A língua pode sofrer alterações de coloração e textura. As alterações podem ser focais ou comprometer a maior parte da língua. Algumas alterações são assintomáticas; outras causam desconforto na língua.
(Ver também a tabela Achados orais nas doenças sistêmicas no tópico Doenças sistêmicas e a boca.)
Alterações da coloração da língua
A superfície papilar (dorso) da língua pode ficar pigmentada por causa de tabagismo ou pela mastigação de tabaco, consumo de certos alimentos ou vitaminas ou pelo crescimento de bactérias pigmentadas na superfície do órgão.
A pigmentação preta no dorso pode ocorrer por causa soluções orais contendo bismuto. Escovar a língua com uma escova de dentes ou limpá-la com um raspador de língua pode remover essa pigmentação.
Pigmentação preto-azulada, focal, pequena e sem apresentar alterações na superfície ventral, pode ser uma tatuagem por amálgama.
Língua pálida e lisa pode ser causada por glossite atrófica, que pode ocorrer na deficiência de ferro ou na deficiência de vitamina B12.
Língua magenta sugere deficiência de vitamina B12.
Língua vermelho-morango pode ser o primeiro sinal de escarlatina ou, em uma criança pequena, estar entre os sinais de doença de Kawasaki ou síndrome inflamatória multissistêmica em crianças (SIM-C).
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Língua vermelha e lisa com dor na boca pode indicar inflamação geral da língua (glossite) ou ser causada por deficiência de niacina.
Alterações da superfície da língua
As alterações mais comuns na superfície da língua, todas as três benignas, são
Língua geográfica (glossite migratória benigna, ou eritema migratório)
Língua fissurada (frequentemente associada à língua geográfica)
Língua pilosa
Na língua geográfica, regiões da língua são vermelhas e lisas (pela atrofia das papilas filiformes) e costumam ser rodeadas por uma borda ligeiramente amarelada e branca elevada. Outras áreas podem ser brancas ou amarelas e ásperas, representando alterações psoriáticas ou a própria psoríase concomitante. As áreas de pigmentação podem migrar em semanas a anos. Geralmente a doença é indolor e não é necessário tratar. A língua geográfica é mais comum em mulheres do que em homens, e o risco de tê-la é menor entre pessoas que fumam (1).
Se as pessoas tiverem sintomas, a aplicação de baixas doses de corticoides tópicos às vezes ajuda.
Esta foto mostra algumas bordas brancas elevadas em torno de áreas lisas e eritematosas de atrofia e perda das papilas. Outras áreas têm uma superfície áspera branca ou amarela (alterações psoriaformes). As lesões ocorrem em vários locais na língua e podem coalescer e formar uma aparência semelhante a mapa.
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Glossite migratória benigna (língua geográfica) na qual as projeções normais (papilas) na superfície da língua são perdidas e circundadas por áreas branco-amareladas elevadas. A língua também apresenta fissuras (sulcos profundos na parte superior e nas laterais da língua), que muitas vezes coexistem com a língua geográfica.
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A língua é acastanhada e tem aparência pilosa devido ao acúmulo de queratina no topo da língua (papilas).
Foto cedida por cortesia de Craig B. Fowler, DDS.
A leucoplasia pilosa oral se manifesta como placas brancas verrucosas nas margens laterais da língua.
Imagem cedida por cortesia de J.S. Greenspan, BDS, University of California, San Francisco and Sol Silverman, Jr., DDS via Public Health Image Library of the Centers for Disease Control and Prevention.
A língua fissurada é uma doença idiopática que geralmente ocorre em cerca de 5% dos adultos nos Estados Unidos (e em até 30% dos idosos). Os sulcos profundos estão localizados ao longo da linha média ou distribuídos no dorso. A língua fissurada pode ocorrer na língua geográfica, síndrome de Down ou na síndrome de Melkersson-Rosenthal, síndrome rara que também cursa com paralisia facial e queilite granulomatosa.
Língua pilosa ocorre pelo acúmulo de queratina nas papilas filiformes normais que dão à língua uma aparência pilosa. A língua pilosa é causada pela falta de estímulo mecânico na língua (p. ex., decorrente de má higiene oral) com retenção dos detritos alimentares residuais entre as papilas. A língua pilosa também pode aparecer após febre, antibioticoterapia ou uso excessivo de enxaguante bucal com água oxigenada. É comum em pessoas que fumam muito. Língua pilosa não deve ser confundida com leucoplaquia pilosa, que geralmente está associada à imunodeficiência (especialmente Infecção pelo HIV) e causada pelo vírus de Epstein-Barr. Manifesta-se como manchas brancas de aparência pilosa na região lateral da língua.
Outras alterações na superfície da língua incluem úlceras, manchas esbranquiçadas e manchas vermelhas.
As úlceras na língua podem ser úlceras aftosas herpetiformes (superfície ventral da língua) ou decorrente de traumatismo por mordedura acidental ou por atrito com um dente fraturado ou uma restauração.
Manchas esbranquiçadas na língua, semelhantes àquelas às vezes encontradas nas bochechas, podem ser decorrentes de
Febre
Desidratação
Respiração bucal
Candidíase oral (sapinho)
A candidíase oral assume muitas formas, como a queilite angular e as placas pseudomembranosas na mucosa oral, que podem estar associadas a próteses como nessa imagem (parte superior) ou acometerem a língua (parte inferior) ou a faringe.
Imagem cedida por cortesia de Jonathan Ship, MD.
Esta foto mostra uma placa espessa da leucoplaquia que se estende amplamente ao longo do dorso da língua.
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Eritroplasia é um termo geral que pode descrever lesões ou erosões aveludadas, vermelhas e planas que se desenvolvem na boca. Nesta imagem, um carcinoma de células escamosas exofítico é cercado por uma margem de eritroplacia.
Image provided by Jonathan A. Ship, DMD.
Manchas vermelhas na língua podem indicar
Glossite atrófica relacionada com anemia perniciosa
Glossite romboide mediana (uma forma de candidíase eritematosa)
Úlcera traumática de mordida acidental ou atrito contra dente pontiagudo ou restauração.
Leucoplasia e eritroplaquia podem ser manifestações de carcinoma oral de células escamosas; indica-se biópsia para ambas.
Referência geral
1. Shulman JD, Carpenter WM: Prevalence and risk factors associated with geographic tongue among US adults. Oral Dis 12(4):381-386, 2006. doi: 10.1111/j.1601-0825.2005.01208.x