Episódio onde a criança para de respirar involuntariamente e perde a consciência por um período curto imediatamente após uma experiência assustadora, emocional ou dolorosa.
(Ver também Visão geral dos problemas de comportamento na infância.)
Estas crises ocorrem em 0,1%-5% das crianças saudáveis (1). Têm início, geralmente, no primeiro ano de vida, com pico no 2º ano de vida. Desaparecem por volta dos 4 anos em 50% das crianças, e ao redor dos 8 anos em cerca de 83% das crianças. Os remanescentes podem continuar com as crises até a vida adulta.
Essas crises não parecem ser fatores de risco de epilepsia verdadeira, mas podem estar associadas a maior risco de desmaios na idade adulta.
Há 2 formas de crises de perda de fôlego:
Forma cianótica: essa forma é a mais comum e frequentemente ocorre como parte de um temperamento caprichoso, ou em resposta a uma repreensão, ou outros aborrecimentos.
Forma pálida: essa forma geralmente ocorre depois de uma experiência dolorida, como queda, bater a cabeça, mas pode ocorrer depois de eventos assustadores ou aterrorizantes.
Ambas as formas são involuntárias e facilmente diferenciáveis dos breves períodos de perda de fôlego voluntária, que invariavelmente retorna à respiração normal após obterem o que desejam ou ficam em situação desconfortável quando não conseguem o que almejam.
Referência
1. Leung AKC, Leung AAM, Wong AHC, Hon KL: Breath-holding spells in pediatrics: A narrative review of the current evidence. Curr Pediatr Rev 15(1):22–29, 2019. doi: 10.2174/1573396314666181113094047
Crise de apneia cianótica
Durante a crise de apneia cianótica, a criança prende a respiração (sem que necessariamente saiba o que está fazendo) até perder a consciência.
Tipicamente, a criança grita, inspira o ar e para de respirar. Logo a seguir, a criança começa a ficar azul e perde a consciência. Pode ocorrer uma breve convulsão. Após alguns segundos, a respiração volta, e a cor da pele e o estado de consciência se restabelecem. É possível interromper a crise colocando um pano frio na face da criança, no momento do início da crise.
Apesar de o episódio parecer de natureza assustadora, os pais devem evitar reforçar o comportamento que gerou a crise. Assim que a criança se recupera, os pais devem manter as regras de conduta. Distrair a criança e evitar situações que levem a “crises de birra” são consideradas boas estratégias.
Crises de perda de fôlego com cianose respondem à suplementação de ferro (1), mesmo na ausência da anemia, e ao tratamento para apneia obstrutiva do sono (quando presente).
Referência
1. Hamed SA, Gad EF, Sherif TK: Iron deficiency and cyanotic breath-holding spells: The effectiveness of iron therapy. Pediatr Hematol Oncol 35(3):186–195, 2018. doi: 10.1080/08880018.2018.1491659
Período de palidez ao prender a respiração
Durante o episódio de palidez, o estímulo vagal diminui gravemente os batimentos cardíacos.
A criança para de respirar, perde rapidamente a consciência, fica pálida e hipotônica. Se a crise demorar mais do que poucos segundos, há aumento do tônus muscular, e pode ocorrer convulsão e incontinência. Após a crise, os batimentos cardíacos melhoram, restabelece-se a respiração e o estado de consciência, sem qualquer tratamento.
Como esta forma é rara, pode ser necessário investigação diagnóstica, avaliação e tratamento, se as crises ocorrerem com frequência. EEG e ECG ajudam a diferenciar causas neurológicas e cardíacas.