O que é diabetes?
Diabetes é uma doença na qual os níveis de açúcar (glicose) no sangue são excessivamente altos, porque o organismo tem dificuldade em produzir ou utilizar insulina.
A glicose no sangue é a principal fonte de energia do organismo. A insulina é um hormônio que o organismo fabrica. Ele controla os níveis de glicose no sangue. A glicose no sangue vem de:
Açúcar que a pessoa consome, como em doces, refrigerantes ou colocado em alimentos e em bebidas; xarope e mel são quase totalmente compostos por açúcar
Alimentos que contêm carboidratos
Os carboidratos nos alimentos são transformados em glicose pelo organismo. Muitos tipos de alimentos têm carboidratos:
Os alimentos feitos de trigo ou milho, como pão, massas, bolos e salgadinhos
Feijões
Verduras, sobretudo tubérculos, como batatas, nabos e beterrabas
Frutas
Tipos de diabetes
Existem dois tipos de diabetes: o tipo 1 e o tipo 2. Um distúrbio relacionado é denominado pré-diabetes.
No diabetes tipo 1, o organismo não produz o hormônio insulina de todo.
No diabetes tipo 2, o organismo produz insulina, mas ele não responde à insulina como deveria.
No pré-diabetes, o nível de glicose no sangue está mais alto que o normal, mas não suficientemente alto para caracterizar diabetes. O pré‑diabetes é mais comum em adolescentes com sobrepeso importante (obesos). Aproximadamente metade dos adolescentes com pré-diabetes acaba desenvolvendo diabetes, sobretudo os que continuam a ganhar peso.
O diabetes tipo 1 quase sempre tem início na infância
O diabetes tipo 2 costuma ser mais frequente em crianças ou adolescentes com sobrepeso ou obesas
Urinar bastante e ter muita sede podem ser sinais precoces de diabetes
O diabetes tipo 1 é tratado com injeções de insulina
O diabetes tipo 2 em crianças é tratado com perda de peso, um medicamento chamado metformina e, às vezes, também com injeções de insulina
Depressão, ansiedade e transtornos alimentares são comuns em crianças e adolescentes com diabetes; conversar com um psicólogo ou conhecer outras crianças com diabetes pode ajudar
O que causa o diabetes?
No diabetes tipo 1, o sistema imunológico do corpo ataca as células que fabricam a insulina
No diabetes tipo 2, o organismo não responde à insulina da maneira que deveria (um quadro clínico denominado resistência à insulina)
Algumas crianças com diabetes tipo 1 herdaram determinados genes que fazem com que seu sistema imunológico tenha mais propensão de atacar as células do próprio organismo (doenças autoimunes). Esses genes também colocam a criança em risco de ter outras doenças autoimunes, como doença da tireoide ou doença celíaca. Parentes próximos de uma criança com diabetes tipo 1 têm um risco mais elevado de desenvolver diabetes.
Até a década de 1990, quase todas as crianças com diabetes tinham diabetes tipo 1. Agora, devido ao fato de que há mais crianças com obesidade, aproximadamente um terço das crianças recém-diagnosticadas com diabetes têm diabetes tipo 2. O diabetes tipo 2 é mais comum em pessoas nativas americanas, negras, hispânicas, asiáticas americanas e nativas das ilhas do Pacífico.
Quais são os sintomas do diabetes?
No caso do diabetes tipo 1, os sintomas têm início de maneira súbita, no decorrer de vários dias ou semanas. A criança pode:
Urinar bastante
Fique com muita sede e beba muito líquido
Perder peso
Tenha visão embaçada
Se esses sintomas não forem diagnosticados rapidamente, a criança pode ter um quadro clínico perigoso denominado cetoacidose diabética. Isso acontece quando o organismo começa a utilizar gordura em vez de glicose no sangue para gerar energia. No caso da cetoacidose diabética, a criança pode:
Ter hálito com odor parecido com acetona
Respire de maneira profunda e muito rápida
Ter dor de cabeça e parecer estar confusa ou sonolenta
Ter dor abdominal e vômitos
Sentir-se fraca e cansada
A cetoacidose diabética precisa ser tratada imediatamente no pronto socorro.
No caso de diabetes tipo 2, a criança pode:
Não ter nenhum sintoma
Beber ou urinar mais que o normal
Uma vez que a criança pode não ter nenhum sintoma, às vezes, o médico apenas descobre a presença de diabetes tipo 2 quando faz exames de sangue por outros motivos.
As crianças com diabetes tipo 2 raramente têm cetoacidose.
Quais são as complicações do diabetes?
A pessoa que já teve diabetes por muitos anos pode ter obstrução dos vasos sanguíneos. A obstrução dos vasos sanguíneos causa muitas complicações, como hipertensão arterial, acidente cerebral vascular, ataque cardíaco, cegueira, insuficiência renal, amputação da perna e danos nervosos. O desenvolvimento dessas complicações é bastante demorado, portanto, eles não surgem na criança até ela alcançar a idade adulta. Um bom controle do diabetes durante a vida ajuda a prevenir a ocorrência de complicações.
Como o médico sabe que a criança tem diabetes?
O médico faz exames de sangue para diagnosticar o diabetes, inclusive:
Níveis de glicose no sangue
Níveis de A1c
É possível que o médico queira medir o nível de glicose no sangue da criança no início da manhã, antes de ela ter comido. Esse exame é denominado glicemia em jejum. Contudo, isso nem sempre é necessário.
Quando existe muita glicose no organismo, com o passar do tempo a glicose se liga a uma proteína nas células sanguíneas e forma a A1c. Ao medir os níveis de A1c, o médico consegue ver como os níveis de glicose no sangue no corpo tem estado nos últimos dois a três meses. O médico faz um diagnóstico de diabetes se os níveis de glicose no sangue ou os níveis de A1C estiverem muito altos.
Às vezes, o médico faz um exame de glicose no sangue antes e depois de a criança ingerir uma bebida muito açucarada. Esse exame é denominado teste oral de tolerância à glicose. Porém, esse exame é feito com mais frequência em adultos que em crianças.
Às vezes, o médico faz exames de sangue para descobrir se a criança tem diabetes tipo 1 ou diabetes tipo 2.
De que maneira o médico trata o diabetes?
O diabetes não tem cura. O principal objetivo é manter os níveis de glicose no sangue o mais próximos possível do normal. Manter os níveis de glicose no sangue próximos aos níveis normais reduz o risco de surgirem complicações.
Toda criança com diabetes precisa:
Praticar atividade física e perder peso se ela estiver com excesso de peso
Controlar cuidadosamente a quantidade de açúcar e carboidratos que ela consome
Para ajudar a controlar a quantidade de açúcar e carboidratos consumida, a criança deve:
Fazer refeições e lanches aproximadamente no mesmo horário todos os dias
Prestar atenção na quantidade de carboidratos que ela está consumindo em cada refeição e lanche
Consumir alimentos que são digeridos lentamente, como frutas, grãos integrais e alimentos com alto teor de fibras
Consumir uma quantidade menor de alimentos processados e de carboidratos que são digeridos rapidamente, como os carboidratos em doces, biscoitos, bolachas e bolos
Evitar o consumo de bebidas açucaradas, como refrigerantes, chá gelado doce, limonada, sucos artificiais e bebidas esportivas
Tratamento do diabetes tipo 1
Crianças com diabetes tipo 1 não produzem nenhuma insulina; portanto, elas precisam tomar insulina. O médico precisa definir:
Qual é o melhor tipo de insulina para seu filho ou filha
Qual é a melhor maneira de administrar insulina para seu filho ou filha
Existem vários tipos diferentes de insulina. Alguns tipos agem rapidamente e duram pouco tempo. Outros tipos de insulina agem mais lentamente e duram mais. Às vezes, o médico receita uma mistura de insulinas de ação lenta e longa.
A insulina é injetada sob a pele. Ela não pode ser tomada por via oral. A insulina pode ser injetada por meio de uma:
Seringa
Caneta de insulina
Bomba de insulina
A bomba de insulina é um pequeno aparelho computadorizado que administra uma dose específica de insulina. A bomba fica presa ao cinto ou é colocada no bolso. Ela é conectada a um tubo pequeno e flexível inserido na pele do abdômen que fica preso no lugar com fita adesiva. Algumas bombas de insulina mais modernas também conseguem medir os níveis de glicose no sangue. Isso ajuda a controlar a quantidade de insulina a ser tomada.
Para saber qual a quantidade de insulina necessária, os níveis de glicose no sangue da criança precisam ser medidos antes de toda refeição e à noite. Isso pode ser feito ao:
Espetar a ponta do dedo com um instrumento pequeno e afiado chamado lanceta
Utilizar um aparelho de monitoramento contínuo da glicose, que é usado com ou sem uma bomba de insulina para controlar melhor os níveis de glicose no sangue durante o dia todo
Tratamento do diabetes tipo 2
Perder peso é algo importante no tratamento do diabetes tipo 2. Fazer com que a criança seja mais ativa e aprenda a controlar o tamanho da porção ajuda a alcançar essa meta.
Os médicos costumam receitar um medicamento chamado metformina, que é tomado por via oral. Se a metformina não conseguir manter os níveis de glicose no sangue próximos ao normal, a criança também precisará tomar injeções de insulina.
As crianças com diabetes tipo 2 também precisam medir os níveis de glicose no sangue. O médico ajuda a pessoa a descobrir com qual frequência isso deve ser feito.
As crianças e adolescentes com diabetes correm o risco de ter problemas emocionais?
Muitas crianças com diabetes apresentam depressão, ansiedade ou outros problemas emocionais. Algumas crianças lidam bem com sua doença. No entanto, ter diabetes é muito estressante para outras.
Psicoterapia ou grupos de apoio à família podem ajudar a criança e a família a lidar com o diabetes
Colônias de férias especiais para crianças com diabetes podem ajudar a criança a aprender a conviver com a doença
As crianças mais velhas devem estar envolvidas com o próprio tratamento
Tratar o diabetes em adolescentes pode ser difícil devido à puberdade, à pressão dos colegas, ter uma agenda lotada ou que está constantemente mudando e conflitos com os pais ou outros cuidadores
A insulina pode causar ganho de peso, o que pode dar origem a um transtorno alimentar em adolescentes
O médico pode ajudar o adolescente a manter o enfoque sobre o controle dos níveis de glicose no sangue
Como é possível prevenir o diabetes?
Não existe prevenção para o diabetes tipo 1.
Por sua vez, o diabetes tipo 2 pode ser prevenido ou adiado. A criança deve:
Ter uma dieta saudável, que inclui muitas frutas, verduras e grãos integrais
Praticar exercícios
Perder peso e manter um peso saudável
Medir os níveis de glicose no sangue na puberdade e então a cada três anos caso ela faça parte de um grupo de risco (ter excesso de peso ou histórico familiar de diabetes tipo 2)