Tabela
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Referência geral

  1. 1. Travis WD, Costabel U, Hansell DM, et al: An Official American Thoracic Society/European Respiratory Society Statement: Update of the International Multidisciplinary Classification of the Idiopathic Interstitial Pneumonias. Am J Respir Crit Care Med 188 (6):733–748, 2013.

Sinais e sintomas das pneumonias intersticiais idiopáticas

Em geral, os sinais e sintomas das pneumonias intersticiais idiopáticas são inespecíficos. A tosse e a dispneia aos esforços são comuns, com início e progressão variáveis. Os sinais mais comuns incluem taquipneia, expansão torácica reduzida e estertores secos em ambas as bases no final da inspiração e baqueteamento digital.

Diagnóstico das pneumonias intersticiais idiopáticas

  • TC de alta resolução (TCAR)

  • Testes de função pulmonar

  • Exames laboratoriais

  • Às vezes, biópsia pulmonar

Deve-se suspeitar da pneumonia intersticial idiopática em qualquer paciente com doença pulmonar intersticial inexplicada. Os médicos, os radiologistas e os patologistas devem trocar informações para determinar o diagnóstico de cada paciente. Potenciais causas (ver tabela Causas da doença pulmonar intersticial) são avaliadas sistematicamente. Para máxima eficácia diagnóstica, a história deve abordar os seguintes critérios:

  • Duração dos sintomas

  • História familiar de doença pulmonar, especialmente fibrose pulmonar

  • História de tabagismo (porque algumas doenças ocorrem principalmente entre fumantes ou ex-fumantes)

  • Fármacos em uso atual e anterior

  • Revisão detalhada dos ambientes domésticos e ocupacionais, incluindo também os dos membros da família

Fazer uma lista cronológica de toda a história ocupacional do paciente, incluindo funções específicas e exposições conhecidas a agentes orgânicos e inorgânicos (ver tabela Causas da doença pulmonar intersticial). Questiona-se a respeito do grau de exposição, da duração da exposição, da latência da exposição e da utilização de dispositivos de proteção.

Fazer radiografia de tórax, que geralmente é anormal, mas os achados não são específicos o suficiente para diferenciar entre os vários tipos.

Frequentemente fazem-se testes de função pulmonar para estimar a gravidade da deficiência fisiológica, mas eles não possibilitam diferenciar entre os vários tipos. Os resultados típicos são de fisiologia restritiva, com volumes pulmonares e capacidade de difusão reduzidos. A hipoxemia é comum durante o exercício e pode estar presente em repouso.

A TCAR, que distingue o espaço aéreo da doença intersticial, é o exame mais útil e é sempre feito. Isso oferece a avaliação da potencial etiologia, extensão e distribuição da doença e tem maior probabilidade de detectar doença subjacente ou coexistente (como linfadenopatia mediastinal oculta, câncer e enfisema). A TCAR deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal e ventral. Deve incluir imagens expiratórias dinâmicas para acentuar evidências de envolvimento das vias respiratórias de pequeno calibre.

Realizam-se testes laboratoriais em pacientes que têm características clínicas que sugerem uma doença reumática sistêmica, vasculites ou exposição ambiental. Esses testes podem incluir anticorpos antinucleares, fator reumatoide e outros testes sorológicos mais específicos para doenças reumáticas sistêmicas [p. ex., antipeptídeo citrulinado cíclico (CCP), ribonucleoproteína (RNP), anti-Ro (SSA), anti-La (SSB), anticorpo da esclerodermia [Scl70], anticorpo anti-Jo-1, painel de anticorpos para miosite].

A biópsia transbrônquica broncoscópica pode ajudar a diferenciar certas doenças pulmonares intersticiais, como sarcoidose e pneumonite por hipersensibilidade, mas a biópsia não produz tecidos suficientes para diagnosticar pneumonias idiopáticas intersticiais. O lavado broncoalveolar ajuda a estreitar o diagnóstico diferencial em alguns pacientes e pode excluir outros processos, como infecção. Autilidade desse procedimento na avaliação clínica inicial e no seguimento clínico da maioria dos pacientes com essas doenças não está estabelecida.

A criobiópsia, técnica que congela rapidamente o tecido pulmonar pouco antes da sua remoção, está sendo investigada como ferramenta para o diagnóstico de certas doenças pulmonares intersticiais. A quantidade de tecido é maior do que a da biópsia transbrônquica, porém menor do que a da biópsia pulmonar por cirurgia. Os riscos do procedimento são sangramento e pneumotórax. A criobiopsia transbrônquica pode ser considerada uma alternativa à biópsia pulmonar cirúrgica em centros com experiência em realizá-la e interpretar seus resultados.

A biópsia pulmonar cirúrgica geralmente é necessária para confirmar o diagnóstico quando a história e a TCAR não são diagnósticos. Biópsia de múltiplos locais com cirurgia torácica videoassistida (CTVA) é o procedimento preferido.

Tratamento das pneumonias intersticiais idiopáticas

  • Varia de acordo com a doença

  • Às vezes, antifibróticos ou corticoides

  • Às vezes, transplante de pulmão

O tratamento varia de acordo com a doença (ver tabela Tratamento e prognóstico das pneumonias intersticiais idiopáticas). Parar de fumar é sempre recomendável para evitar a progressão potencialmente acelerada da doença e limitar comorbidades respiratórias.

Antifibróticos (pirfenidona, nintedanibe) são normalmente recomendados para fibrose pulmonar idiopática e podem ser considerados em formas progressivas de outros tipos de fibrose pulmonar.

Corticoides são tipicamente recomendados para a pneumonia em organização criptogênica, pneumonia intersticial linfocítica e pneumonia intersticial inespecífica, mas não para fibrose pulmonar idiopática.

O transplante de pulmão pode ser recomendado para pacientes selecionados com doenças em fase terminal.

Tabela
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Pontos-chave

  • Há 8 subtipos histológicos da pneumonia intersticial idiopática.

  • Os sinais, sintomas e achados radiográficos do tórax são inespecíficos.

  • Diagnosticar pneumonia intersticial idiopática primariamente pela anamnese e pela TC de alta resolução (TCAR).

  • Quando a avaliação clínica e a TCAR não são diagnósticas, fazer biópsia pulmonar cirúrgica.

  • O tratamento e o prognóstico variam de acordo com o subtipo.

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