Muitas células tumorais produzem moléculas associadas ao câncer ou específicas de câncer, geralmente peptídeos, que podem ser liberadas no sangue ou exibidas na superfície celular. Qualquer molécula capaz de ser reconhecida pelo sistema imunitário e que desencadeia uma resposta imunológica é considerada antigênica. Foram identificados antígenos específicos a câncer ou associados a câncer na maioria dos tipos de câncer humanos, como linfoma de Burkitt, neuroblastoma, melanoma, osteossarcoma, carcinoma de células renais, câncer de mama, câncer de próstata, câncer de pulmão e câncer de colo. O papel principal do sistema imunitário é a detecção desses antígenos para permitir um alvo subsequente para erradicação. Contudo, a resposta imunitária aos antígenos tumorais varia e muitas vezes é insuficiente para evitar o crescimento do tumor (ver também Resposta do hospedeiro a tumores).
Antígenos tumorais são relativamente restritos às células tumorais.
Antígenos tumorais específicos (ATE) são exclusivos de células tumorais.
ATEs e AATs são tipicamente porções de moléculas intracelulares expressas na superfície celular, frequentemente associadas a moléculas codificadas pelo principal complexo de histocompatibilidade ou genes do antígeno leucocitário humano (HLA). Entretanto, vários antígenos com expressão seletiva na superfície das células tumorais não estão associados ao complexo principal de histocompatibilidade e podem ser candidatos a alvo no tratamento. Os exemplos incluem
Mesotelina, que é superexpressa em várias células tumorais, mas também em células mesoteliais normais
Claudina 18.2, que é expressa em uma proporção significativa de cânceres gástricos, bem como em uma porção de tumores pancreáticos, esofágicos, ovarianos e pulmonares
Os mecanismos de origem sugeridos para os antígenos tumorais incluem
Introdução de nova informação genética de um vírus (p. ex., proteínas E6 e E7de papilomavírus humano no câncer do colo do útero)
Alteração dos oncógenes ou genes supressores do tumor por carcinógenos, que resultam na formação de neoantígenos (novas sequências ou acúmulo de proteínas que normalmente não são expressas ou são expressas em níveis muito baixos como ras ou p53), gerando a nova sequência de proteínas diretamente ou induzindo o acúmulo dessas proteínas
Mutações em genes diversos, que não estão diretamente associados a genes supressores de tumor ou oncogenes, e que resultam na expressão de neoantígenos específicos de tumor na superfície celular.
Desenvolvimento de níveis anormalmente altos de proteínas que, geralmente, estão presentes em níveis substancialmente baixos (p. ex., antígenos específicos da próstata, antígenos associados a melanomas) ou que são expressos apenas durante o desenvolvimento embrionário (antígenos carcinoembrionários)
Descoberta de antígenos normalmente enterrados na membrana da célula em decorrência da homeostasia da membrana defeituosa por células neoplásicas
Liberação de antígenos quase sempre sequestrados dentro da célula ou suas organelas quando a célula neoplásica morre
Algumas evidências vinculam a resposta imunitária dos pacientes com câncer a mutações nas células tumorais (1, 2, 3).
Referências
1. Ding L, Chen F: Predicting tumor response to PD-1 blockade. N Engl J Med 381(5):477–479, 2019. doi: 10.1056/NEJMcibr1906340
2. Snyder A, Makarov V, Merghoub T, et al: Genetic basis for clinical response to CTLA-4 blockade in melanoma. N Engl J Med 37:2189–2199, 2014. doi: 10.1056/NEJMoa1406498
3. Van Allen EM, Miao D, Schilling B, et al: Genomic correlates of response to CTLA-4 blocker in metastatic melanoma. Science 350:207–211, 2015. doi: 10.1126/science.aad0095