Câncer de vulva

PorPedro T. Ramirez, MD, Houston Methodist Hospital;
Gloria Salvo, MD, MD Anderson Cancer Center
Revisado/Corrigido: out. 2023 | modificado nov. 2023
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O câncer de vulva geralmente se desenvolve nos lábios, o tecido que circunda a abertura da vagina.

  • O câncer pode parecer um nódulo, uma área irritada ou uma ferida que não cicatriza.

  • Uma amostra do tecido anômalo é coletada e examinada (biópsia).

  • Toda ou parte da vulva e quaisquer outras áreas afetadas são removidas cirurgicamente.

  • A cirurgia reconstrutiva pode ajudar a melhorar a aparência e a função

(consulte também Considerações gerais sobre câncer do sistema reprodutor feminino).

Nos Estados Unidos, o câncer de vulva (carcinoma vulvar) é o quarto câncer ginecológico mais comum, sendo responsável por 5% desses tipos de câncer. O câncer de vulva ocorre geralmente após a menopausa. A idade média de diagnóstico é de 70 anos. À medida que aumenta a expectativa de vida das mulheres, esse tipo de câncer se torna mais comum. Evidências recentes sugerem que o câncer de vulva está se tornando mais comum em mulheres mais jovens.

A vulva refere-se à área em torno da abertura da vagina. É ali que se encontram os órgãos reprodutores femininos externos.

Localização da vulva

O câncer de vulva geralmente se desenvolve lentamente ao longo de vários anos.

A maioria dos tipos de câncer de vulva são cânceres da pele que cobre os lábios, que circundam a abertura da vagina. Aproximadamente 90% dos casos de câncer de vulva são um carcinoma de células escamosas, que se desenvolve nas células planas que formam a camada mais externa da pele, e 5% dos casos são um melanoma que se desenvolve nas células produtoras de pigmento da pele (melanócitos). Os 5% restantes de casos incluem adenocarcinomas (que se desenvolvem a partir de células da glândula), carcinoma basocelular (que raramente se dissemina) e alguns tipos de câncer raros, como o câncer da glândula de Bartholin (as glândulas de Bartholin são glândulas redondas e muito pequenas, localizadas no fundo da vulva em ambos os lados da abertura da vagina).

Anatomia genital feminina externa

No centro desta imagem se encontra a vagina, um canal formado por músculo liso. A pequena abertura diretamente acima dela é a uretra, que é a abertura da bexiga. Abaixo da vagina se encontra o ânus. Acima da uretra se encontra o clitóris, um corpo de tecido erétil homólogo ao pênis. A vagina está rodeada pelos pequenos lábios, que estão rodeados pelos grandes lábios. O osso púbico fica na parte superior. O tecido roxo é uma continuação do clitóris, a crura do clitóris. O bulbo do vestíbulo (azul) também é formado por tecido erétil. Abaixo do bulbo fica a glândula de Bartholin, que secreta muco para lubrificar a vagina.

BO VEISLAND/SCIENCE PHOTO LIBRARY

O câncer de vulva começa na superfície da vulva. A maioria desses tipos de câncer cresce lentamente, permanecendo na superfície por muitos anos. No entanto, alguns tipos (por exemplo, melanoma) crescem rapidamente. O câncer de vulva não tratado pode acabar invadindo a vagina, a uretra ou o ânus e se disseminar até os linfonodos na pelve e abdômen e entrar na corrente sanguínea.

Fatores de risco para câncer de vulva

Os seguintes fatores aumentam o risco de ter câncer de vulva:

A maioria dos tipos de câncer de vulva é causada por uma infecção pelo papilomavírus humano (HPV) persistente.

Sintomas de câncer de vulva

Vermelhidão ou alteração na cor da pele da vulva pode ser pré‑cancerosa (indicando a possibilidade de haver câncer no futuro).

O câncer de vulva geralmente causa saliências incomuns ou feridas planas, lisas ou ásperas de cor vermelhas ou com cor de pele, que podem ser vistas e sentidas e que não cicatrizam. Às vezes, as feridas planas se tornam escamosas, descoloridas, ou as duas coisas. O tecido circundante pode se contrair e franzir. É possível que as feridas sangrem. O melanoma pode ter uma coloração preto-azulada ou marrom e ser saliente. Algumas feridas parecem verrugas.

Muitas mulheres tiveram coceira na região vulvar por bastante tempo.

Normalmente, o câncer de vulva causa pouco desconforto, mas a coceira é comum. O caroço ou a ferida pode sangrar ou produzir uma secreção líquida (ferida úmida). Esses sintomas devem ser avaliados imediatamente por um médico.

Diagnóstico do câncer de vulva

  • Biópsia

O médico diagnostica o câncer de vulva ao coletar uma amostra da pele anômala e examinando-a (biópsia). A biópsia permite ao médico determinar se a pele anômala é cancerosa ou se apenas está infeccionada ou irritada. O tipo de câncer, se presente, também pode ser identificado, ajudando o médico a desenvolver um plano de tratamento. Se as anomalias da pele não estiverem bem definidas, o médico aplica corantes na área anômala para ajudar a determinar o local de coleta da amostra de tecido para biópsia. Alternativamente, é possível que o médico utilize um instrumento com uma lente binocular (colposcópio) para examinar a superfície da vulva, um procedimento denominado colposcopia.

Estadiamento do câncer de vulva

O médico determina o estágio do câncer de vulva com base no seu tamanho, sua localização e no fato de ele ter ou não se disseminado até os linfonodos adjacentes, o que é determinado durante a cirurgia para remover o câncer. Os estágios variam de I (mais inicial) a IV (avançado).

  • Estágio I: O câncer está confinado à vulva.

  • Estágio II: O câncer se disseminou até os tecidos adjacentes (a parte inferior da uretra e/ou da vagina ou até o ânus), mas não alcançou os linfonodos adjacentes.

  • Estágio III: O câncer se disseminou para a parte superior das estruturas adjacentes ou para os linfonodos.

  • Estágio IV: O câncer se disseminou para locais distantes (por exemplo, fora da pelve) ou para os linfonodos na virilha, formando feridas ou ficando grudados ou presos ao osso.

Tratamento do câncer de vulva

  • Remoção de toda ou de uma parte da vulva

  • Geralmente, a remoção de linfonodos adjacentes

  • No caso de câncer mais avançado, cirurgia e radioterapia, frequentemente acompanhada de quimioterapia

Toda ou parte da vulva é removida cirurgicamente (um procedimento denominado vulvectomia). Os linfonodos adjacentes geralmente também são removidos. Porém, às vezes, o médico realiza uma dissecção de linfonodo sentinela (remoção do primeiro linfonodo que seria afetado pelo câncer). Uma vez que o carcinoma basocelular da vulva geralmente não se dissemina (passa por metástase) até locais distantes, a cirurgia geralmente envolve apenas a remoção do tumor. A vulva será completamente removida apenas se o carcinoma basocelular for muito abrangente.

Para poder identificar um linfonodo sentinela, o médico injeta um corante azul ou verde e/ou uma substância radioativa na vulva ao redor do tumor. Essas substâncias mapeiam o trajeto entre a vulva até o primeiro linfonodo (ou linfonodos) na pelve. Durante a cirurgia, o médico então verifica se existem linfonodos que têm cor azul ou verde ou que emitem um sinal radioativo (detectado por um aparelho portátil). O médico remove esse linfonodo e o envia para um laboratório para que ele seja examinado quanto à presença de câncer. Se não houver câncer, nenhum outro linfonodo precisará ser removido (exceto se eles estiverem com uma aparência anômala). Esse tratamento geralmente é suficiente no caso de câncer em estágio inicial. É possível que o médico remova linfonodos sentinelas em um ou ambos os lados da vulva, dependendo do tamanho do tumor.

Caso sejam detectadas regiões com câncer que medem menos de 2 milímetros (denominadas micrometástases) nos linfonodos sentinela, elas serão tratadas com radioterapia. Se as regiões forem maiores (macrometástases), os linfonodos na virilha são removidos (linfadenectomia).

No caso de câncer de vulva mais avançado, radioterapia, geralmente acompanhada de quimioterapia, costumam ser administradas antes da vulvectomia. Tal tratamento pode reduzir o tamanho de tumores muito grandes, facilitando sua remoção. Às vezes, o clitóris e outros órgãos da pelve devem ser removidos.

No caso de câncer de vulva muito avançado, o tratamento pode incluir cirurgia para remover todos os órgãos pélvicos (um procedimento denominado exenteração pélvica), radioterapia e/ou quimioterapia. Esses órgãos incluem os órgãos reprodutores (vagina, útero, trompas de Falópio e ovários), a bexiga, a uretra, o reto e o ânus. Definir quais órgãos serão removidos ou se todos serão removidos depende de muitos fatores, tais como a localização do câncer, a anatomia da mulher e seus objetivos após a cirurgia. Aberturas permanentes para urina (urostomia) e para fezes (colostomia) são feitas no abdômen para que esses resíduos possam sair do corpo e sejam coletados em sacos.

Após a remoção do câncer, a cirurgia para reconstruir a vulva e outras áreas afetadas (por exemplo, a vagina) pode ser realizada. Tal cirurgia pode melhorar a função e a aparência.

O médico trabalha em conjunto com a mulher para desenvolver um plano de tratamento que seja mais adequado para ela e leve em conta a idade, o estilo de vida sexual e eventuais outros problemas médicos. Geralmente relações sexuais são possíveis após a vulvectomia.

Prognóstico do câncer de vulva

Se o câncer de vulva for detectado e tratado precocemente, aproximadamente três em cada quatro mulheres não terão sinal de câncer cinco anos após o diagnóstico. A porcentagem de mulheres que continuam vivas cinco anos após o diagnóstico e tratamento (taxa de sobrevida em cinco anos) depende de o câncer ter se disseminado ou não e qual o grau de disseminação. Em geral, a taxa de sobrevida de cinco anos é de aproximadamente 70%.

O melanoma é mais propenso a se disseminar que o carcinoma de células escamosas.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que o MANUAL não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. National Cancer Institute: Câncer de vulva: Esse site fornece links para informações gerais sobre o câncer de vulva, bem como links para informações sobre as causas, dados estatísticos, prevenção, exames preventivos, tratamento e pesquisa de câncer e sobre como lidar com ele.

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