Resfriado comum é uma infecção viral aguda, normalmente afebril e autolimitada, que envolve sintomas respiratórios superiores, como rinorreia, tosse e dor de garganta. O diagnóstico é clínico. Lavar as mãos ajuda a prevenir sua disseminação. O tratamento é de suporte.
Aproximadamente 50% de todos os resfriados são causados por um dos > 100 sorotipos do rinovírus. Os coronavírus causam algumas epidemias, e as infecções provocadas pelo vírus da influenza, vírus da parainfluenza, enterovírus, adenovírus, vírus sincicial respiratório e metapneumovírus também podem se manifestar como resfriado comum, sobretudo nos pacientes com reinfecção.
Infecções por rinovírus são muito comuns durante outono e primavera e menos comuns durante os meses do inverno.
Rinovírus são disseminados eficientemente por meio do contato direto entre pessoas, embora a expansão também possa ocorrer por aerossóis de partículas grandes.
O mais importante impedimento à infecção é a presença de anticorpos neutralizantes específicos no soro e em secreções, induzida pela exposição prévia ao mesmo vírus ou a um vírus próximo relacionado. A suscetibilidade para resfriados não é afetada por exposição à temperatura baixa, saúde do hospedeiro e nutrição ou anormalidades do trato respiratório superior (p. ex., tonsilas ou tecidos adenoides dilatados).
Sinais e sintomas do resfriado comum
Depois de um período de incubação de 24 a 72 horas, os sinais e sintomas do resfriado começam com dor de garganta seguida de espirros, rinorreia, obstrução nasal e mal-estar. A temperatura é habitualmente normal, em particular quando o patógeno é um rinovírus ou um coronavírus. Secreções nasais são aquosas e profusas durante os primeiros dias, tornando-se, em seguida, mais mucoides e purulentas. Secreções mucopurulentas não indicam superinfecção bacteriana. A tosse costuma ser leve, mas muitas vezes persiste até a 2ª semana. A maioria dos sintomas decorrentes de resfriados não complicados se resolve dentro de 10 dias.
Resfriados podem exacerbar a asma e a bronquite crônica.
Secreção purulenta ou sintomas significantes do trato respiratório inferior são incomuns na infecção por rinovírus. Sinusite e otite média purulentas podem resultar da própria infecção viral ou de infecção secundária.
Diagnóstico do resfriado comum
Avaliação clínica
O diagnóstico do resfriado comum geralmente é clínico, sem exames complementares, embora existam testes por reação em cadeia da polimerase (PCR [polymerase chain reaction]) disponíveis em muitas plataformas multiplex.
Rinite alérgica é a consideração mais importante para o diagnóstico diferencial.
Tratamento do resfriado comum
Tratamento sintomático
Não existe tratamento específico para o resfriado comum.
Antipiréticos e analgésicos podem aliviar a febre ou a dor de garganta.
A obstrução nasal pode melhorar com descongestionantes nasais. Descongestionantes nasais tópicos são mais eficazes do que os orais, mas o uso de medicamentos tópicos por > 3 a 5 dias pode causar congestão de rebote.
Pode-se aliviar a rinorreia com anti-histamínicos de 1ª geração (p. ex., clorfeniramina) ou brometo de ipratrópio intranasal (2 borrifos da solução a 0,03%, 2 ou 3 vezes ao dia); mas esses fármacos oferecem benefícios mínimos e devem ser utilizados com cautela em pacientes idosos, pessoas com hipertrofia prostática benigna ou glaucoma de ângulo fechado. Anti-histamínicos de primeira geração com frequência produzem sedação, mas anti-histamínicos de 2ª geração (não sedativos) são ineficazes para tratar o resfriado comum.
Anti-histamínicos e descongestionantes não são recomendados para crianças < 4 anos.
Zinco, equinácea e vitamina C têm sido avaliados como terapias para resfriado comum, mas nenhum tem demonstrado ser claramente benéfico.
Antibióticos não devem ser administrados, a menos que haja evidência de infecção bacteriana secundária. Em pacientes com doença pulmonar crônica, podem ser administrados antibióticos com menos restrição.
Prevenção do resfriado comum
Não há vacinas para o resfriado comum.
Vacinas bacterianas polivalentes, frutas cítricas, vitaminas, luz ultravioleta, aerossóis de glicol e outros remédios folclóricos não previnem o resfriado comum. Lavar as mãos e utilizar desinfetantes de superfície em um ambiente contaminado podem reduzir a disseminação da infecção.
Pontos-chave
Muitos vírus podem causar resfriado comum; os rinovírus causam cerca de metade dos resfriados.
A sensibilidade aos resfriados não é influenciada pela exposição a baixas temperaturs, pela saúde do hospedeiro e pela nutrição ou a presença de anomalias no trato respiratório superior.
Pode-se utilizar anti-histamínicos para aliviar a rinorreia, mas oferecem benefícios mínimos e deve-se utilizá-los com cautela em pacientes idosos e evitá-los em crianças < 4 anos.
Descongestionantes tópicos e orais aliviam a obstrução nasal, mas seu uso repetido pode causar congestão de rebote.
Muitas substâncias foram avaliadas para a prevenção e o tratamento, mas nenhuma mostrou benefícios claros.