Como fazer canulação da veia subclávia infraclavicular guiada por ultrassom

PorPaula Ferrada, MD, VCU Health System
Revisado/Corrigido: jun. 2020
Visão Educação para o paciente

A canulação guiada por ultrassom da veia subclávia utiliza ultrassom (dinâmico) em tempo real para orientar a punção venosa e um fio-guia (técnica de Seldinger) para inserir um catéter venoso central através da veia subclávia até a veia cava superior. Utilizam-se duas abordagens (infraclavicular e supraclavicular); a abordagem infraclavicular é descrita aqui.  

Uso de orientação ultrassonográfica para se aproximar da veia subclávia por via infraclavicular requer que a veia axilar (continuidade distal da veia subclávia) seja imageada e canulada porque a clavícula bloqueia a imagem ultrassonográfica da veia proximal. Pode ser difícil fazer a canulação da veia axilar com ou sem orientação ultrassonográfica, e a orientação ultrassonográfica, se disponível, é obrigatória.

(Ver também Acesso vascular, Cateterismo venoso central e Como fazer canulação da veia subclávia.)

Indicações

  • Acesso venoso seguro ou a longo prazo que não está disponível em outros locais

  • Incapacidade de obter acesso venoso periférico ou infusão intraóssea

  • Infusão IV de líquidos e fármacos para pacientes com parada cardiorrespiratória

  • Infusão IV de líquidos concentrados ou irritantes

  • Infusão IV de altos fluxos ou grandes volumes de líquidos além do que é possível utilizando catéteres venosos periféricos

  • Monitoramento da pressão venosa central (PVC)

  • Hemodiálise ou plasmaférese*

  • Estimulação cardíaca transvenosa (ver vídeo Como inserir um marca-passo por via transcutânea em um adulto) ou monitoramento da artéria pulmonar (catéter de Swan-Ganz)†

* A veia subclávia pode ser menos preferida para catéteres rígidos (por causa da dificuldade de contornar a curva acentuada da veia cava superior) ou catéteres de hemodiálise de grosso calibre (que podem causar estenose venosa que torna o braço ipsilateral inadequado para a colocação de derivação arteriovenosa).

† Para estimulação cardíaca transvenosa e monitoramento da artéria pulmonar, tipicamente é preferível canulação da veia jugular interna ou da veia subclávia esquerda.

Catéter venoso central (CVC) subclávio é preferível para acesso venoso de longo prazo em pacientes não acamados (p. ex., pacientes ambulatoriais que precisam de nutrição parenteral, antibióticos ou quimioterapia).

Contraindicações

Contraindicações absolutas

  • Operador de ultrassom destreinado ou inexperiente

  • Veia axilar/subclávia inadequada, trombosada (não compressível) ou inacessível como visualizado por ultrassonografia

  • Fratura da clavícula ou arcos costais proximais

  • Infecção local na área de inserção

  • Catéter impregnado de antibiótico em paciente alérgico

Contraindicações relativas

  • Doença pulmonar unilateral: canulação ipsilateral.

  • Distorção anatômica local, traumática ou congênita, sem pneumotórax: canulação contralateral.

  • Coagulopatia, incluindo anticoagulação terapêutica*

  • Obesidade macroscópica: como a veia axilar é profunda e o plexo braquial está adjacente, pode-se fazer canulação da veia axilar somente em pacientes magros.

  • Síndrome da veia cava superior maligna

  • Insuficiência cardiorrespiratória grave ou aumento da pressão intracraniana ou intraocular: esses pacientes serão comprometidos pelo posicionamento em Trendelenburg (cabeça para baixo).

  • História de cateterização prévia da veia central pretendida

  • Paciente não cooperativo: sedar, se necessário.

  • Bloqueio de ramo esquerdo: fio-guia ou catéter no ventrículo direito pode induzir bloqueio cardíaco completo.

* Anticoagulação terapêutica (p. ex., para embolia pulmonar) aumenta o risco de sangramento com a canulação da veia subclávia, mas isso deve ser ponderado em relação ao maior risco de trombose (p. ex., acidente vascular encefálico) se a anticoagulação é revertida. Discutir qualquer reversão prevista com o médico responsável pela anticoagulação do paciente e então com o paciente. Um acesso femoral pode ser preferível.

Complicações

(Ver também Complicações do acesso venoso central.)

As complicações são

  • Pneumotórax [maior risco por causa da pleura apical (especialmente no lado esquerdo) está próxima da via de inserção da agulha]

  • Punção arterial

  • Hematoma (risco maior porque a clavícula impede a aplicação de pressão externa para interromper o sangramento arterial ou venoso subclávio)

  • Dano à veia

  • Hemotórax

  • Embolia aérea

  • Posicionamento incorreto do catéter* (p. ex., veia jugular interna, duto torácico)

  • Arritmias ou perfuração atrial, geralmente causadas por fio-guia ou catéter

  • Lesão nervosa

  • Infecção

  • Trombose (decorrente do próprio catéter)

* Complicações raras decorrentes do posicionamento incorreto do catéter incluem cateterismo arterial, hidrotórax, hidromediastino e lesão da valva atrioventricular direita.

O uso da ultrassonografia diminui o risco de punção arterial e possivelmente pneumotórax.

Embolia por fio-guia ou catéter também raramente ocorre.

Para reduzir o risco de trombose venosa e sepse do catéter, deve-se remover os CVCs assim que não forem mais necessários.

Equipamento

Procedimento estéril, proteção de contato

  • Solução antisséptica (p. ex., clorexidina-álcool, iodopovidona, álcool)

  • Grandes campos estéreis, toalhas

  • Toucas, máscaras, aventais, luvas estéreis

  • Protetores faciais

Orientação ultrassonográfica

  • Aparelho de ultrassom com sonda de matriz linear de alta frequência [p. ex., 5 a 10 MHz; (transdutor)]

  • Gel para ultrassom, não estéril e estéril

  • Cobertura de sonda estéril para proteger a sonda e o cordão da sonda, e elásticos estéreis (alternativamente, a sonda pode ser colocada dentro de uma luva estéril e o cordão enrolado em uma cobertura estéril)

Técnica de Seldinger (catéter sobre o fio-guia)

  • Monitor cardíaco

  • Anestésico local (p. ex., lidocaína a 1% sem adrenalina, cerca de 5 mL)

  • Agulha anestésica pequena (p. ex., calibre 25 a 27, 3 cm de comprimento)

  • Agulha anestésica/localizadora grande* (calibre 22, cerca de 4 cm de comprimento)

  • Agulha introdutora (p. ex., parede fina, calibre 18 ou 16, com canhão chanfrado internamente, cerca de 6 cm de comprimento)

  • Seringas de 3 e 5 mL (utilizar seringas com ponta deslizante para as agulhas localizadoras e introdutoras)

  • Fio-guia, em forma de J

  • Bisturi (lâmina de tamanho #11)

  • Dilatador

  • Catéter venoso central (adulto: 8 F ou maior, comprimento mínimo para catéter axilar/subclávio é de 20 cm para o lado direito e 24 cm para o lado esquerdo)

  • Gaze estéril (p. ex., quadrados de 10 × 10 cm)

  • Soro fisiológico estéril para lavagem da(s) porta(s) do catéter

  • Sutura de seda ou náilon não absorvível (p. ex., 3-0 ou 4-0)

  • Adesivo de clorexidina, curativo oclusivo transparente

* Agulha localizadora é uma mais fina utilizada para localizar a veia antes de inserir a agulha introdutora. Em geral, não é necessária para a canulação guiada por ultrassom.

O diâmetro externo do CVC deve ser menor ou igual a um terço do diâmetro interno da veia (medido por ultrassonografia) para reduzir o risco de trombose.

A ajuda de um ou dois assistentes é útil.

Considerações adicionais

  • A ultrassonografia de eixo curto (transversal) é fácil de obter e é a melhor incidência para identificar veias e artérias e como estão orientadas entre si. Identificar uma ponta de agulha em corte transversal requer alguma habilidade porque a agulha aparece como um ponto ecogênico (isto é, branco) e a ponta só pode ser distinguida pelo desaparecimento e reaparecimento do ponto à medida que a ponta da agulha atravessa o plano da imagem. Em geral, utiliza-se a incidência de eixo curto para determinar um local adequado para empalamento venoso e para orientar inserções da agulha em um ângulo inclinado (p. ex., ≥ 45°).

  • A ultrassonografia de eixo longo (longitudinal, no mesmo plano) é tecnicamente mais difícil de realizar (deve manter a sonda, a veia e a agulha em um mesmo plano), mas mostra a agulha longitudinalmente, de modo que toda a agulha - incluindo sua ponta - pode ser imageada continuamente à medida que se aproxima e se adentra na veia; isso ajuda a evitar colocações errôneas. A incidência de eixo longo é útil quando o ângulo de inserção da agulha é superficial (p. ex., em canulações da veia axilar/subclávia) e para confirmar o alinhamento longitudinal adequado da agulha durante as inserções no eixo curto.

  • Algumas vezes as tentativas de canulação falham. Não exceder 2 ou 3 tentativas (o que aumenta o risco de complicações) e utilizar equipamentos novos a cada tentativa (isto é, não reutilizar agulhas, catéteres ou outros equipamentos porque podem ter sido bloqueados por tecido ou sangue).

  • Durante a parada cardiopulmonar, ou mesmo quando há hipotensão arterial e hipóxia, o sangue arterial pode estar escuro e não pulsátil e pode-se confundi-lo com sangue venoso.

  • Se a artéria subclávia é canulada erroneamente pelo dilatador tecidual ou CVC, manter o dilatador ou o catéter no local e agendar consulta para possível remoção cirúrgica.

Anatomia relevante

  • A veia subclávia é a continuação proximal da veia axilar e se estende medialmente a partir da borda lateral do primeiro arco costal até a veia braquiocefálica.

  • Como as ondas de ultrassom não penetram no osso, realiza-se teste por imagem da veia axilar (veia subclávia distal) inferior à clavícula lateral (para a abordagem infraclavicular).

  • A veia axilar se estende lateralmente do primeiro arco costal ao músculo redondo maior, onde se torna a veia braquial. A variação anatômica na direção da veia e artéria axilar é grande, de modo que a orientação ultrassonográfica é de particular importância (e é recomendada como obrigatória) nessa região.

  • Os vasos axilares são mais bem identificados utilizando uma incidência de eixo curto (seção transversal) na área inferior à clavícula distal, onde os vasos são mais superficiais e têm o maior diâmetro.

  • Uma incidência de eixo longo (longitudinal) e ângulo raso de inserção da agulha são úteis para a canulação da veia axilar a fim de evitar o empalamento da pleura.

  • O local de inserção na pele é influenciado tanto por exames de imagem como pelas dimensões da ponta do transdutor (isto é, o local de inserção na pele para orientação por ultrassom no eixo longo pode estar vários centímetros distal daquele da orientação por ultrassom no eixo curto).

  • A canulação da veia subclávia direita, versus esquerda, é às vezes preferível porque evita o ducto torácico e porque o ápice pleural direito é mais baixo do que o esquerdo. Algumas vezes, prefere-se a canulação esquerda porque possibilita uma via com menos angulação, mais direta, à veia cava superior, com menor probabilidade de direcionamento errôneo no cateterismo da veia jugular interna.

Posicionamento

  • Elevar o leito até uma altura confortável para o profissional (isto é, de modo que seja possível permanecer em pé ao realizar o procedimento).

  • Colocar o paciente em decúbito dorsal ou na posição de Trendelenburg (leito inclinado com a cabeceira para baixo em 10 a 20º) para distender a veia axilar e evitar embolia aérea.

  • O braço pode repousar confortavelmente na lateral do paciente e a cabeça é mantida em posição neutra.

  • Permanecer em pé ao lado do leito.

Descrição passo a passo do procedimento

  • Verificar se o equipamento de ultrassom está configurado e funcionando corretamente: assegurar que a imagem visualizada na tela corresponde à orientação espacial da sonda enquanto o operar a segura e a move. A marca lateral na ponta da sonda corresponde ao ponto azul-petróleo no monitor do ultrassom. Ajustar as configurações do monitor e a posição da sonda, se necessário, para alcançar uma orientação esquerda-direita precisa.

  • Fazer inspeção por ultrassom não estéril (isto é, utilizando uma sonda não coberta e gel não estéril) e determinar se a veia é adequada para canulação. Utilizar uma incidência de eixo curto (transversal). Examinar a área inferior à clavícula distal. Os vasos sanguíneos estão hipoecoicos (aparecem escuros na ultrassonografia). As veias geralmente são maiores, de paredes finas e ovais (em vez de paredes grossas e arredondadas) e são mais facilmente comprimidas (por pressão suave sobre a pele sobrejacente) do que suas artérias correlacionadas. O tamanho da veia axilar varia de acordo com a respiração e aumenta pela posição de Trendelenburg e manobra de Valsalva.

    Trombose venosa pode se manifestar como uma ecogenicidade (irregularidade acinzentada) no lúmen, mas muitas vezes é diagnosticada porque a veia trombosada é incompressível. Trombose desclassifica a veia como um local de canulação adequado.

    Fazer canulação de uma veia central em um local que possibilite a obtenção de imagens de ecocardiograma de eixo curto ótimas (isto é, seção transversa de grande diâmetro da veia, sem artéria sobrejacente).

  • Conectar o monitor cardíaco ao paciente e ligá-lo.

Preparar o equipamento

  • Colocar equipamentos estéreis em bandejas de equipamentos esterilizadas cobertas.

  • Utilizar roupas estéreis e proteção de contato.

  • Colocar o anestésico local em uma seringa.

  • Anexar a agulha introdutora a uma seringa de 5 mL com 1 a 2 mL de soro fisiológico estéril. Alinhar o bisel da agulha às marcações de volume na seringa.

  • Pré-lavar todos os acessos do CVC com 3 a 5 mL de soro fisiológico estéril e então fechar as portas com tampas ou seringas.

Ao lavar uma linha central, utilizar seringa de 10 mL (ou uma de diâmetro igual ou maior) e não pressionar demais para evitar a ruptura da linha.

Preparar o campo estéril

  • Limpar uma área ampla da pele com solução antisséptica, abrangendo toda a região clavicular e ombro. Incluir também o lado do pescoço e o tórax anterior abaixo do mamilo ipsolateral para que seja possível alternar imediatamente para canulação da veia jugular interna se a canulação da veia axilar/subclávia falhar.

  • Deixar a solução antisséptica secar por pelo menos 1 minuto.

  • Colocar toalhas estéreis ao redor do local.

  • Colocar campos estéreis grandes (p. ex., campo de corpo inteiro) para estabelecer uma grande área estéril.

Colocar uma cobertura estéril sobre a sonda de ultrassom

  • Orientar o assistente (não estéril) a aplicar gel não estéril para ultrassom à ponta da sonda e então segurar a sonda, com a ponta virada para cima, imediatamente fora do campo estéril.

  • Insira a mão dominante com luva na cobertura da sonda estéril.

  • Segurar a ponta da sonda com a mão dominante (agora protegida pela cobertura da sonda).

  • Utilizar a mão não dominante enluvada para desenrolar a cobertura estéril ao longo da sonda e completamente até o cordão. Não tocar no cordão descoberto nem deixar que ele toque no campo estéril ao remover a cobertura.

  • Puxe a tampa firmemente sobre a ponta da sonda para eliminar todas as bolhas de ar.

  • Prenda a cobertura em torno da sonda com os elásticos estéreis.

  • A sonda coberta pode agora ser colocada sobre os campos estéreis.

Anestesiar o local de canulação

Aplicar gel estéril para ultrassom à ponta coberta da sonda.

Utilizar orientação por ultrassom de eixo longo para canulação da veia axilar/subclávia para a inserção do anestésico local e da agulha introdutora:

  • Primeiro, utilizar orientação por ultrassom de eixo curto para obter uma imagem ideal da seção transversa da veia axilar inferior à clavícula distal. Pressionar levemente com a ponta da sonda para evitar distorcer o tamanho da imagem e a forma da veia.

  • Em seguida, girar a sonda 90° para alcançar a incidência de eixo longo (no mesmo plano, longitudinal) da veia axilar, colocando a extremidade medial da sonda sobre o local da incidência de eixo curto perfeitamente imageada. Mover a sonda conforme necessário para alcançar a imagem mais ampla da veia, o que ocorre quando a sonda se sobrepõe ao eixo longitudinal da veia. Pressionar levemente com a ponta da sonda para que a veia permaneça centralizada sob a ponta e não deslize lateralmente.

  • Manter a sonda nesse local.

  • Ao utilizar orientação por ultrassom de eixo longo, inserir as agulhas para o procedimento (agulha com anestésico local e agulha introdutora) na pele em um ponto distal à extremidade distal da sonda e, inicialmente, avançar a agulha na pele em um ângulo raso (cerca de 30°) abaixo do eixo longo da sonda. Ajustar ligeiramente a sonda e a agulha conforme necessário para manter ambas no plano. À medida que avança, ajustar o ângulo de inserção de modo que a agulha encontre a veia na extremidade proximal da sonda. Manter pressão negativa suave no êmbolo da seringa à medida que avança.

  • Aplicar o anestésico, criando uma pápula, imediatamente lateral à extremidade lateral da ponta da sonda e então, sob orientação ultrassonográfica, injetar o anestésico na pele e nos tecidos moles superficiais até a veia ao longo de um ângulo raso passando medialmente sob a sonda. Ajustar o ângulo de inserção conforme necessário para manter a agulha longe da veia.

Inserir a agulha introdutora utilizando orientação por ultrassom

  • Continuar a utilizar orientação por ultrassom de eixo longo (como descrito acima para a injeção de anestésico local).

  • Inserir a agulha introdutora (com o bisel da agulha alinhado ao longo da via de inserção).

  • Manter a visualização longitudinal da agulha e da veia à medida que avança, fazendo pequenos ajustes na direção lateral da agulha e na orientação da sonda.

    Se a agulha se afastar da veia, parecerá ser mais curta. Ajustar a direção lateral da agulha de modo a formar uma imagem de todo o seu comprimento. Se a ponta da agulha está se aproximando muito lentamente, remover um pouco a agulha, diminuir o ângulo de inserção e avançar novamente.

  • À medida que a ponta da agulha se aproxima da veia, diminuir a velocidade e o ângulo de inserção para que a agulha entre com o máximo de controle possível. A parede superficial da veia irá recuar quando a ponta da agulha atravessá-la. A agulha então atravessa a parede e entra no lúmen, acompanhada por um jato de sangue vermelho escuro no corpo da seringa.

  • Manter a seringa imóvel nesse local e visualizar a ponta da agulha o tempo todo. Deslocamento é comum, e mesmo um pequeno movimento pode deslocar a ponta da agulha em relação à veia.

Avaliar o retorno venoso

  • Continuar mantendo a seringa imóvel.

  • Segurar firmemente o canhão da agulha e mantê-la imóvel.

  • Remover a seringa do canhão da agulha e deixar o sangue fluir brevemente para confirmar que o sangue é venoso (isto é, vermelho-escuro e escoando, mas não pulsátil). A seguir, cobrir imediatamente o canhão com o polegar para interromper o fluxo sanguíneo e evitar embolia gasosa.

Entretanto, se o sangue é vermelho vivo e for pulsátil (arterial), interromper o procedimento. Remover a agulha e utilizar quadrados de gaze de 10 × 10 cm para manter pressão externa sobre a área durante 10 minutos e ajudar a prevenir sangramentos e hematomas.

Inserir o fio-guia

  • Girar cuidadosamente a agulha introdutora de modo que agora o bisel da agulha aponte para a parte inferior (isto é, longe da veia jugular interna e em direção ao coração).

  • Inserir a extremidade curva em J do fio-guia na agulha introdutora, com a curva em J voltada para baixo (isto é, na mesma direção do bisel da agulha).

  • Avançar o fio-guia através da agulha e até a veia. É possível utilizar orientação por ultrassom (eixo curto ou longo) para verificar se o fio-guia está entrando na veia. Não forçar o fio; ele deve correr suavemente. Avançar o fio 20 de 23 cm ou até a ocorrência de batimentos cardíacos ectópicos (retirar a partir desse ponto até a ectopia parar).

Se sentir alguma resistência ao avançar o fio-guia, parar de avançá-lo. Tentar remover delicadamente o fio, girá-lo ligeiramente, então avançá-lo novamente ou tentar removê-lo completamente, restabelecer a ponta da agulha dentro da artéria (confirmada pelo retorno de sangue venoso) e, em seguida, reinserir o fio.

Entretanto, se sentir alguma resistência ao remover o fio, interromper o procedimento e retirar a agulha e o fio-guia juntos como uma unidade (para evitar que a ponta da agulha rompa o fio-guia dentro do paciente). Em seguida utilizar quadrados de gaze de 10 × 10 cm por 10 minutos para manter pressão externa sobre a área e ajudar a prevenir sangramentos e hematomas.

Depois que o fio-guia foi inserido, continue segurando-o firmemente no lugar com uma mão e controlando-o durante o restante do procedimento.

Remover a agulha introdutora (após inserção bem-sucedida do fio-guia)

  • Primeiro, manter firmemente o fio-guia distal à agulha e puxá-la da pele.

  • Em seguida, segurar firmemente o fio-guia na superfície da pele e deslizar a agulha ao longo da extensão restante do fio-guia para remover a agulha.

Alargar o trato de inserção

  • Estender o local de inserção da pele: utilizando o bisturi, fazer uma pequena incisão (cerca de 4 mm) no local de inserção da pele, evitando contato com o fio-guia, para ampliar o local e possibilitar que acomode os maiores diâmetros do dilatador de tecido e do catéter.

  • Avançar o dilatador de tecidos sobre o fio-guia: primeiro, segurar o fio-guia na pele e deslizar o dilatador para baixo ao longo do comprimento do fio em direção à pele. Em seguida, segurar o fio imediatamente distal ao dilatador, manter o dilatador próximo da superfície da pele e utilizar um movimento espiralado conforme necessário para inserir gradualmente toda a extensão do dilatador. Manter o controle do fio-guia o tempo todo durante a inserção.

  • Remover o dilatador: primeiro, segurar firmemente o fio-guia distalmente ao dilatador e puxar o dilatador da pele. Quando o fio-guia está visível na superfície da pele, remover completamente o dilatador, deslizando-o pelo comprimento restante do fio-guia.

  • Manter o controle do fio-guia na superfície da pele.

Inserir o catéter

  • Avançar o catéter sobre o fio-guia em direção à superfície da pele: manter o fio-guia fixo na superfície da pele, inserir a ponta do catéter em torno da extremidade distal do fio-guia e deslizá-lo para baixo até a superfície da pele. A extremidade distal do fio-guia deve agora estar saliente a partir da conexão da via.

  • Se a extremidade distal do fio-guia não está saliente a partir da conexão da via, mover gradualmente o fio-guia para fora da superfície da pele, mantendo a ponta do catéter próxima à superfície até o fio-guia estar saliente.

  • Continuar avançando o catéter na veia: segurar e controlar o fio-guia no ponto em que ele se projeta do canhão. Segurar o catéter perto da sua ponta e inserir a ponta através da pele. Então, em incrementos de vários centímetros e utilizando um movimento espiralado conforme necessário, avançar gradualmente toda a extensão do catéter. Se ocorrerem batimentos cardíacos ectópicos, remover lentamente o catéter até a ectopia parar.

  • Utilizar ultrassonografia para verificar a inserção intravenosa do catéter.

  • Manter o controle tanto do fio-guia como do catéter.

  • Remover o fio-guia: retirar o fio-guia e segurar o catéter firmemente no lugar sobre a superfície da pele.

  • Lavar cada porta do catéter com soro fisiológico: primeiro, aspirar o ar da linha e confirmar o fluxo de sangue venoso para dentro do canhão. Então, utilizando uma seringa de 10 mL (ou uma de diâmetro igual ou maior) e força não excessiva, empurrar 20 mL de soro fisiológico no acesso para limpá-lo.

Cobrir o local

  • Se o paciente está acordado ou minimamente sedado, utilizar lidocaína a 1% para anestesiar a pele nos locais de sutura planejados.

  • Colocar um disco impregnado de clorexidina sobre a pele no ponto de inserção do catéter.

  • Suturar a pele à braçadeira de fixação no catéter.

  • Para evitar tracionar o local de inserção, suturar o catéter em um segundo local de modo que um segmento curvo ou em forma de laço do catéter permaneça entre os dois locais.

  • Aplicar um curativo oclusivo estéril. Curativos de filme transparente são comumente utilizados.

Cuidados posteriores

  • Fazer uma radiografia de tórax para confirmar que a ponta de um CVC subclávio (ou jugular) está na veia cava superior perto de sua junção com o átrio direito (o catéter pode ser avançado ou retraído se não estiver na posição apropriada) e confirmar que não houve pneumotórax.

Radiografia de um acesso venoso central
Ocultar detalhes
A seta vermelha indica a ponta do catéter venoso subclávio esquerdo (colocado apropriadamente na parte inferior da veia cava superior).
© 2017 Elliot K. Fishman, MD.

Alertas e erros comuns

  • A ponta de um CVC nunca deve estar no átrio direito porque essa câmara tem parede fina e é facilmente perfurado.

  • O fio-guia ou catéter no átrio ou ventrículo direito pode induzir à ectopia cardíaca.

  • Nunca perder o controle do fio-guia.

  • Durante a parada cardiopulmonar, ou mesmo quando há hipotensão arterial e hipóxia, o sangue arterial pode estar escuro e não pulsátil e pode-se confundi-lo com sangue venoso.

  • Já recomendou-se colocar um travesseiro sob as costas do paciente para facilitar a inserção do acesso subclávio, mas fazer isso pode dificultar a inserção correta por estreitar o espaço entre a clavícula e o primeiro arco costal.

  • Para ajudar a prevenir a embolia aérea, deve-se inserir CVCs (e removê-los) com o local de canulação vascular posicionado abaixo do nível do coração.

quizzes_lightbulb_red
Test your KnowledgeTake a Quiz!
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS