Gestação múltipla

PorJulie S. Moldenhauer, MD, Children's Hospital of Philadelphia
Revisado/Corrigido: jul. 2024
Visão Educação para o paciente

Gestação multifetal é a presença de > 1 feto no útero.

Nos Estados Unidos, em 2021, as taxas de parto multifetais foram 31 nascimentos gêmeos por 1.000 nascimentos no total e 80 trigêmeos e nascimentos múltiplos de ordem mais alta por 100.000 (1). As taxas de gestações gemelares variam entre países e regiões; são mais altos na África, intermediários nos Estados Unidos, Europa e Australásia e mais baixos na Ásia e na América do Sul (2).

Os fatores de risco para gestação multifetal são (3):

  • Uso de tecnologias de reprodução assistida (p. ex., fertilização in vitro)

  • História pessoal ou familiar de gestação multifetal

  • Paridade crescente

  • Obesidade

  • Aumento da altura materna (≥ 164 cm)

  • Idade materna ≥ 35 anos

Complicações

Gestação multifetal aumenta o risco de (4):

O útero superdistendido tende a estimular o trabalho de parto prematuro, causando parto prematuro. A idade gestacional média ao nascimento é (5):

  • Gêmeos: 35 semanas

  • Trigêmeos ou mais: 31 semanas

Nas gestações multifetais, pode haver variações na apresentação fetal, posição ou situação. O útero pode se contrair após o parto da primeira criança, descolando parcialmente a placenta (descolamento prematuro da placenta) e aumentando o risco para o feto remanescente. Às vezes, a distensão uterina dificulta a contração uterina pós-parto, provocando atonia e hemorragia pós-parto.

Algumas complicações se só desenvolvem em gestações multifetais. Um exemplo é a síndrome de transfusão entre gêmeos (quando os gêmeos compartilham a mesma placenta: essa síndrome resulta em comunicação vascular entre os dois, o que pode levar ao compartilhamento desigual do sangue).

Referências

  1. 1. Osterman MJK, Hamilton BE, Martin JA, Driscoll AK, Valenzuela CP: Births: Final Data for 2021. Natl Vital Stat Rep. 2023;72(1):1-53.

  2. 2. Monden C, Pison G, Smits J: Twin Peaks: more twinning in humans than ever before. Hum Reprod. 2021;36(6):1666-1673. doi:10.1093/humrep/deab029

  3. 3. Hoekstra C, Zhao ZZ, Lambalk CB, et al: Dizygotic twinning. Hum Reprod Update. 2008;14(1):37-47. doi:10.1093/humupd/dmm036

  4. 4. American College of Obstetricians and Gynecologists' Committee on Practice Bulletins: Multifetal Gestations: Twin, Triplet, and Higher-Order Multifetal Pregnancies: ACOG Practice Bulletin, Number 231. Obstet Gynecol. 2021;137(6):e145-e162. doi:10.1097/AOG.0000000000004397

  5. 5. Centers for Disease Control and Prevention, National Center for Health Statistics: National Vital Statistics System, Natality on CDC WONDER Online Database. Os dados são dos registros de natalidade para nascimentos ocorridos em 2023 até o mês passado, compilados a partir de dados fornecidos por 57 jurisdições de estatísticas vitais por meio do programa de estatísticas vitais cooperativas. Acessado em 13 de março de 2024.

Diagnóstico da gestação multifetal

  • Ultrassonografia pré-natal

Suspeita-se de gestação multifetal se o útero for grande para as datas; isso se confirma na ultrassonografia pré-natal. A ultrassonografia também pode determinar se cada feto em uma gestação multifetal tem um córion e um ânion separados. Uma gestação com córion compartilhado (p. ex., gêmeos monocoriônicos) ou córion e âmnio compartilhados (p. ex., gêmeos monoamnióticos) têm risco de síndrome de transfusão gêmeo-gêmeo (resultando em distribuição assimétrica de líquido e crescimento entre os fetos).

Tratamento da gestação multifetal

  • Monitoramento pré-natal e prevenção das complicações

  • Cesárea quando indicada

O pré-natal visa avaliar o crescimento fetal e monitorar as complicações. Testes para diabetes gestacional e monitoramento para pré-eclâmpsia são os mesmos que nas gestações únicas. Para gestações multifetais, o monitoramento adicional pode incluir ultrassonografias seriadas no segundo trimestre para monitorar encurtamento cervical e vigilância pré-natal fetal (p. ex., teste sem estresse, perfil biofísico) a partir de 32 semanas. Medidas preventivas devem ser consideradas, se apropriado, para pré-eclâmpsia (ácido acetilsalicílico), parto prematuro (cerclagem, progesterona vaginal, tocolíticos) e complicações neonatais da prematuridade (corticoides, sulfato de magnésio).

Para gestações gemelares, o parto vaginal é preferível se o gêmeo que se apresenta primeiro estiver na apresentação cefálica. O parto cesárea é realizado em caso de gestação gemelar com apresentação não cefálica ou gestação múltipla de ordem superior, ou quando o parto precisa ser acelerado devido a indicações fetais ou maternas.

Pontos-chave

  • Gestações multifetais têm maior risco para a gestante, feto e neonato, incluindo diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, parto pré-termo, restrição de crescimento, hemorragia pós-parto, e natimortos ou morte neonatal.

  • Se o útero for grande para a idade gestacional, fazer ultrassom para avaliar gestação multifetal.

  • Monitorar o crescimento fetal e as complicações como a seguir: teste para diabetes, monitorar pré-eclâmpsia e, possivelmente, fazer ultrassonografias seriadas para verificar encurtamento do colo do útero no segundo trimestre e vigilância fetal pré-parto (p. ex., perfil biofísico) a partir de 32 semanas.

  • Medidas preventivas devem ser consideradas, se apropriado, para pré-eclâmpsia (ácido acetilsalicílico), parto prematuro (cerclagem, progesterona vaginal, tocolíticos) e complicações neonatais da prematuridade (corticoides, sulfato de magnésio).

  • O parto vaginal de gêmeos é preferível, se o gêmeo que se apresenta primeiro estiver na apresentação cefálica.

  • Realizar cesárea em casos de gêmeos em apresentação não em vértice, gestação com múltiplos avançada ou por outras indicações clínicas fetais e maternas.

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