Carcinoma orofaríngeo de células escamosas

PorBradley A. Schiff, MD, Montefiore Medical Center, The University Hospital of Albert Einstein College of Medicine
Revisado/Corrigido: set. 2024
Visão Educação para o paciente

Câncer orofaríngeo se refere ao câncer das tonsilas, base e um terço posterior da língua, palato mole e paredes faríngeas posteriores e laterais. O carcinoma de células escamosas compreende mais de 95% dos cânceres orofaríngeos. Tabaco e álcool são os principais fatores de risco, mas papilomavírus humano (HPV) causa a maioria desses tumores. Os sintomas incluem dor de garganta e deglutição difícil e/ou dolorosa. O tratamento é com radioterapia, quimioterapia, ou ambos, mas a cirurgia primária começou a ser utilizada mais frequentemente. A sobrevida é muito mais alta nos pacientes positivos para HPV.

(Ver também Visão geral dos tumores de cabeça e pescoço.)

Nos Estados Unidos em 2024, havia uma expectativa de > 21.000 novos casos de câncer orofaríngeo (1). Embora a incidência do câncer orofaríngeo esteja aumentando, suas taxas de cura também estão melhorando. A proporção entre homens e mulheres é > 2:1 (2).

O HPV tipo 16 é responsável pela maioria dos cânceres orofaríngeos positivos para HPV (3), e e a faixa etária dos pacientes tem diminuído à medida que a infecção por HPV se torna uma etiologia mais prevalente (4). O número de parceiros sexuais e a frequência do sexo oral são fatores importantes de risco. O risco de desenvolver câncer orofaríngeo é 16 vezes maior em pacientes positivos para HPV. Na Europa e na América do Norte, a infecção por HPV é responsável por cerca de 70 a 80% dos cânceres orofaríngeos.

Como ocorre com a maioria dos cânceres de cabeça e pescoço, o câncer orofaríngeo é mais comum entre homens mais velhos com média de idade de 61 anos. Tabaco e álcool continuam a ser fatores de risco importantes para o câncer orofaríngeo. Os pacientes que fumam mais de 1,5 maços/dia têm um risco aproximado 3 vezes maior de câncer, e os pacientes que consomem 4 ou mais bebidas/dia têm um risco aproximado 7 vezes maior. Pessoas que consomem grandes quantidades de álcool e tabaco têm um risco 30 vezes maior de desenvolver câncer orofaríngeo.

Referências gerais

  1. 1. Siegel RL, Giaquinto AN, Jemal A. Cancer statistics, 2024 [published correction appears in CA Cancer J Clin. 2024 Mar-Apr;74(2):203. doi: 10.3322/caac.21830]. CA Cancer J Clin 2024;74(1):12-49. doi:10.3322/caac.21820

  2. 2. American Cancer Society medical and editorial content team. Oral Cavity (Mouth) and Oropharyngeal (Throat) Cancer: Survival rates for oral cavity and oropharyngeal cancer. Atualizado em 1º de março de 2023. Acessado em 30 de julho de 2024.

  3. 3. Lu Y, Clifford GM, Fairley CK, et al. Human papillomavirus and p16INK4a in oropharyngeal squamous cell carcinomas: A systematic review and meta-analysis. Int J Cancer 154(5):830–841, 2024. doi:10.1002/ijc.34763

  4. 4. Gayar OH, Ruterbusch JJ, Elshaikh M, et al. Oropharyngeal carcinoma in young adults: an alarming national trend. Otolaryngol Head Neck Surg 2014;150(4):594-601. doi:10.1177/0194599813519738

Sinais e sintomas do carcinoma orofaríngeo oral de células escamosas

Os sintomas do câncer orofaríngeos variam ligeiramente, dependendo do sublocal, mas normalmente os pacientes têm dor de garganta, disfagia, dor de garganta, disartria e otalgia. Uma massa cervical, muitas vezes cística, é um sintoma comum dos pacientes com câncer orofaríngeo. Como os sintomas do câncer orofaríngeo simulam aqueles das doenças comuns das vias respiratórias superiores, frequentemente leva muitos meses antes que os pacientes sejam encaminhados a um especialista.

Diagnóstico do carcinoma orofaríngeo de células escamosas da orofaringe

  • Laringoscopia

  • Endoscopia com biópsia

  • Exames de imagem para estadiamento

Todos os pacientes devem ser submetidos a uma laringoscopia direta e biópsia antes do início do tratamento para avaliar a lesão primária e procurar lesões primárias secundárias. Pacientes com carcinoma confirmado devem ser submetidos à TC contrastada de pescoço e a maioria dos médicos também faz PET de pescoço e tórax.

A positividade para o DNA do HPV, determinada pela PCR [polymerase chain reaction], é diagnóstica do HPV. Coloração imuno-histoquímica para a p16 (uma proteína intracelular presente na maioria dos cânceres positivos para HPV, mas também em alguns cânceres negativos para HPV) é um substituto comumente utilizado para determinar a associação ao HPV.

Os critérios de estadiamento do câncer de orofaringe associado ao HPV correspondem ao envolvimento frequente dos linfonodos e melhor prognóstico desses tumores em comparação aos tumores HPV-negativos. (Ver tabelas Estadiamento patológico do câncer orofaríngeo associado ao HPV e Estadiamento patológico do câncer orofaríngeo não associado ao HPV.)

Tabela
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Tratamento do carcinoma orofaríngeo oral de células escamosas

  • Cirurgia, frequentemente microcirurgia transbucal a laser

  • Radioterapia com ou sem quimioterapia

Utiliza-se cirurgia como tratamento primário do câncer orofaríngeo (1), mais do que era utilizado no passado. Microcirurgia transbucal a laser (MBL) é cada vez mais utilizada para fazer resseção de tumores das tonsilas e base da língua por via endoscópica, evitando a morbidade da cirurgia aberta. Cirurgia transbucal robótica (CTBR) é um meio popular para o tratamento de lesões orofaríngeas selecionadas. Na CTBR, um robô cirúrgico com múltiplos membros superiores adaptáveis é controlado por um cirurgião em um console. Os membros superiores articulados do robô e uma câmera endoscópica são inseridos através da boca do paciente (que é mantida aberta por um afastador). O procedimento robótico fornece melhor visualização das estruturas e causa menos morbidade cirúrgica em comparação com a cirurgia aberta. Quando a CTBR é utilizada em pacientes com tumores mais avançados, costuma-se fazer radioterapia pós-operatória ou quimioterapia combinada com radioterapia (quimiorradioterapia).

A radioterapia, às vezes combinada com a quimioterapia, pode ser utilizada como uma terapia primária ou pós-operatória. Tradicionalmente, a radioterapia era utilizada para cânceres em fase inicial e a radioquimioterapia era utilizada para cânceres avançados. A radioterapia de intensidade modulada (RTIM) é cada vez mais utilizada como uma forma de poupar tecido adjacente e diminuir os efeitos adversos de longo prazo.

Como a orofaringe é rica em vasos linfáticos, metástase nos linfonodos cervicais é comum e deve ser considerada em todos os pacientes com câncer orofaríngeo. Se uma metástase nos linfonodos cervicais não se resolver após radioterapia ou quimiorradioterapia cervical, é necessária uma dissecção cervical pós- tratamento.

O tratamento do carcinoma orofaríngeo é o mesmo, independentemente do estado HPV do tumor. O tratamento menos intenso dos tumores associados ao HPV está sendo estudado para verificar se tratamentos menos danosos podem ser bem-sucedidos contra a doença.

Referência sobre tratamento

  1. 1. National Cancer Institute: Oropharyngeal Cancer Treatment (PDQ®)–Health Professional Version. Atualizado em março de 2024.

Prognóstico para carcinoma orofaríngeo oral de células escamosas

A taxa de sobrevida em 5 anos em pacientes com câncer orofaríngeo é de cerca de 52% (1). No entanto, o prognóstico varia de acordo com a causa. Pacientes positivos para HPV têm sobrevida livre de doença em 5 anos > 80, enquanto pacientes negativos para HPV têm sobrevida livre de doença em 5 anos < 50% (2). A taxa mais alta de sobrevida para câncer HPV-positivo se deve a uma biologia tumoral favorável e a uma população de pacientes mais jovem e saudável. A alta expressão da p16 parece melhorar o prognóstico para tumores orofaríngeos HPV-positivos e HPV-negativos.

Referências sobre prognóstico

  1. 1. American Cancer Society medical and editorial content team: Oral Cavity (Mouth) and Oropharyngeal (Throat) Cancer: Survival rates for oral cavity and oropharyngeal cancer. Atualizado em 1º de março de 2023. Acessado em 30 de julho de 2024.

  2. 2. De Felice F, Humbert-Vidan L, Lei M, King A, Guerrero Urbano T: Analyzing oropharyngeal cancer survival outcomes: a decision tree approach. Br J Radiol 2020;93(1111):20190464. doi:10.1259/bjr.20190464

Pontos-chave

  • A maioria dos casos de câncer orofaríngeo é causada por infecção pelo papilomavírus humano (HPV).

  • Os sintomas do câncer orofaríngeo dependem da localização do tumor; uma massa no pescoço é um achado comum.

  • Diagnosticar o câncer orofaríngeo com laringoscopia, endoscopia cirúrgica e exames de imagem para o estadiamento.

  • Quando possível, tratar o câncer orofaríngeo com microcirurgia transoral a laser ou cirurgia transoral robótica como alternativas à cirurgia aberta.

  • Utilizar radioterapia, às vezes combinada com quimioterapia para cânceres avançados, como tratamento primário ou no pós-operatório.

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