Artrite infecciosa da prótese articular

PorSteven Schmitt, MD, Cleveland Clinic Lerner College of Medicine at Case Western Reserve University
Revisado/Corrigido: jul. 2022
Visão Educação para o paciente

As próteses articulares correm risco de infecções agudas ou crônicas, as quais podem causar sépse, morbidade e mortalidade. Os pacientes costumam ter história de queda recente. Os sintomas são dor, edema articular e restrição do movimento. O diagnóstico é feito com base em vários critérios. O tratamento é a antibioticoterapia prolongada e, geralmente, artrotomia.

Etiologia da artrite infecciosa da prótese articular

Infecções são mais comuns em próteses articulares do que em articulações naturais. Elas são frequentemente causadas por inoculações intraoperatórias de bactéria na articulação ou por bacteremia pós-operatória resultante de infecção cutânea, pneumonia, procedimento dentário, instrumentação invasiva, infecções do trato urinário ou possíveis quedas.

Em dois terços dos casos, as infecções articulares ocorrem 1 ano após a cirurgia. Durante os primeiros meses após cirurgia, as causas são Staphylococcus aureus em cerca de 50% dos casos, flora misturada em 35%, organismos Gram-negativos em 10% e anaeróbios em 5%. Cutibacterium acnes é especialmente comum na infecção das próteses da articulação escápulo-umeral e a sua identificação por cultura é demorada (até 2 semanas). Candida spp. infectam as próteses articulares em < 5% dos casos.

Sinais e sintomas da artrite infecciosa de prótese articular

Em pacientes com artrite infecciosa da prótese articular, há história de queda em 2 semanas do início dos sintomas em cerca de 25% dos pacientes e de revisões cirúrgicas prévias em cerca de 20%.

Alguns tiveram infecção no ferimento pós-operatório, a qual pareceu se resolver, recuperação pós-operatória satisfatória por vários meses e, então, desenvolvimento de dor articular persistente em repouso e tolerância de peso.

Sinais e sintomas da artrite infecciosa de prótese articular podem ser dor, edema e restrição do movimento; a temperatura pode ser normal.

Diagnóstico da artrite infecciosa da prótese articular

  • Critérios imagiológicos clínicos, microbiológicos e patológicos

O diagnóstico de artrite infecciosa de prótese articular costuma exigir uma combinação de critérios clínicos, microbiológicos, patológicos e de exames de imagem. A comunicação entre um trato sinusal e a prótese também pode ser considerada diagnóstico de infecção.

O líquido sinovial deve ser amostrado para contagem de células e cultura. As radiografias podem mostrar afrouxamento da prótese ou reação periosteal, mas não são diagnósticas. Exame de imagem ósseo utilizando tecnécio 99m e cintilografia com leucócitos marcados com índio são mais sensíveis do que radiografias simples, mas não têm especificidade no período pós-operatório imediato. Finalmente, o tecido periprotético coletado durante a cirurgia pode ser enviado para cultura e análise histológica.

Tratamento da artrite infecciosa da prótese articular

  • Artrostomia com desbridamento

  • Terapia antibiótica sistêmica a longo prazo

O tratamento da infecção de prótese articular precisa ser prolongado e geralmente é feito por artrostomia para remoção da prótese com desbridamento meticuloso de todo o preenchimento, abscessos e tecidos desvitalizados. O desbridamento é seguido por uma revisão imediata da prótese ou colocação de um espaçador impregnado com antibiótico e, após 2 a 4 meses, implantação de uma nova prótese utilizando preenchimento impregnado com antibiótico.

A terapia antibiótica sistêmica a longo prazo é utilizada nos dois casos; a terapia empírica é iniciada após a cultura intraoperatória ser realizada e geralmente combina a cobertura para organismos Gram-positivos resistentes a meticilina (p. ex., vancomicina 1 g IV a cada 12 horas) e organismos aeróbios Gram-negativos (p. ex., piperacilina/tazobactam 3,375 g IV a cada 6 horas ou ceftazidima 2 g IV a cada 8 horas) e é revisada com base nos resultados de cultura e teste de sensibilidade.

A taxa geral de sucesso livre de infecção em 5 anos após tratamento conservador e cirúrgico combinado é de 56%.

Terapia com antibióticos em longo prazo isoladamente pode ser tentada em pacientes que não toleram cirurgia. Artroplastia de excisão com ou sem fusão geralmente é reservada para pacientes com infecção não controlada e reserva óssea insuficiente.

Prevenção da artrite infecciosa da prótese articular

Na ausência de outras indicações (p. ex., doença cardíaca valvar), atualmente não se sabe se pacientes com articulações protéticas precisam de antibióticos profiláticos antes de procedimentos como tratamento dentário e instrumentação urológica. Ver Appropriate Use Criteria from the American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS) for the prevention of orthopedic implant infection in patients undergoing dental procedures.

Em muitos centros, os pacientes são rastreados para colonização por S. aureus através de cultura nasal. Os portadores são descolonizados com pomada de mupirocina antes da cirurgia de colocação da prótese articular.

Informações adicionais

Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. The Prevention of Orthopaedic Implant Infection in Patients Undergoing Dental Procedures: Evidence-based clinical practice guideline from the AAOS and ADA

  2. Diagnosis and Management of Prosthetic Joint Infection (PJI): Clinical Practice Guidelines by the Infectious Diseases Society of America: inclui recomendações baseadas em evidências e opiniões para o diagnóstico e tratamento de pacientes com infecção articular prostética tratados com desbridamento e retenção da prótese, artroplastia por ressecção, com ou sem subsequente reimplante em estágios, reimplante em 1 estágio e amputação

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