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Gastrite atrófica metaplásica autoimune

PorNimish Vakil, MD, University of Wisconsin School of Medicine and Public Health
Reviewed ByMinhhuyen Nguyen, MD, Fox Chase Cancer Center, Temple University
Revisado/Corrigido: modificado jan. 2025
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Visão Educação para o paciente
Gastrite atrófica autoimune metaplástica consiste em doença hereditária autoimune que ataca as células parietais, causando hipocloridria e diminuição da produção de fator intrínseco. São suas consequências a gastrite atrófica, a má absorção de vitamina B12 e, com frequência, a anemia perniciosa. O risco de carcinoma gástrico está aumentado 3 vezes. O diagnóstico é por endoscopia. O tratamento consiste em uso parenteral de vitamina B12.

Recursos do assunto

(Ver também Visão geral da secreção ácida e Visão geral da gastrite.)

Etiologia da GAMA

Pacientes com gastrite atrófica autoimune metaplástica (GAMA) têm anticorpos contra as células parietais e seus componentes (os quais incluem o fator intrínseco e a bomba de prótons H+, K+-ATPase). A GAMA é adquirida por herança autossômica dominante.

Alguns pacientes também desenvolvem tireoidite de Hashimoto; inversamente, até um terço dos pacientes com doença autoimune da tireoide também tem gastrite autoimune (1).

Referência sobre etiologia

  1. 1. Shah SC, Piazuelo MB, Kuipers EJ, Li D: AGA Clinical Practice Update on the Diagnosis and Management of Atrophic Gastritis: Expert Review. Gastroenterology 161(4):1325–1332.e7, 2021. doi:10.1053/j.gastro.2021.06.078

Complicações da GAMA

Complicações da GAMA incluem

  • Deficiência de vitamina B12

  • Adenocarcinoma gástrico

  • Tumor neuroendócrino

A falta do fator intrínseco leva à deficiência de vitamina B12, que pode resultar em anemia megaloblástica (anemia perniciosa) ou sintomas neurológicos (degeneração combinada subaguda).

As áreas de atrofia gástrica no corpo e antro podem se manifestar como metaplasia. A metaplasia intestinal do epitélio gástrico é uma condição em que as células epiteliais gástricas são substituídas por células que têm as características das células intestinais. Os pacientes com GAMA têm risco relativo aumentado de desenvolver adenocarcinoma gástrico.

Pacientes com atrofia da glândula e/ou metaplasia intestinal com distribuição multifocal, como na curvatura menor do corpo e no fundo gástrico, têm um fenótipo denominado gastrite atrófica multifocal. O comprometimento multifocal é considerado "extenso", em contraste com "acentuado", que se refere à gravidade em um local específico. O risco de adenocarcinoma gástrico é maior entre os pacientes com gastrite atrófica multifocal.

A hipocloridria causa hiperplasia de células G e aumento dos níveis de gastrina sérica [frequentemente > 1000 pg/mL (> 481 pmol/L)]. Níveis aumentados de gastrinemia causam hiperplasia de células semelhantes a enterocromafins, as quais ocasionalmente podem originar tumor neuroendócrino.

Sinais e sintomas da GAMA

As manifestações da gastrite atrófica metaplásica autoimune (GAMA) são poucas e inespecíficas, embora alguns pacientes tenham desconforto abdominal superior.

Os sinais e sintomas de deficiência de vitamina B12 podem ser mínimos inicialmente, pois a anemia se desenvolve lentamente, mas fadiga e fraqueza acabam ocorrendo. As manifestações neurológicas ocorrem independentemente da anemia, mas geralmente começam com diminuição na sensação de posição e vibratória dos membros, acompanhadas de fraqueza leve a moderada e hiporreflexia.

Diagnóstico de GAMA

  • Biópsia endoscópica

Não existem sintomas específicos que apontam para essa doença. É mais frequentemente descoberto quando os pacientes são submetidos à endoscopia para avaliar um desconforto abdominal alto ou anemia inexplicada. Biopsia endoscópica confirma o diagnóstico. Os níveis de vitamina B12 devem ser obtidos. Anticorpos anticélulas parietais geralmente estão presentes, mas não são medidos rotineiramente.

Gastrite atrófica
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Essa visão endoscópica mostra atrofia do revestimento do fundo gástrico. Toda a mucosa é adelgaçada e atrófica.
ASTROLAB/SCIENCE PHOTO LIBRARY

A American Gastroenterological Association (AGA) recomenda testar e tratar H. pylori em pacientes com metaplasia intestinal gástrica (1). Entretanto, as diretrizes da AGA também não recomendam a endoscopia de vigilância de rotina em todos os pacientes com gastrite atrófica metaplásica autoimune e metaplasia intestinal gástrica. Pacientes com gastrite atrófica e metaplasia intestinal gástrica com maior risco de câncer gástrico podem optar por ser submetidos à vigilância, mas devem estar cientes do baixo valor da vigilância e dos potenciais efeitos adversos das endoscopias altas repetidas. Fatores que aumentam o risco de câncer de estômago incluem

  • Metaplasia incompleta

  • Metaplasia extensa

  • História familiar de câncer de estômago

  • Imigração de regiões com alta incidência de câncer gástrico como Coreia, Japão e América do Sul

Endoscopia de rotina com intervalo curto (em 1 ano) e biópsia não são recomendadas, a menos que a endoscopia inicial tenha sido inadequada ou tenha apresentado histologia de alto risco ou que o paciente tenha maior risco de câncer gástrico. Mais uma vez, a decisão de repetir a endoscopia em 1 ano deve ser tomada depois que os pacientes entenderem o baixo valor da vigilância e os potenciais efeitos adversos das endoscopias altas repetidas. Endoscopia de vigilância com intervalo mais longo (a cada 3 a 5 anos) entre os pacientes com metaplasia intestinal gástrica incidentalmente detectada pode ser razoável se a tomada de decisão compartilhada favorecer a vigilância. Não há consenso sobre a vigilância em pacientes com gastrite autoimune sem metaplasia intestinal. Uma diretriz recomenda que os tumores gástricos sejam acompanhados com endoscopias realizadas a cada 3 a 5 anos, mas não há evidências que sugiram que isso tenha uma boa relação custo-eficiência (2).

As diretrizes europeias enfatizam o uso de endoscopia de alta definição com cromoendoscopia na avaliação endoscópica de pacientes com os fatores de risco acima para câncer gástrico (3). As diretrizes recomendam endoscopia a cada 3 anos em pacientes com gastrite atrófica avançada ou em pacientes com metaplasia intestinal. Um pequeno estudo longitudinal relatou uma incidência de 10% de tumores gástricos em 3 anos em uma coorte de pacientes com gastrite atrófica autoimune e multifocal que foram submetidos à endoscopia em 3 anos, como recomendado pelas diretrizes (4).

Uma atualização de prática clínica de 2021 sobre gastrite atrófica recomenda que, em pacientes com histologia compatível com gastrite autoimune, os médicos considerem verificar os anticorpos anticélulas parietais e os anticorpos antifator intrínseco para auxiliar no diagnóstico de gastrite autoimune. Eles também recomendam que pacientes com gastrite autoimune sejam submetidos a rastreamento para doença autoimune da tireoide (5).

Referências sobre diagnóstico

  1. 1. Gupta S, Li D, El Serag HB, et al: AGA Clinical Practice Guidelines on Management of Gastric Intestinal Metaplasia. Gastroenterology 158(3):693–702, 2020. doi:10.1053/j.gastro.2019.12.003

  2. 2. Lahner E, Zagari RM, Zullo A, et al: Chronic atrophic gastritis: Natural history, diagnosis and therapeutic management. A position paper by the Italian Society of Hospital Gastroenterologists and Digestive Endoscopists [AIGO], the Italian Society of Digestive Endoscopy [SIED], the Italian Society of Gastroenterology [SIGE], and the Italian Society of Internal Medicine [SIMI]. Dig Liver Dis 51(12):1621–1632, 2019. doi: 10.1016/j.dld.2019.09.016

  3. 3. Pimentel-Nunes P, Libânio D, Marcos-Pinto R, et al: Management of epithelial precancerous conditions and lesions in the stomach (MAPS II): European Society of Gastrointestinal Endoscopy (ESGE), European Helicobacter and Microbiota Study Group (EHMSG), European Society of Pathology (ESP), and Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED) guideline update 2019. Endoscopy 51(4):365–388, 2019. doi:10.1055/a-0859-1883

  4. 4. Esposito G, Dilaghi E, Cazzato M, et al: Endoscopic surveillance at 3 years after diagnosis, according to European guidelines, seems safe in patients with atrophic gastritis in a low-risk region. Dig Liver Dis 53(4):467–473, 2021. doi: 10.1016/j.dld.2020.10.038

  5. 5. Shah SC, Piazuelo MB, Kuipers EJ, Li D: AGA Clinical Practice Update on the Diagnosis and Management of Atrophic Gastritis: Expert Review. Gastroenterology 161(4):1325–1332.e7, 2021. doi:10.1053/j.gastro.2021.06.078

Tratamento da GAMA

  • Vitamina B12 parenteral

Não há necessidade de outro tratamento além da reposição parenteral de vitamina B12.

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