Embolia pulmonar (EP)

PorTodd M. Bull, MD, University of Colorado, Pulmonary and Critical Care;
Peter Hountras, MD, University of Colorado
Revisado/Corrigido: jul. 2023 | modificado dez. 2023
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Fatos rápidos

A embolia pulmonar é a obstrução de uma artéria do pulmão (artéria pulmonar) pelo acúmulo de material sólido trazido através da corrente sanguínea (êmbolo), geralmente um coágulo de sangue (trombo) ou, raramente, outro material.

  • A embolia pulmonar é geralmente causada por um coágulo de sangue, embora outras substâncias também possam formar êmbolos e bloquear uma artéria.

  • Os sintomas de embolia pulmonar variam, mas, geralmente, incluem falta de ar.

  • Os médicos costumam diagnosticar a embolia pulmonar procurando por uma obstrução da artéria pulmonar através da angiografia por tomografia computadorizada (TC) ou cintilografia pulmonar.

  • Para tratar uma embolia pulmonar, medicamentos anticoagulantes são utilizados para afinar o sangue e evitar que os êmbolos aumentem enquanto o corpo dissolve os coágulos; podem ser necessárias outras medidas (como medicamentos ou medidas físicas para quebrar os coágulos de sangue ou cirurgia) para pessoas que parecem estar em risco de morte.

  • Para prevenir uma embolia pulmonar, medicamentos anticoagulantes (às vezes chamados afinadores do sangue) podem ser dados a pessoas com alto risco.

As artérias pulmonares transportam o sangue do lado direito do coração para os pulmões. O sangue carrega o oxigênio dos pulmões de volta para o lado esquerdo do coração. A partir do lado esquerdo do coração, o sangue é bombeado para o resto do corpo para fornecer oxigênio para os tecidos. O sangue então retorna para o lado direito do coração pelas veias. Quando uma artéria pulmonar é bloqueada por um êmbolo, as pessoas podem não conseguir obter oxigênio suficiente no sangue.

Grandes êmbolos (êmbolos pulmonares massivos ou de alto risco) podem causar um bloqueio tão importante que o lado direito do coração não consegue bombear sangue suficiente através das artérias pulmonares, causando uma queda na pressão sanguínea pulmonar. Se muito pouco sangue for bombeado ou se o coração for submetido a um esforço excessivo, a pessoa pode entrar em choque e morrer. Às vezes, o bloqueio do fluxo sanguíneo causa a morte de parte do tecido pulmonar, o que é chamado de infarto pulmonar.

O corpo geralmente rompe pequenos coágulos mais rapidamente comparado a coágulos grandes, mantendo as lesões em um nível mínimo. Grandes coágulos demoram mais para se desintegrar. Por razões desconhecidas, em uma pequena porcentagem de pessoas, os coágulos não se desintegram e formam cicatrizes, o que pode causar um aumento crônico da pressão sanguínea nas artérias pulmonares (hipertensão pulmonar) e causar sintomas de longo prazo, incluindo falta de ar e edema (ou inchaço) das extremidades inferiores.

A embolia pulmonar afeta aproximadamente 350.000 pessoas por ano e causa 85.000 mortes por ano nos Estados Unidos. Ela afeta principalmente adultos.

Causas de embolia pulmonar

A causa mais comum de embolia pulmonar é um

  • Coágulo de sangue

Em geral, o coágulo de sangue se forma em uma veia da perna ou da pelve quando o fluxo de sangue diminui ou para, como pode ocorrer em veias das pernas quando uma pessoa se mantém muito tempo na mesma posição após uma lesão (por exemplo, fratura de quadril), cirurgia de grande porte ou ficar muito tempo sentado durante uma viagem. Outras causas incluem quadros clínicos que podem aumentar a probabilidade de o sangue coagular ou a presença de um corpo estranho na corrente sanguínea (por exemplo, um cateter intravenoso).

A causa da formação de coágulos sanguíneos nas veias pode não ser perceptível, mas muitas vezes, os fatores predisponentes (fatores de risco) são óbvios. Estes quadros clínicos incluem

  • A idade avançada, especialmente acima de 60 anos

  • Distúrbio de coagulação do sangue (aumento do risco de coagulação, chamado de estado de hipercoagulabilidade)

  • Câncer

  • Cateteres inseridos em uma veia grande para administração de medicamentos ou nutrientes (cateter venoso de permanência)

  • Doenças da medula óssea que tornam o sangue muito espesso

  • Insuficiência cardíaca

  • Mobilidade reduzida (por exemplo, após uma cirurgia ou uma doença ou durante um longo um passeio de carro ou viagem aérea)

  • Infecções (algumas infecções sérias causam uma inflamação sistêmica que predispõe à formação de coágulos; SARS-CoV-2, o vírus que causa a COVID-19, pode desencadear a formação de coágulos)

  • Lesão na pelve, quadril ou perna

  • Uma doença renal chamada síndrome nefrótica

  • Grande cirurgia nos últimos três meses

  • Obesidade

  • Gravidez ou o período após o parto

  • Coágulo de sangue prévio

  • Anemia falciforme

  • Tabagismo

  • Acidente vascular cerebral

  • Uso de estrogênios, por exemplo, como tratamento para os sintomas da menopausa ou como método contraceptivo (caso em que o risco é particularmente elevado entre as mulheres com mais de 35 anos ou que fumam)

  • Uso de moduladores de receptores de estrogênio (como raloxifeno ou tamoxifeno)

  • Uso de terapia de reposição de testosterona

As pessoas que ficam sentadas por longos períodos de tempo sem se mover (como pode acontecer durante as viagens aéreas) apresentam um risco levemente aumentado.

Considera-se que pessoas com COVID-19 apresentam maior risco de embolia pulmonar. O risco pode ser aumentado porque pessoas doentes ou hospitalizadas são propensas a ter sua mobilidade reduzida, mas a doença em si pode aumentar a probabilidade de as pessoas desenvolverem coágulos de sangue.

Muito menos frequentemente, coágulos de sangue se formam nas veias dos braços. Ocasionalmente, os coágulos são encontrados do lado direito do coração, que são chamados coágulos em trânsito. Quando o coágulo é liberado na corrente sanguínea, ele é normalmente levado até os pulmões.

Tipos incomuns de êmbolos

O bloqueio súbito de uma artéria pulmonar não é causado somente por coágulos de sangue. Outros materiais também podem formar êmbolos.

  • Pode haver vazamento de gordura da medula óssea para o sangue quando um osso longo é fraturado ou durante uma cirurgia óssea, e formar um êmbolo. Às vezes, gordura também pode escapar durante procedimentos como lipossucção e enxerto de gordura.

  • O líquido amniótico que é forçado para dentro das veias pélvicas durante um parto complicado pode formar um êmbolo.

  • Células cancerosas nas parótidas podem passar para a circulação e formar êmbolos tumorais.

  • Bolhas de ar podem formar êmbolos se um cateter em uma das veias grandes (veias centrais) ficar inadvertidamente aberto em contato com o ar. Êmbolos de ar também podem se formar quando uma veia é operada (como quando um coágulo de sangue está sendo removido). Um risco adicional é o mergulho subaquático (porque o nitrogênio dissolvido no sangue e nos tecidos em maior concentração devido à pressão elevada forma bolhas quando a pressão diminui; isso é conhecido como doença de descompressão).

  • Material infectado também pode formar êmbolos e se deslocar para o pulmão. As causas incluem o uso intravenoso de drogas ilícitas, certas infecções das válvulas cardíacas e inflamação de uma veia com formação de coágulos e infecção (tromboflebite séptica).

  • Uma substância estranha pode ser introduzida na corrente sanguínea, geralmente através de uma injeção intravenosa de substâncias inorgânicas, como talco ou mercúrio por usuários de drogas injetáveis, onde pode formar êmbolos e se deslocar para os pulmões.

  • Cimento ósseo médico pode, ocasionalmente, cair na corrente sanguínea após um procedimento chamado vertebroplastia.

Sintomas de embolia pulmonar

Os sintomas da embolia pulmonar dependem da extensão do bloqueio da artéria pulmonar e da saúde geral da pessoa. Por exemplo, pessoas com outra doença, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou doença arterial coronariana, podem ter mais sintomas incapacitantes.

Pequenos êmbolos podem não causar sintomas, mas quando os mesmos ocorrem, é frequente que se desenvolvam abruptamente.

Os sintomas de embolia pulmonar podem incluir

  • Falta de ar

  • Dor torácica

  • Sensação de desmaio iminente ou desmaio

Falta de ar pode ser o único sintoma, especialmente se infarto pulmonar não se desenvolver. Muitas vezes, a respiração é muito rápida, e a pessoa pode sentir-se ansiosa ou inquieta e parece ter uma crise de ansiedade.

Algumas pessoas têm dor no tórax. A frequência cardíaca pode ficar acelerada, irregular ou ambos.

Em algumas pessoas, particularmente aquelas com êmbolos muito grandes, os primeiros sintomas de embolia pulmonar são sensação de desmaio iminente ou perda da consciência. A pressão arterial pode cair a níveis perigosamente baixos (um quadro clínico denominado choque), a pele pode ficar fria, e pele clara pode ficar com uma coloração azulada, enquanto a pele escura pode ficar acinzentada (cianose), e a pessoa pode morrer repentinamente.

Em pessoas idosas, o primeiro sintoma de embolia pulmonar pode ser confusão ou deterioração do funcionamento mental. Esses sintomas geralmente resultam de uma diminuição repentina na capacidade do coração fornecer sangue rico em oxigênio suficiente para o cérebro e outros órgãos.

Infarto pulmonar

O infarto pulmonar é quando parte do tecido pulmonar não recebe fluxo de sangue e oxigênio suficientes e, portanto, morre devido ao bloqueio do fluxo sanguíneo no pulmão por um êmbolo pulmonar. Os sintomas de infarto pulmonar se desenvolvem ao longo de horas. Em caso de infarto pulmonar, a pessoa pode tossir escarro sanguinolento, sentir uma dor aguda no tórax ao inspirar e, em alguns casos, apresentar febre. Os sintomas de infarto geralmente perduram dias, mas, geralmente, tornam-se mais leves a cada dia.

Êmbolos recorrentes

Nessas pessoas raras que têm êmbolos recorrentes, a pressão sanguínea nos vasos sanguíneos dos pulmões pode aumentar (chamado hipertensão pulmonar) repetidamente, causando hipertensão pulmonar tromboembólica crônica. Este aumento na pressão sanguínea pode causar sintomas como falta de ar, inchaço dos tornozelos ou pernas e fraqueza, que tendem a se desenvolver progressivamente ao longo de semanas, meses ou anos.

Diagnóstico de embolia pulmonar

  • A angiografia por TC, ultrassonografia das pernas, cintilografia por perfusão pulmonar ou uma combinação

Os médicos suspeitam de embolia pulmonar com base nos sintomas e fatores de risco da pessoa, como uma cirurgia recente, um período prolongado de repouso no leito ou uma tendência a formar coágulos de sangue.

Pode ser relativamente fácil para os médicos identificarem uma embolia pulmonar grande, especialmente quando a pessoa tem quadros clínicos óbvios que poderiam causar embolia pulmonar, como sinais de coágulo de sangue em uma perna. No entanto, em muitos casos, os sintomas são mínimos ou são confundidos com sintomas de outros distúrbios, como pneumonia ou um ataque cardíaco ou asma, que são uma razão importante pela qual a embolia pulmonar é muitas vezes difícil de diagnosticar.

Alguns testes de rotina podem fornecer pistas de que ocorreu uma embolia pulmonar. Contudo, estes testes não são capazes de diagnosticar, com certeza, se uma embolia pulmonar está verdadeiramente presente.

Testes que sugerem embolia pulmonar

Muito raramente, uma radiografia torácica pode revelar mudanças sutis nos padrões dos vasos sanguíneos, que ocorrem após a embolia e podem revelar sinais de infarto pulmonar. No entanto, os resultados de radiografias muitas vezes são normais e, mesmo quando são anormais, eles não permitem que os médicos estabeleçam o diagnóstico com certeza.

Às vezes, um eletrocardiograma (ECG) pode mostrar anormalidades. Estas anormalidades podem apoiar ou sugerir, mas não confirmar, o diagnóstico de embolia pulmonar.

O nível de oxigênio no sangue é medido por um sensor colocado na ponta de um dedo (oximetria de pulso). Como a embolia pulmonar obstrui as artérias pulmonares, o nível de oxigênio no sangue pode estar baixo. Às vezes, os médicos coletam uma amostra de sangue de uma artéria e medem nela o nível de oxigênio e de outros gases.

Os médicos primeiro definem a probabilidade de uma embolia pulmonar com base em informações como o risco de embolia pulmonar da pessoa, a gravidade dos seus sintomas e os resultados dos testes iniciais (como radiografias torácicas e o nível de oxigênio no sangue). É importante ressaltar que uma embolia pulmonar é considerada improvável se os fatores de risco estiverem completamente ausentes.

Se a embolia pulmonar parecer improvável, em geral se faz um exame de sangue que mede uma substância chamada dímero-D. Esse teste pode ser o único teste necessário se a embolia pulmonar parecer improvável. Se o nível do dímero-D for normal, a probabilidade de ter ocorrido uma embolia pulmonar é extremamente baixa. Embora o nível baixo do dímero-D em pessoas de baixo risco signifique que a embolia pulmonar seja improvável, um nível alto não significa necessariamente que a embolia pulmonar seja provável. Outros distúrbios, como uma infecção ou lesão, podem elevar o nível do dímero-D; portanto, outros exames são necessários para confirmar o diagnóstico.

Análise laboratorial

Se a embolia pulmonar parecer mais provável ou se o resultado do teste do dímero-D for anormal, outros exames são feitos, geralmente um ou mais dos seguintes:

Exames para diagnosticar embolia pulmonar

Angiografia por TC é um tipo de tomografia computadorizada (TC). É rápida, não invasiva e bastante precisa, especialmente para grandes coágulos. Nesse teste, é injetado material de contraste por via intravenosa. O contraste chega os pulmões pelas artérias pulmonares, e um aparelho de TC gera imagens de sangue nas artérias para determinar se uma embolia pulmonar está bloqueando o fluxo sanguíneo. A angiografia por TC é o exame de imagem mais utilizado para diagnosticar embolia pulmonar. O tamanho do coração pode também indicar o quanto o coração está sendo demandado.

A cintilografia de ventilação/perfusão pulmonar não é invasiva e é bastante precisa, mas demora mais do que a TC. Uma cintilografia de ventilação/perfusão é, na verdade, duas cintilografias, uma que mede a respiração (ventilação) e outra que mede o fluxo sanguíneo (perfusão). Os exames são geralmente realizados ao mesmo tempo, mas também podem ser realizados separadamente.

Para realizar uma cintilografia de perfusão pulmonar, uma pequena quantidade de substância radioativa é injetada em uma veia e viaja pelas artérias pulmonares para os pulmões, onde delineia o suprimento de sangue nos pulmões. Resultados de perfusão completamente normais descartam uma embolia pulmonar. Resultados anormais embasam a possibilidade de embolia pulmonar, mas também podem indicar a possibilidade de outros distúrbios. Às vezes, os médicos usam uma cintilografia por perfusão pulmonar se a pessoa tiver problemas renais que impeçam o uso da angiografia por TC porque o contraste usado na TC pode lesar ainda mais os rins.

Em uma cintilografia de ventilação pulmonar, a pessoa inala um gás inócuo que contém uma pequena quantidade de material radioativo, que se distribui pelos pequenos sacos de ar dos pulmões (alvéolos). As áreas onde o dióxido de carbono está sendo liberado e oxigênio absorvido, então, podem ser vistas em um aparelho para varredura.

Ao comparar a cintilografia de ventilação ao padrão de suprimento sanguíneo indicado na cintilografia de perfusão, os médicos geralmente podem determinar se uma pessoa teve uma embolia pulmonar.

A ultrassonografia das pernas é um exame não invasivo e pode identificar coágulos nas pernas, que são fontes comuns de embolia pulmonar. A ausência de coágulos nas veias das pernas não descarta uma embolia pulmonar. No entanto, se a ultrassonografia indicar a presença de coágulos de sangue e a pessoa tiver pouca dificuldade em respirar e nenhuma diminuição da pressão arterial ou aumento da frequência cardíaca, ela pode ser tratada como se tivesse embolia pulmonar, sem a realização de exames adicionais, pois o tratamento para os dois quadros clínicos é frequentemente o mesmo.

Uma angiografia arterial pulmonar muito raramente é necessária para o diagnóstico de embolia pulmonar.

Exames para êmbolos sérios ou recorrentes

A ecocardiografia pode mostrar que um coágulo de sangue está no átrio direito ou ventrículo direito do coração. Os resultados deste teste podem ajudar os médicos a determinar a gravidade da embolia mostrando que o lado direito do coração está sobrecarregado por tentar fazer passar o sangue por entre os coágulos.

No caso de pessoas sem fatores de risco aparentes para coágulos sanguíneos ou coágulos recorrentes, os médicos podem também medir as proteínas no sangue para determinar se a causa seria um distúrbio de coagulação.

Tratamento de embolia pulmonar

  • Terapia de manutenção

  • Anticoagulação

  • Às vezes, a colocação de um filtro de veia cava inferior

  • Às vezes, terapia trombolítica (“destruição de coágulos”) administrada por uma veia ou por um cateter colocado na artéria pulmonar

  • Às vezes, remoção do coágulo por sucção através de um cateter

O tratamento da embolia pulmonar começa com o tratamento dos sintomas. Deve ser fornecido oxigênio se os níveis de oxigênio no sangue estiverem baixos. Analgésicos podem ser necessários para aliviar a dor. Se a pressão arterial estiver baixa, são administrados líquidos intravenosos e, algumas vezes, medicamentos que aumentam a pressão arterial. Ventilação mecânica (um tubo para respiração) pode ser necessária se houver desenvolvimento de insuficiência respiratória.

Anticoagulação

Medicamentos anticoagulantes são administrados para evitar que coágulos sanguíneos existentes se desloquem para os pulmões e que outros coágulos se formem. As opções incluem heparina, fondaparinux, anticoagulantes orais de ação direta como apixabana, rivaroxabana, edoxabana, dabigatrana e, ocasionalmente, varfarina.

Um tipo de heparina, chamada heparina não fracionada, é administrado por via intravenosa (pela veia) e, portanto, funciona rapidamente e pode ser rapidamente revertido. No entanto, a heparina requer exames de sangue frequentes para monitorar o efeito e a hospitalização continuada. Um tipo diferente de heparina, chamada heparina de baixo peso molecular, e um medicamento chamado fondaparinux são administrados por via subcutânea (por injeção sob a pele) uma ou duas vezes ao dia. Essa vantagem também permite que esses medicamentos sejam usados após a pessoa receber alta hospitalar e o efeito do medicamento é mais previsível em níveis que não precisem ser medidos.

Quando edoxabana ou dabigatrana são usadas, os médicos precisam fornecer terapia com heparina (pela veia ou por injeção sob a pele) durante os primeiros dias de terapia antes de poder dar edoxabana ou dabigatrana, o que pode significar que a pessoa deve permanecer no hospital. Já quando rivaroxabana ou apixabana é usada, a terapia com heparina é, às vezes, desnecessária se os êmbolos pulmonares forem pequenos. Quando os médicos escolhem usar a terapia com varfarina, tanto heparina quanto varfarina são administradas durante os primeiros dias da terapia e, então, apenas varfarina é usada daí em diante.

A terapia com varfarina requer exames de sangue periódicos para assegurar que o sangue está fino o suficiente para prevenir a formação de coágulos, mas não tão fino ao ponto de causar uma tendência ao sangramento (denominado anticoagulação excessiva). A dose de varfarina é frequentemente ajustada com base nos resultados dos exames de sangue. Além disso, a varfarina interage com muitos tipos diferentes de alimentos, medicamentos e suplementos, o que pode resultar no sangue ficar muito fino ou muito espesso. Se ocorrer anticoagulação excessiva, pode se desenvolver hemorragia grave em vários órgãos do corpo.

Como muitas substâncias podem interagir com a varfarina, as pessoas que tomam esse medicamento devem confirmar com seu médico antes de tomar quaisquer outros medicamentos ou suplementos, incluindo os que podem ser obtidos sem receita médica (medicamentos de venda livre), como paracetamol ou aspirina, bem como preparações à base de plantas e suplementos nutricionais. Alimentos ricos em vitamina K (que afeta a coagulação do sangue), como brócolis, espinafre, couve e outros vegetais de folhas verdes, fígado, toranja, suco de toranja e chá verde podem precisar ser consumidos em quantidades muito consistentes ou então evitados.

Os anticoagulantes de ação direta, como apixabana, rivaroxabana, edoxabana e dabigatrana, possuem várias vantagens em relação à heparina ou varfarina. Assim como com a varfarina, estes medicamentos podem ser tomados por via oral, mas não são necessários ajustes de doses e exames para monitorar o nível de anticoagulação. Além do mais, estes medicamentos não costumam interagir com alimentos ou outros medicamentos e é menos provável que causem tipos graves de sangramento quando comparados à varfarina. A rivaroxabana deve sempre ser ingerida com alimentos.

O tempo de administração de anticoagulantes depende da situação individual. Se uma embolia pulmonar for causada por um fator de risco reversível, como cirurgia, o tratamento é dado por três meses. Se a causa for algum problema de longo prazo, como um distúrbio de coagulação, o medicamento pode ser administrado indefinidamente. Por exemplo, as pessoas que têm embolia pulmonar recorrente, muitas vezes devido a um distúrbio de coagulação hereditário ou câncer, geralmente tomam anticoagulantes por tempo indeterminado. Novas pesquisas demonstraram que em muitas pessoas nas quais a rivaroxabana ou apixabana são continuadas por mais de seis meses, a redução da dose diminui o risco de sangramento e ainda previne a maior parte dos coágulos recorrentes.

Tratamento trombolítico

Os medicamentos trombolíticos (“que destroem coágulos”), como alteplase (tPA), quebram e dissolvem coágulos de sangue. Como estes medicamentos podem causar sangramento perigoso ou fatal, em geral eles só são usados em pessoas correndo risco de morte devido à embolia pulmonar. Exceto pelas situações mais extremas, em geral esses medicamentos não são administrados a pessoas submetidas a cirurgia nas duas semanas anteriores, gestantes, pessoas que tiveram um acidente vascular cerebral recente ou que têm outro fator de risco aumentado para sangramento.

Medidas físicas

Às vezes, se uma pessoa aparentemente estiver em risco de morte por embolia pulmonar massiva, os médicos podem tentar quebrar ou remover o êmbolo através de um cateter inserido na artéria pulmonar.

Em alguns casos de embolia grave, uma cirurgia pode ser necessária. A remoção do êmbolo da artéria pulmonar pode salvar vidas. A cirurgia também é utilizada para remover coágulos antigos das artérias pulmonares que causam falta de ar persistente e pressões elevadas na artéria pulmonar (hipertensão pulmonar tromboembólica crônica [CTEPH]).

Um filtro pode ser introduzido via cateter na veia principal do abdômen, que drena sangue das pernas e da pelve para o lado direito do coração. Esse filtro pode ser usado se a formação de êmbolos persistir apesar do tratamento anticoagulante, bem como se os anticoagulantes não puderem ser utilizados inicialmente por algum motivo, como um sangramento em andamento. Como os coágulos geralmente se originam nas pernas ou na pelve, um filtro geralmente impede que eles sejam transportados até a artéria pulmonar. Os filtros mais novos são removíveis (recuperáveis). A remoção ajuda a evitar algumas complicações, que podem ocorrer quando os filtros são deixados de forma permanente.

Filtros de veia cava inferior: Uma forma de prevenir a embolia pulmonar

Para prevenir a embolia pulmonar, em geral os médicos usam medicamentos que limitam a coagulação do sangue. Entretanto, em alguns casos, os médicos podem recomendar que um filtro de veia cava inferior (VCI) seja colocado temporária ou permanentemente na veia cava inferior. Esse dispositivo de filtro é tipicamente recomendado quando os medicamentos que limitam a coagulação não podem ser utilizados, como quando a pessoa afetada também está com hemorragia. O filtro pode reter os êmbolos antes que cheguem ao coração, mas permite que o sangue circule livremente. Às vezes, os êmbolos retidos dissolvem-se naturalmente.

Prognóstico de embolia pulmonar

A probabilidade morte por embolia pulmonar é muito baixa, mas a embolia pulmonar maciça pode causar morte súbita. A maioria das mortes ocorre antes de o diagnóstico ser suspeito, geralmente poucas horas após a ocorrência de embolia. Fatores importantes que afetam o prognóstico incluem

  • O tamanho do êmbolo

  • O tamanho das artérias pulmonares obstruídas

  • O número de artérias pulmonares obstruídas

  • O efeito na capacidade do coração de bombear sangue

  • O estado geral de saúde da pessoa.

Os fatores que ajudam a determinar o prognóstico incluem indicadores de como o corpo responde, como a pressão arterial, frequência cardíaca, nível de oxigênio e se medicamentos são necessários para ajudar a aumentar a pressão arterial.

Qualquer pessoa com um problema grave de coração ou pulmão corre um risco maior de morte por embolia pulmonar. Uma pessoa com função pulmonar e cardíaca normais frequentemente sobrevive, a não ser que o êmbolo bloqueie metade das artérias pulmonares ou mais.

Você sabia que...

  • A embolia pulmonar é uma das causas mais comuns de mortes inexplicáveis.

Prevenção de embolia pulmonar

Como uma embolia pulmonar pode ser perigosa e difícil de tratar, os médicos tentam evitar a formação de coágulos de sangue nas veias de pessoas em risco. As pessoas em geral, especialmente aquelas que são propensas à coagulação, devem tentar ser ativas e movimentar-se, tanto quanto possível. Por exemplo, durante viagens prolongadas de avião, as pessoas devem tentar levantar e se movimentar mais ou menos a cada duas horas.

Os médicos selecionam os anticoagulantes, medidas de prevenção físicas ou uma combinação de medidas, dependendo da razão pela qual a pessoa está em risco de embolia pulmonar e o estado de saúde subjacente da pessoa.

Anticoagulação para embolia pulmonar

Para certas pessoas, um medicamento anticoagulante (também chamado medicamento para afinar o sangue) é dado, na maioria das vezes, heparina.

A heparina vem em duas formas:

  • Não fracionada

  • Baixo peso molecular

A heparina não fracionada e a heparina de baixo peso molecular parecem igualmente eficazes. A heparina é o medicamento mais amplamente utilizado para reduzir a probabilidade de formação de coágulos nas veias da panturrilha após qualquer tipo de cirurgia importante, especialmente nas pernas. A heparina de baixo peso molecular é mais previsível do que a forma não fracionada da heparina e é comumente usada na prevenção de coágulos em pessoas sendo submetidas a uma cirurgia com alto risco de formação de coágulos, como substituição de quadril ou joelho. Pequenas doses de heparina, seja de heparina não fracionada ou de baixo peso molecular, são injetadas logo abaixo da pele, geralmente dentro de seis a doze horas após a cirurgia. Idealmente, doses adicionais são administradas até que a pessoa possa se levantar e estar andando novamente (e, às vezes, por mais tempo).

As pessoas hospitalizadas com alto risco de desenvolver embolia pulmonar (como aquelas com insuficiência cardíaca, imobilizadas, com doença crítica ou obesidade, ou que tiveram coágulos no passado) se beneficiam de pequenas doses de heparina, mesmo quando não são submetidas a cirurgia. A heparina em doses baixas não aumenta a frequência de complicações hemorrágicas graves, mas ela pode aumentar pequenos sangramentos em feridas.

A varfarina, um anticoagulante administrado por via oral, pode ser usada para pessoas com risco de embolia pulmonar. Ela é muito menos usada atualmente, porque as pessoas precisam de exames de sangue regulares para monitorar seu efeito, porque a varfarina interage com muitos medicamentos, alimentos e suplementos que as pessoas podem estar tomando, e medicamentos mais novos são mais seguros e mais eficazes.

Anticoagulantes diretos orais, como rivaroxabana, apixabana, edoxabana e dabigatrana inibem a formação de substâncias que aumentam a produção de coágulos pelo corpo. Esses medicamentos são eficazes na prevenção e, em geral, são mais seguros do que a varfarina. No entanto, a varfarina ainda é considerada a melhor opção para algumas pessoas, como aquelas com válvulas cardíacas metálicas.

Medidas físicas

No caso de pessoas que se submeteram a uma cirurgia, especialmente idosos, o risco de formação de coágulos pode ser reduzido das seguintes maneiras

  • Usando-se dispositivos de compressão de ar intermitente ou meias elásticas de compressão

  • Fazendo exercícios com as pernas

  • Levantando da cama e se tornando ativo o quanto antes.

Os dispositivos de compressão intermitente a ar são dispositivos infláveis aplicados sobre a parte inferior das pernas, que se enchem e esvaziam para fornecer pressão externa e manter o movimento do sangue nas pernas. No entanto, se utilizados sozinhos, esses dispositivos são inadequados na prevenção da formação de coágulos em pessoas que se submeteram a certas cirurgias de alto risco, como substituição de quadril ou joelho.

As meias elásticas de compressão fornecem pressão constante nos vasos sanguíneos das pernas para manter o sangue fluindo. É provável que elas sejam menos eficazes do que os dispositivos de compressão intermitente, mas ainda podem ser úteis na redução do risco de coágulos sanguíneos nas pernas.

Fazer exercícios com as pernas e levantar da cama também ajudam a manter o sangue fluindo nas pernas.

Em pessoas com alto risco de desenvolver embolia pulmonar e que não podem tomar anticoagulantes devido ao alto risco de sangramento, um filtro (denominado filtro de veia cava inferior) pode ser colocado dentro de uma veia grande entre o coração e a veia cava inferior, que leva sangue da parte inferior do corpo de volta ao coração. O filtro pode capturar os êmbolos, impedindo-os de chegar aos pulmões.

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