Sibilos e asma em recém-nascidos e crianças pequenas

PorRajeev Bhatia, MD, Phoenix Children's Hospital
Revisado/Corrigido: mar. 2024
Visão Educação para o paciente

O sibilo é um ruído de assobio relativamente agudo produzido pelo movimento do ar em vias respiratórias de pequeno calibre estreitadas ou comprimidas. É comum nos primeiros anos de vida e é normalmente causado por asma ou infecção viral do trato respiratório, mas outras possíveis causas incluem irritantes ou alérgenos inalados, refluxo esofágico e insuficiência cardíaca.

(Ver também Sibilos em adultos e Asma em adultos.)

Episódios recorrentes de sibilância são comuns nos primeiros anos de vida; 1 em cada 3 crianças tem pelo menos um episódio agudo de sibilância antes dos 3 anos de idade (1). Como esses sibilos normalmente respondem a broncodilatadores, historicamente o problema era considerado asma. Entretanto, evidências recentes de que muitas crianças que tiveram sibilos recorrentes na infância não têm asma mais tarde na infância ou adolescência sugerem que diagnósticos alternativos deve ser considerados em crianças novas com sibilos recorrentes.

Áudio

Dicas e conselhos

  • Nem todos os sibilos em lactentes e crianças pequenas são decorrentes da asma.

Referência geral

  1. 1. Taussig LM, Wright AL, Holberg CJ, et al: Tucson Children's Respiratory Study: 1980 to present. J Allergy Clin Immunol 111:661–675, 2003. doi: 10.1067/mai.2003.162

Etiologia de sibilos e asma em crianças pequenas

Em algumas crianças, episódios recorrentes de sibilos são as manifestações iniciais da asma, e essas crianças continuarão a ter sibilos mais tarde na infância ou adolescência. Em outras crianças, episódios de sibilos cessam aos 6 anos a 10 anos de idade e não são considerados asma.

Em lactentes e crianças pequenas, sibilos com doenças virais, particularmente as causadas por vírus sincicial respiratório e rinovírus humano, estão associados a maior risco de desenvolver asma infantil (1, 2). Um futuro diagnóstico de asma é mais provável em crianças com sintomas atópicos, episódios mais graves de sibilos e/ou história familiar de atopia ou asma.

Sibilos geralmente resultam de broncoespasmos, que podem ser agravados por inflamação das vias respiratórias de pequeno e médio calibre que provoca edema e mais estreitamento das vias respiratórias. Um episódio de sibilos agudos em lactentes e crianças pequenas é geralmente causado por infecções virais respiratórias, mas a inflamação das vias respiratórias também pode ser causada (ou agravada) por alergias ou irritantes inalados (p. ex., tabagismo). Sibilos recorrentes podem ser causados por infecções virais respiratórias frequentes, alergias ou asma. Causas menos comuns dos sibilos recorrentes incluem disfagia crônica que provoca aspiração recorrente, refluxo gastroesofágico, malacia das vias respiratórias, corpo estranho aspirado retido ou insuficiência cardíaca. Muitas vezes, a causa dos sibilos recorrentes não é clara.

Referências sobre etiologia

  1. 1. Jartti T, Gern JE: Role of viral infections in the development and exacerbation of asthma in children. J Allergy Clin Immunol 140(4):895–906, 2017. doi: 10.1016/j.jaci.2017.08.003

  2. 2. Mikhail I, Grayson MH: Asthma and viral infections: An intricate relationship. Ann Allergy Asthma Immunol 123(4):352–358, 2019. doi: 10.1016/j.anai.2019.06.020

Sinais e sintomas de sibilos e asma em crianças pequenas

Sibilos frequentemente são acompanhados de tosse recorrente seca ou produtiva. Outros sintomas dependem da etiologia e podem incluir febre, coriza (infecção viral) e dificuldades de alimentação (p. ex., devido à insuficiência cardíaca ou disfagia).

Ao exame, os sibilos se manifestam principalmente na expiração, a menos que o estreitamento das vias respiratórias seja grave, caso em que os sibilos podem ser ouvidos na inspiração. Outros achados presentes na doença mais grave podem incluir taquipneia, batimento de asa de nariz, retrações intercostal e/ou subcostal e cianose. Crianças com infecções respiratórias podem ter febre.

Diagnóstico de sibilos e asma em crianças pequenas

  • Radiografia de tórax para o episódio inicial grave e, às vezes, para episódios atípicos ou recorrentes

Em um primeiro episódio de sibilo grave, a maioria dos médicos solicita radiografias para detectar sinais de corpo estranho aspirado, pneumonia ou insuficiência cardíaca, e oximetria de pulso para avaliar a necessidade de terapia com oxigênio. A presença de hiperinsuflação generalizada em radiografias sugere aprisionamento aéreo difuso como observado na asma, enquanto achados localizados sugerem anormalidades estruturais ou aspiração de corpo estranho. A radiografia de tórax também pode indicar a presença de um anel vascular como a causa da sibilância (p. ex., arco aórtico direito).

Para crianças com episódios recorrentes, as exacerbações normalmente não exigem testes, a menos que existam sinais de desconforto respiratório. Testes como estudos de deglutição, esofagograma com contraste, TC ou broncoscopia podem ser úteis para as poucas crianças com exacerbações frequentes ou graves ou sintomas que não respondem aos broncodilatadores ou outros medicamentos para asma.

Tratamento de sibilos e asma em crianças pequenas

  • Para episódios agudos de sibilos, broncodilatadores inaláveis e, se justificáveis, corticoides sistêmicos

  • Para crianças com episódios de sibilância graves e frequentes, uma tentativa com terapia de manutenção (p. ex. corticoides inaláveis) como utilizado para a asma

Lactentes e crianças maiores com sibilância aguda recebem broncodilatadores inaláveis e, se a crise de sibilância é grave, corticoides sistêmicos (ver Tratamento das agudizações da asma).

Crianças com pouca probabilidade de desenvolver asma persistente, como crianças sem atopia ou história familiar de atopia ou asma, e cujos sibilos são relativamente leves e pouco frequentes, geralmente podem ser tratadas apenas com broncodilatadores intermitentes inaláveis utilizados conforme necessário.

A maioria das crianças com episódios de sibilos mais frequentes e/ou graves se beneficiam da terapia de manutenção com broncodilatadores e anti-inflamatórios (p. ex., corticoides inaláveis) como utilizado para a asma. Entretanto, embora o uso crônico de um modificador de leucotrienos ou corticoide inalável em baixa dose diminua a gravidade e a frequência dos episódios de sibilância, ele não altera o curso natural da doença.

Prognóstico para sibilos e asma em crianças pequenas

Muitas crianças com sibilos recorrentes no início da infância não terão sibilos clinicamente importantes mais tarde na vida. Entretanto, muitas crianças maiores e adultos com asma crônica de difícil tratamento desenvolveram inicialmente os sibilos cedo na infância.

Pontos-chave

  • Sibilos recorrentes são comuns em crianças pequenas e podem não necessariamente representar asma.

  • Um episódio de sibilos agudos em lactentes e crianças pequenas é geralmente causado por infecções virais respiratórias, mas a inflamação das vias respiratórias também pode ser causada (ou agravada) por alergias ou irritantes inalados (p. ex., tabagismo).

  • Sibilos recorrentes podem ser causados por infecções virais respiratórias frequentes, alergias ou asma.

  • Uma tosse seca ou produtiva muitas vezes acompanha sibilos.

  • Fazer radiografia de tórax para o primeiro episódio de sibilos graves para excluir corpo estranho aspirado, pneumonia ou insuficiência cardíaca.

  • Tratar episódios agudos de sibilos com broncodilatadores inaláveis e possivelmente corticoides; para crianças com episódios de sibilos mais frequentes ou graves, considerar terapia de manutenção com broncodilatadores e corticoides inalatórios como utilizados na asma.

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