Vipoma

(Síndrome de Werner-Morrison)

PorB. Mark Evers, MD, Markey Cancer Center, University of Kentucky
Revisado/Corrigido: mai. 2024
Visão Educação para o paciente

O vipoma é um tumor de células das ilhotas pancreáticas não-beta secretoras de peptídeo intestinal vasoativo (VIP), resultando em síndrome de diarreia aquosa, hipopotassemia e acloridria (síndrome DAHA). O diagnóstico é feito pela mensuração do VIP sérico. A localização do tumor se faz por TC e ultrassonografia endoscópica. O tratamento consiste em ressecção cirúrgica.

Os vipomas são um tipo de tumor endócrino pancreático que se origina das células das ilhotas. Desses tumores, mais da metade são malignos e alguns podem ser bem grandes (7 cm) quando do diagnóstico. Em cerca de 6% dos pacientes, o vipoma aparece como parte de neoplasia endócrina múltipla.

Sinais e sintomas dovipoma

Os principais sintomas do vipoma são diarreia aquosa em grande quantidade (volume de fezes em jejum > 750 a 1.000 mL/dia e volumes fora do jejum > 3.000 mL/dia) e sintomas de hipopotassemia, acidose metabólica e desidratação. Em metade dos pacientes, a diarreia é constante; no restante, a intensidade da diarreia varia ao longo do tempo. Cerca de 33% dos pacientes apresentam diarreia < 1 ano antes do diagnóstico, mas 25% têm diarreia 5 anos antes do diagnóstico (1).

Letargia, fraqueza muscular, náuseas, vômitos e cólicas abdominais acontecem com frequência.

Rubor semelhante ao da síndrome carcinoide ocorre em 20% dos pacientes durante as crises de diarreia.

Referência sobre sinais e sintomas

  1. 1. Una Cidon E. Vasoactive intestinal peptide secreting tumour: An overview. World J Gastrointest Oncol 2022;14(4):808-819. doi:10.4251/wjgo.v14.i4.808

Diagnóstico do vipoma

  • Confirmação de diarreia secretora

  • Níveis séricos do peptídeo intestinal vasoativo (PIV)

  • Ultrassonografia endoscópica, positron emission tomography (PET) ou cintilografia pode localizar

O diagnóstico do vipoma requer demonstração de diarreia secretora (osmolaridade das fezes é próxima à do plasma, e o dobro da soma da concentração de sódio e potássio nas fezes equivale a toda osmolaridade fecal medida). Outras causas da diarreia secretora e, particularmente, o abuso de laxantes devem ser excluídos (ver Exames para diarreia). Nesses pacientes, deve-se medir os níveis séricos de peptídeo intestinal vasoativo (de preferência durante agudização da diarreia). Níveis marcadamente elevados estabelecem o diagnóstico, mas pequenas elevações podem ocorrer na síndrome do intestino curto e em doença inflamatória intestinal.

Pacientes com níveis elevados de peptídeo intestinal vasoativo devem ser submetidos a estudos para sua localização, como ultrassonografia endoscópica e cintilografia com octreotida marcada ou arteriografia para localização de metástases.

Devem-se mensurar eletrólitos e realizar um hemograma. Alterações na hiperglicemia ou intolerância à glicose aparecem em 50% dos casos. Hiperglicemia ocorre em 50% dos pacientes. A etiologia da hipercalcemia não é totalmente clara, mas os fatores contribuintes podem incluir desidratação grave, concomitante neoplasia endócrina múltipla (NEM) e peptídeo calcitrófico secretado pelo tumor (1).

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Una Cidon E. Vasoactive intestinal peptide secreting tumour: An overview. World J Gastrointest Oncol 2022;14(4):808-819. doi:10.4251/wjgo.v14.i4.808

Tratamento do vipoma

  • Reposição de líquidos e eletrólitos

  • Octreotida ou lanreotida

  • Remoção cirúrgica em casos de doença localizada

Inicialmente, líquidos e eletrólitos devem ser repostos. Deve-se administrar bicarbonato para repor a perda fecal e evitar a acidose. Já que a perda de água e eletrólitos aumenta assim que se consegue a reidratação, a reposição intravenosa contínua pode se tornar difícil.

A octreotida, um análogo sintético da somatostatina, geralmente controla a diarreia, mas doses grandes podem ser necessárias. Pacientes que respondem inicialmente à octreotida podem se beneficiar de uma formulação de octreotida ou lanreotida de ação prolongada. Pacientes em uso de octreotida ou lanreotida também podem precisar receber enzimas pancreáticas suplementares porque esses análogos da somatostatina suprimem a secreção de enzimas pancreáticas.

A ressecção do tumor é curativa em 50% dos pacientes com tumor localizado. Em pacientes com tumor metastático, ressecção de todos os tumores visíveis pode proporcionar alívio temporário dos sintomas (1).

A combinação de estreptozotocina e doxorrubicina pode reduzir a diarreia e a massa tumoral se uma resposta objetiva ocorrer (em 50 a 60%). Quimioterapias sob investigação para vipoma incluem regimes à base de temozolomida, everolimo e sunitinibe (1). A quimioterapia não é curativa.

Referência sobre o tratamento

  1. 1. Azizian A, König A, Ghadimi M. Treatment options of metastatic and nonmetastatic VIPoma: a review. Langenbecks Arch Surg 2022;407(7):2629-2636. doi:10.1007/s00423-022-02620-7

Pontos-chave

  • Mais da metade dos vipomas é maligna.

  • Diarreia aquosa intensa (muitas vezes 1 a 3 L/dia) é comum, frequentemente resultando em anormalidades eletrolíticas e/ou desidratação.

  • Deve-se medir em pacientes com diarreia aquosa confirmada os níveis séricos de vasoactive intestinal peptide (VIP) (idealmente durante a agudização da diarreia).

  • Localizar os tumores com ultrassonografia endoscópica, positron emission tomography (PET) ou cintilografia por octreotida ou arteriografia.

  • Remover os tumores cirurgicamente quando possível e suprimir a diarreia com octreotida.

  • Pacientes com tumores irressecáveis ou metastáticos podem ser tratados com terapias direcionadas molecularmente como everolimo ou sunitinibe ou, em alguns casos, com combinações de quimioterapia mais citotóxicas.

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