Como fazer canulação de veias periféricas guiada por ultrassom

PorYiju Teresa Liu, MD, Harbor-UCLA Medical Center
Revisado/Corrigido: jul. 2023
Visão Educação para o paciente

A canulação venosa periférica guiada por ultrassonografia utiliza ultrassom em tempo real (dinâmico) para orientar a venopuntura e uma técnica de catéter sobre agulha para inserir um catéter venoso periférico (cânula), geralmente em uma veia profunda não palpável do braço.

A orientação ultrassonográfica pode facilitar o cateterismo venoso periférico, especialmente de veias profundas não palpáveis. Este tópico focalizará o uso da ultrassonografia para orientar a inserção de catéter IV. O procedimento real para um cateterismo IV é o mesmo feito quando não se emprega ultrassonografia e é descrito em detalhes em Como fazer canulação de veias periféricas.

Indicações para canulação de veias periféricas guiada por ultrassom

  • A dificuldade em identificar veias periféricas adequadas para canulação em pacientes que não exigem catéter venoso central

Contraindicações à canulação das veias periféricas guiada por ultrasom

Contraindicações absolutas

  • Nenhum

Contraindicações relativas

  • Operador de ultrassom destreinado ou inexperiente

Há algumas contraindicações relativas ao uso de certos locais para inserção de catéter IV, mas depois que um local apropriado é identificado, não há contraindicações ao uso da ultrassonografia.

Complicações da canulação das veias periféricas guiada por ultrasom

  • Nenhum

Há algumas complicações da inserção de catéter IV, mas não têm relação com o uso da ultrassonografia.

Equipamento da canulação das veias periféricas guiada por ultrasom

Além dos equipamentos padrão necessários para iniciar a inserção de catéter IV, os operadores precisarão de:

  • Aparelho de ultrassom com sonda (transdutor) linear de alta frequência (7,5 MHz ou mais)

  • Envoltório transparente da sonda (p. ex., curativo estéril, envoltório de uso único para a sonda)

  • Curativo estéril descartável e lubrificante à base de água (preferível ao frasco multiuso do gel de ultrassonografia)

Considerações adicionais para canulação das veias periféricas guiada por ultrasom

  • Há, geralmente, 2 incidências utilizadas na canulação venosa periférica orientada por ultrassonografia. A incidência de eixo curto (transversal, seção transversa) costuma ser preferida porque é fácil de obter e é a melhor incidência para identificar veias e artérias e como estão orientadas entre si. Mas a incidência transversal mostra a agulha apenas na seção transversa [ponto hiperecóico (branco)], e a ponta da agulha só pode ser distinguida pela aparecimento e desaparecimento do ponto branco à medida que o plano de imagem cruza a ponta da agulha.

  • A incidência ultrassonográfica de eixo longo (longitudinal, no mesmo plano) é tecnicamente mais difícil de obter (é necessário manter o transdutor, a veia e a agulha no mesmo plano), mas obtêm-se uma imagem contínua de toda a agulha (inclusive de sua ponta), o que assegura uma inserção intraluminal precisa. O estreitamento progressivamente maior das veias periféricas aumenta a dificuldade de se obter a incidência longitudinal.

Anatomia relevante para canulação das veias periféricas guiada por ultrasom

As veias periféricas podem ser superficiais ou profundas. Em geral, a orientação ultrassonográfica é necessária quando as veias superficiais não são visíveis ou palpáveis. Alvos típicos para inserção de catéter IV orientada por ultrassonografia são

  • Veias profundas do antebraço

  • A veia braquial (geralmente há 2 veias braquiais que se localizam em ambos os lados da artéria braquial no aspecto medial do braço)

Posicionamento para canulação das veias periféricas guiada por ultrassom

  • Manter a parte do corpo que está sendo canulada em repouso sobre uma superfície confortável e ajustar a posição de modo a expor otimamente o local (p. ex., para canular a veia braquial ou a veia basílica, abduzir e rodar lateralmente o braço de modo a expor o aspecto medial do braço).

Descrição passo para canulação das veias periféricas guiada por ultrasom

O procedimento para preparar o local, inserir e fixar o catéter IV é o mesmo que quando a orientação ultrassonográfica não é utilizada e não é descrito aqui.

Preparar o aparelho de ultrassonografia e identificar uma veia candidata

  • Verificar se o aparelho de ultrassom está configurado e funcionando corretamente: configurar o aparelho no modo 2-D ou modo B, e pronto para obter documentação apropriada da imagem de acordo com os protocolos da instituição. Certificar-se de que a imagem na tela se correlaciona com a orientação espacial da sonda ao segurar e movê-la. Isso quase sempre significa orientar o marcador da sonda à esquerda do operador, não em direção ao paciente. A marca lateral na sonda corresponde ao ponto/símbolo marcador na tela do ultrassom. Ajustar as configurações do monitor e a posição da sonda, se necessário, para alcançar uma orientação esquerda-direita precisa.

  • Colocar um torniquete proximal ao provável local de inserção e fazer uma inspeção ultrassonográfica não estéril preliminar para identificar uma veia adequada. Um segmento de veia preferível é reto, largo, relativamente próximo da superfície e inconfundível com qualquer artéria dos arredores.

  • Utilizar uma incidência transversal (seção transversa, eixo curto) e ajustar o ganho no console de modo que os vasos sanguíneos permaneçam anecoicos (pareçam escuros no monitor de ultrassonografia) e os tecidos circundantes tenham tons de cinza. Definir a profundidade máxima na superfície de um osso, de modo a visualizar todo o campo. Deslizar lentamente a sonda de proximal para distal ao longo das veias e ajustar/girar a sonda de modo que a veia permaneça sob o centro da sonda. Ajustar a profundidade máxima em aproximadamente duas vezes a distância entre a superfície e a veia candidata.

  • Após identificar um local de canulação adequado, remover o torniquete.

Em geral, as veias são maiores, de paredes finas e ovais (em vez de paredes espessas e arredondadas) e são mais facilmente comprimidas (isto é, pressionando com o transdutor) do que as artérias. Pressionar levemente para evitar distorção ou ocultação do lúmen venoso.

A trombose venosa desqualifica a veia para canulação; pode aparecer como uma ecogenicidade (irregularidade acinzentada) no lúmen, mas muitas vezes é diagnosticada porque a veia trombosada é incompressível.

Inserir o catéter venoso periférico utilizando orientação por ultrassom

  • Preparar o equipamento IV e o local de inserção como descrito acima.

  • Reaplicar o torniquete proximalmente ao ponto de inserção da agulha previsto.

  • Utilizam-se duas camadas de gel. Aplique uma das camadas na extremidade da sonda em contato com a pele e a cubra com um curativo estéril transparente — firmemente aplicado para eliminar bolhas de ar sob o curativo. Em seguida, aplique lubrificante estéril na parte externa da sonda coberta.

  • Comece com a incidência transversal (eixo curto): coloque a extremidade de contato da sonda sobre a pele, transversalmente à veia. Selecionar um segmento da veia como o local alvo de entrada e centralizar essa imagem no monitor de ultrassonografia, o que centraliza a veia sob a sonda. Mover a sonda para uma posição preliminar ligeiramente distal ao local alvo de entrada na veia.

  • Inserir o angiocateter, com o bisel da agulha virado para cima, na pele. Incline levemente a sonda, projetando assim o plano de imagem em direção ao angiocatéter para identificar a extremidade de contato com a pele. Depois que a ponta é identificada, mover a sonda proximalmente alguns milímetros (mais perto do local alvo de entrada na veia). Manter a sonda imóvel, avançar o angiocateter e observar o monitor até que o ponto branco claro representando a ponta do angiocateter apareça novamente.

  • Repetir o processo para avançar o angiocateter.

  • Pode ser preferível manter a incidência transversal (seção transversa) ao longo da canulação. Inclinar levemente a sonda para frente e para trás ao avançar o angiocateter para reidentificar continuamente a ponta da agulha (ponto branco que desaparece/reaparece) à medida que se aproxima da veia.

    Ou, pode ser preferível alternar para a incidência longitudinal (eixo longo) para observar o angiocateter longitudinalmente à medida que este se aproxima e entra na veia. Gire a sonda em 90 graus de modo a manter imagens longitudinais completas (no plano) do angiocatéter e da veia.

  • À medida que o angiocateter encontra a veia, pode ser possível ver primeiro a agulha recortando a parede superficial e, em seguida, atravessando a parede para entrar no lúmen. Um jato simultâneo de sangue vermelho-escuro no corpo da seringa confirma a inserção intraluminal.

  • Seguir os procedimentos padrão para avançar o catéter, assegurar a inserção intravascular, limpar o gel de ultrassonografia antes de fixar o catéter e iniciar qualquer infusão.

Cuidados posteriores para canulação das veias periféricas guiada por ultrasom

  • Substituir ou remover os catéteres em 72 horas após a inserção.

Alertas e erros comuns para canulação das veias periféricas guiada por ultrasom

  • Sempre manter a visualização por ultrassom da ponta da agulha durante a inserção.

  • Pode parecer que a agulha está no interior do lúmen da veia sem que na verdade a veia tenha sido puncionada. Continuar avançando o catéter dentro da veia sob orientação ultrassonográfica até que um estalo seja sentido ou um pouco de sangue seja observado na câmara do catéter.

Recomendações e sugestões para canulação das veias periféricas guiada por ultrasom

  • Não é necessária uma quantidade abundante de gel ou lubrificante, que pode obscurecer o marcador central da sonda.

  • Recomenda-se utilizar gel em embalagem descartável em vez do gel de ultrassom em frascos.

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