Síndrome da doença eutireoidiana

PorLaura Boucai, MD, Weill Cornell Medical College
Revisado/Corrigido: fev. 2024
Visão Educação para o paciente

A síndrome do paciente eutireoidiano é uma doença na qual os níveis séricos de hormônio tireóideo são baixos em pacientes com doença sistêmica não tireoidiana, mas que na verdade são eutireoidianos. O diagnóstico se faz pela exclusão do hipotireoidismo. O tratamento é diretamente o da doença subjacente; não há indicação de reposição de hormônio tireoideo.

(Ver também Visão geral da função tireoidiana.)

Pacientes com várias doenças agudas ou crônicas não tireoidianas podem apresentar resultados de testes anormais da função tireoidiana. Esses distúrbios incluem jejum, inanição, desnutrição proteico-calórica, trauma grave, infarto do miocárdio, doença renal crônica, cetoacidose diabética, anorexia nervosa, cirrose, lesão térmica, overdose de drogas e sepse.

A diminuição das concentrações de T3 é a mais comum. Pacientes com doenças mais graves e prolongadas também apresentam redução das concentrações de T4. O T3 sérico reverso (rT3) aumenta. Os níveis de TSH podem estar normais ou mesmo baixos e, durante a fase de recuperação da síndrome, níveis de TSH podem estar ligeiramente elevados.

Na verdade, os pacientes são eutireoidianos, mas, dependendo da doença aguda ou crônica subjacente, podem ter características que se sobrepõem ao hipotireoidismo grave como hipotermia, hipoventilação, hipotensão, letargia ou coma.

A patogênese é desconhecida, mas pode incluir

  • Diminuição da conversão periférica de T4 em T3

  • Diminuição da depuração do rT3 produzido por T4

  • Diminuição da ligação dos hormônio tireóideos à globulina ligante de tiroxina (TBG)

As citocinas pró-inflamatórias (p. ex., fator de necrose tumoral alfa, interleucina-1) podem ser responsáveis por algumas alterações.

A interpretação das alterações das provas de função tireoidiana para pacientes doentes é complicada pelo efeito de vários medicamentos, como os meios de contraste iodados e a amiodarona, que comprometem ainda mais a conversão periférica de T4 em T3, e por medicamentos como a dopamina e os corticoides, que diminuem a secreção hipofisária de TSH, causando redução das concentrações séricas de TSH com subsequente diminuição da secreção de T4.

Dicas e conselhos

  • Não se deve solicitar provas da função tireoidiana para os pacientes gravemente enfermos, a menos que exista uma forte suspeita de disfunção da tireoide.

Diagnóstico da síndrome da doença eutireoidiana

  • TSH

  • Cortisol sérico

O dilema diagnóstico é se o paciente apresenta hipotireoidismo ou síndrome do paciente eutireoidiano. O melhor exame é a medida de TSH, que, na síndrome do paciente eutireoidiano, é baixa, normal ou discretamente elevada, mas não tão elevada (geralmente < 10 mUI/L [10 microUI/mL]) quanto no hipotireoidismo (ver tabela Resultados de exames laboratoriais da função tireoidiana em várias situações clínicas).

A concentração sérica de rT3 é elevada, embora raramente o exame seja realizado, e os resultados geralmente não retornam em tempo para serem úteis na tomada de decisão.

A concentração sérica de cortisol está, muitas vezes, elevada na síndrome do paciente eutireoidiano e baixa ou normal-baixa no hipotireoidismo, em decorrência da disfunção hipotalâmico-hipofisária.

Como os exames são inespecíficos, é necessário o julgamento clínico para interpretar as alterações dos resultados das provas de função tireoidiana nos pacientes com doenças agudas ou crônicas. A menos que haja forte suspeida de disfunção da tireoide, não se deve solicitar provas da função tireoidiana para esses pacientes.

Tratamento da síndrome da doença eutireoidiana

  • Tratamento da doença subjacente

Tratamento com reposição de hormônio tireóideo não é adequado. Quando se trata a doença subjacente, os exames de função tireoidiana se normalizam.

Pontos-chave

  • Muitos pacientes gravemente enfermos têm baixos níveis de hormônios tireódeos, mas clinicamente não têm hipotireoidismo e não exigem suplementação de hormônio tireoideo.

  • Aqueles com síndrome do paciente eutireoidiano têm níveis baixos, normais ou apenas ligeiramente elevados de TSH (thyroid-stimulating hormone), ao contrário das elevações acentuadas de TSH presentes no hipotireoidismo verdadeiro.

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