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Diabetes durante a gravidez

(Diabetes gestacional)

PorLara A. Friel, MD, PhD, University of Texas Health Medical School at Houston, McGovern Medical School
Revisado porOluwatosin Goje, MD, MSCR, Cleveland Clinic, Lerner College of Medicine of Case Western Reserve University
Revisado/Corrigido: nov. 2023 | modificado abr. 2024
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Fatos rápidos

Os riscos de complicações durante a gravidez nas mulheres que têm diabetes antes de engravidar dependem de quanto tempo o diabetes está presente e se complicações do diabetes, tais como hipertensão arterial e lesão nos rins, estão presentes. A gravidez tende a fazer com que seja mais difícil controlar o diabetes (tipos 1 e 2), mas ela não desencadeia nem piora as complicações do diabetes (como danos aos olhos, rins ou nervos)

(consulte também Diabetes).

Diabetes gestacional

Aproximadamente 4% das gestantes apresentam diabetes durante a gravidez. Este distúrbio é chamado de diabetes gestacional. O diabetes gestacional é mais comum em mulheres com:

  • Obesidade

  • Histórico familiar de diabetes

  • Determinadas etnias, sobretudo asiática/ilhas do Pacífico não hispânica e hispânica/latina

Não sendo reconhecido e nem tratado, o diabetes gestacional pode aumentar o risco de problemas de saúde para a gestante e o risco de morte para o feto.

A maioria das mulheres com diabetes gestacional apresentam essa doença porque não conseguem produzir uma quantidade suficiente de insulina. A insulina ajuda a controlar o nível de açúcar (glicose) no sangue. É necessária mais insulina durante a gravidez, pois a placenta produz um hormônio que faz com que o corpo se torne menos suscetível à insulina (um quadro clínico denominado resistência à insulina). Este efeito é particularmente visível no final da gravidez, quando a placenta está dilatando. Assim, o nível de glicose no sangue tende a aumentar. Então, é necessário aplicar ainda mais insulina.

Algumas mulheres até podem ter tido o diabetes antes de engravidar, mas a doença não havia sido detectada antes de elas engravidarem.

Riscos de diabetes durante a gravidez

Se o diabetes não for bem controlado, a probabilidade de ele causar problemas é maior.

Um mau controle do diabetes no início da gravidez aumenta o risco de ocorrer:

  • Defeitos congênitos graves

  • Aborto espontâneo

Um mau controle do diabetes no final da gravidez aumenta o risco de ter:

Bebês nascidos cujas mães têm diabetes tendem a ser maiores do que aqueles nascidos de mulheres sem diabetes. Se o diabetes for mal controlado, os bebês podem ser particularmente grandes. Um feto maior é menos propenso a passar facilmente através da vagina e é mais provável que sofra ferimentos durante o parto normal. Consequentemente, é possível que seja necessário um parto por cesariana. Além disso, os pulmões do feto tendem a se desenvolver mais lentamente.

Os recém-nascidos cujas mães têm diabetes apresentam um risco maior de ter níveis baixos de glicemia e de cálcio e uma alta concentração de bilirrubina no sangue (hiperbilirrubinemia), que causa icterícia neonatal (coloração amarelada da pele e dos olhos).

Diagnóstico de diabetes durante a gravidez

  • Exames de sangue para medir os níveis de glicose no sangue

A maioria dos especialistas recomenda que os médicos realizem exames preventivos de rotina em todas as gestantes quanto à presença de diabetes gestacional, geralmente entre a 24ª e a 28ª semana de gestação.

Para verificar se a mulher tem diabetes, o médico primeiro coleta uma amostra de sangue, geralmente após a mulher ter jejuado pelo período noturno, e faz um exame de sangue, tendo como finalidade medir o nível de açúcar (glicose) no sangue.

Porém, a melhor maneira de confirmar o diagnóstico de diabetes é um exame feito em duas etapas que inicia com a ingestão de uma bebida contendo glicose pela mulher. Uma hora depois de a mulher ter ingerido a bebida, o médico coleta e analisa amostras de sangue para determinar se o nível de glicose no sangue se torna excepcionalmente elevado. Se o resultado estiver excepcionalmente elevado, ela recebe outra bebida com uma quantidade ainda maior de glicose. O nível de glicose no sangue é medido novamente depois de três horas. Se o resultado continuar excepcionalmente elevado, é feito um diagnóstico de diabetes. Esse exame é chamado de teste oral de tolerância à glicose.

Tratamento de diabetes durante a gravidez

  • Monitorar a mulher e o feto de perto

  • Dieta, exercício e, às vezes, medicamentos para controlar o nível de glicose no sangue

  • Um kit de glucagon (para ser utilizado caso o nível de glicose no sangue fique muito baixo)

  • Às vezes, um medicamento para iniciar o trabalho de parto

Para reduzir o risco de haver problemas, o médico geralmente:

  • Inclui a participação de uma equipe especializada em diabetes (incluindo enfermeiros, um nutricionista e assistentes sociais) e um pediatra.

  • Diagnostica e trata eventuais problemas relacionados à gravidez, não importando quão triviais eles sejam

  • Planeja o parto, no qual um pediatra experiente estará presente

  • Garante que haverá cuidados intensivos à disposição do recém-nascido (se necessário)

Controlar os níveis de glicose no sangue

O risco de complicações durante a gravidez pode ser reduzido pelo controle do nível de glicose no sangue. O nível deve ser mantido o mais próximo do normal possível ao longo da gravidez.

O médico aconselha à mulher com diabetes e que está planejando engravidar a começar a tomar medidas para controlar o nível de glicose no sangue imediatamente se ainda não o tiver feito. Essas medidas incluem seguir uma dieta apropriada, praticar exercícios físicos e, se necessário, tomar insulina. Alimentos com alto teor de açúcar são eliminados da dieta e as mulheres devem alimentar-se de forma a não adquirir excesso de peso durante a gravidez.

A maioria das gestantes com diabetes são orientadas a medir o nível de glicose no sangue várias vezes por dia em casa com um aparelho de medição da glicose. Se os níveis de glicose no sangue estiverem altos, é possível que a mulher precise tomar medicamentos hipoglicemiantes orais ou insulina.

Às vezes, o tratamento causa uma redução considerável dos níveis de glicose no sangue (um evento denominado hipoglicemia). A hipoglicemia, se grave, causa confusão e perda de consciência, e isto pode ocorrer a qualquer momento. Se uma mulher estiver propensa a episódios de hipoglicemia (por exemplo, se ela teve diabetes tipo 1 por um longo tempo), recebe um kit de glucagon e ela é ensinada como usá-lo. Glucagon, quando injetado, aumenta os níveis de glicose no sangue. Um membro da família também é ensinado a utilizar o kit. Então, se os sintomas da hipoglicemia grave ocorrerem, a mulher ou o membro da família pode injetar o glucagon.

O controle do diabetes é essencialmente importante ao final da gravidez, quando os níveis de glicose no sangue tendem a aumentar. Geralmente, uma dose mais alta de insulina é necessária.

Monitoramento do feto

Frequentemente, aconselha-se à mulher a contar o número de vezes que ela sente o feto se mover por dia. Se tudo estiver bem, ela deve sentir no mínimo dez movimentos (chutes, vibrações ou giros) no prazo de duas horas. Normalmente, o feto se move no mínimo dez vezes por hora. A mulher deve informar ao médico imediatamente se esses movimentos diminuírem repentinamente.

O médico monitora o feto fazendo exames, como o de monitoramento da frequência cardíaca, exames cardiotocográficos ou perfis biofísicos fetais (utilizando ultrassonografia). O monitoramento muitas vezes se inicia às 32 semanas de gravidez ou antes, caso surjam complicações, por exemplo, se o feto não está crescendo tanto quanto o esperado ou se a mulher apresentar hipertensão arterial.

Se algum dos seguintes estiver presente, é possível que o médico colete e analise uma amostra do líquido que rodeia o feto (líquido amniótico):

  • Mulheres que tiveram problemas relacionados com a gravidez em gestações anteriores.

  • A data prevista do parto é incerta.

  • A glicose no sangue não tiver sido bem controlada.

  • Os cuidados durante a gravidez foram inadequados.

  • A mulher não está seguindo o plano de tratamento indicado.

Esse procedimento, denominado amniocentese, ajuda o médico a determinar se os pulmões do feto estão desenvolvidos o suficiente para respirar e isso determina quando o bebê pode nascer em segurança.

Trabalho de parto e parto

Se o trabalho de parto não tiver começado até a 39ª semana, é possível que o médico o inicie com um medicamento (consulte Indução do parto). Normalmente, o parto normal é possível.

Durante o trabalho de parto, muitas mulheres com diabetes precisam receber uma infusão contínua de insulina por meio de um cateter inserido em uma veia.

Após o parto

A equipe hospitalar mede os níveis de glicose, de cálcio e de bilirrubina no sangue de recém-nascidos cujas mães têm diabetes, uma vez que esses bebês frequentemente apresentam níveis alterados. Os recém-nascidos também são observados em relação aos sintomas dessas anomalias.

A necessidade de insulina em mulheres com diabetes cai drasticamente logo após o parto. Mas, com aproximadamente uma semana, a necessidade de insulina retorna normalmente para o nível de antes da gravidez.

Após o parto, o diabetes gestacional normalmente desaparece. No entanto, muitas mulheres que têm o diabetes gestacional desenvolvem o diabetes tipo 2 à medida que ficam mais velhas.

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