Tosse em adultos

PorRebecca Dezube, MD, MHS, Johns Hopkins University
Revisado/Corrigido: nov. 2023
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Tosse é a expulsão súbita e forçada de ar dos pulmões. É uma das razões mais comuns que levam as pessoas a consultar um médico. A função da tosse é limpar o as vias aéreas e proteger os pulmões contra materiais e partículas inaladas. As pessoas podem provocar tosse (tosse voluntária) ou de modo espontâneo (tosse involuntária). (Veja também Tosse em crianças.)

Os tipos de tosse variam consideravelmente. A tosse pode ser caracterizada como seca (não produtiva) ou produtiva, com expectoração de sangue ou muco (também denominado catarro). O escarro é uma mistura de muco, detritos e células expelida pelos pulmões. Ele pode ser claro, amarelado, esverdeado ou apresentar estrias de sangue.

Tossir com muita força pode forçar os músculos e a cartilagem das costelas, provocando dor torácica, particularmente quando a pessoa inspira, movimenta-se ou tosse novamente. Tosses podem causar grande desconforto e prejudicar o sono. No entanto, se a tosse aumentar lentamente no decorrer de décadas, como pode ocorrer em fumantes, é possível que as pessoas mal percebam a piora.

Causas da tosse

A tosse é provocada pela irritação das vias respiratórias. As causas prováveis da tosse dependem da sua duração: se menos de oito semanas (aguda) ou oito semanas ou mais (crônica).

Causas comuns

As causas mais comuns de tosse aguda são:

No caso da tosse crônica, as causas mais comuns são

Causas menos comuns

As causas menos comuns de tosse aguda são:

Entretanto, pessoas que inalaram algo acidentalmente geralmente sabem por que estão tossindo e informam seus médicos, a menos que tenham demência ou que tenham sofrido um acidente vascular cerebral ou outros problemas que dificultem a memória, cognição ou comunicação.

As causas menos comuns de tosse crônica são:

Pessoas com demência ou vítimas de acidente vascular cerebral apresentam, geralmente, problemas de deglutição. Como resultado, pequenas quantidades de alimento, bebida, saliva ou conteúdo do estômago podem ser aspiradas pela traqueia. Pequenas quantidades desses materiais podem ser repetidamente aspiradas por pessoas nessas condições sem que seus prestadores de cuidados percebam, podendo desenvolver tosse crônica.

Asma pode causar tosse. O principal sintoma da asma geralmente são os sibilos, e raramente a tosse. Esse tipo de asma é chamado de variante de asma com tosse ou variante tussígena da asma.

Avaliação da tosse

Nem toda tosse exige avaliação imediata por um médico. As seguintes informações podem ajudar a pessoa a decidir se a avaliação médica é necessária e a saber o que esperar durante a avaliação.

Sinais de alerta

Alguns sintomas e características da tosse geram preocupação. Incluem

  • Falta de ar

  • Expectoração de sangue

  • Perda de peso

  • Febre com duração superior a uma semana

  • Fatores de risco para tuberculose, como ser exposto à tuberculose, ter infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou uso de corticosteroides ou de outros medicamentos que suprimem o sistema imunológico

  • Fatores de risco para infecção por HIV, como atividades sexuais de alto risco ou uso de drogas ilícitas injetáveis

Quando consultar um médico

Pessoas com sinais de alerta devem consultar um médico imediatamente, a não ser que o único sinal seja perda de peso. Então, a demora de mais ou menos uma semana não é tão prejudicial. O médico deve ser consultado imediatamente se ocorrer inalação de objetos.

Pessoas com tosse aguda, mas sem sinais de alerta, podem aguardar alguns dias para verificar se a tosse para ou torna-se menos intensa, particularmente na presença de congestão nasal e dor de garganta, o que sugere que a tosse pode ser causada por uma infecção respiratória superior (IRS).

Pessoas com tosse crônica, mas sem sinais de alerta, não precisam de uma consulta imediata, mas devem consultar um médico em uma ou duas semanas.

O que o médico faz

Primeiro, os médicos fazem perguntas sobre os sintomas e o histórico médico. Em seguida, o médico faz um exame físico. O que eles identificam durante o histórico e exame físico geralmente sugere uma causa para a tosse e os testes que precisam ser feitos (consulte a tabela Algumas causas e características da tosse).

Dados mais evidentes contribuem menos para o diagnóstico, pois são comuns a vários distúrbios que provocam tosse. A espessura do escarro ou sua coloração amarelada ou esverdeada, por exemplo, não ajudam a distinguir infecções bacterianas de outras possíveis causas de infecção. A bronquite, a asma ou outros distúrbios podem causar sibilos. Tosse com expectoração de sangue pode ser causada por uma bronquite, tuberculose ou câncer de pulmão.

Tabela
Tabela

Exames

A necessidade dos testes depende do que os médicos encontrarem na anamnese e no exame físico, particularmente se estiverem presentes sinais de alerta.

Na presença de sinais de alerta, os exames geralmente incluem:

  • Medição de níveis de oxigênio no sangue por um sensor colocado em um dedo (oximetria de pulso)

  • Radiografia do tórax

Testes cutâneos, radiografia torácica, ocasionalmente tomografia computadorizada (TC) do tórax, exames e cultura de amostra do escarro para verificar a presença de tuberculose e exames de sangue para identificar infecção por HIV também são feitos se a pessoa apresentar perda de peso ou tiver fatores de risco para esses distúrbios.

Na ausência de sinais de alerta, o diagnóstico é geralmente estabelecido em função do histórico clínico e do exame físico, e o tratamento pode ser iniciado sem a realização de exames. Em algumas pessoas, o exame sugere um diagnóstico, mas testes são feitos para confirmar esse diagnóstico (consulte a tabela Algumas causas e características da tosse).

Quando o exame não sugerir uma causa para a tosse e não houver sinais de alerta, muitos médicos tentam receitar medicamentos para tratar uma das três causas comuns de tosse:

  • Uma combinação de anti-histamínico/descongestionante ou um corticosteroide nasal ou spray nasal de um antagonista muscarínico (para gotejamento pós-nasal)

  • Inibidores da bomba de prótons ou bloqueadores de histamina-2 (H2) (para doença de refluxo gastroesofágico)

  • Um corticosteroide inalatório ou um broncodilatador beta-2-agonista de ação curta (para asma)

Se a tosse puder ser aliviada pelo uso desses medicamentos, geralmente não são necessários exames suplementares. Na persistência da tosse, os médicos geralmente realizam exames na seguinte ordem, até que o diagnóstico seja estabelecido:

Se a tosse for crônica, a radiografia torácica é geralmente feita. Se a tosse produzir sangue, uma amostra do escarro deve ser enviada para análise laboratorial. No laboratório, técnicos tentam cultivar bactérias na amostra (cultura de escarro) e a presença de células de câncer na amostra (citologia) é verificada por microscópio. Frequentemente, se houver suspeita de câncer de pulmão (por exemplo, em adultos de meia-idade ou mais velhos com longo histórico de tabagismo e que perderam peso ou têm outros sintomas gerais), eles também fazem uma TC torácica e, às vezes, uma broncoscopia.

Tratamento da tosse

O melhor tratamento para a tosse é o tratamento do problema subjacente. Por exemplo, antibióticos podem ser usados no tratamento de pneumonia, e inaladores contendo medicamentos dilatadores das vias aéreas (broncodilatadores) ou corticosteroides podem ser usados no tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou asma. A tosse, geralmente, não deve ser totalmente suprimida, devido à importante função que desempenha na expectoração e na limpeza das vias aéreas. Entretanto, se a tosse for grave, prejudicar o sono ou se provocada por determinadas causas, vários tratamentos podem ser utilizados para suprimi-la.

Há duas abordagens básicas contra a tosse:

  • Antitussígenos (terapia contra a tosse) reduzem a urgência da tosse

  • Expectorantes, para reduzir a espessura do muco que bloqueia o acesso aos pulmões pelas vias aéreas e facilitar sua expectoração pela tosse são utilizados (mas sua eficácia não é comprovada)

Supressores da tosse

Os antitussígenos incluem os seguintes:

  • Opioides

  • Dextrometorfano

  • Benzonatato

Todos os opioides podem suprimir a tosse, ao reduzir a responsividade do centro da tosse no cérebro. A codeína é o opioide mais frequentemente utilizado com essa finalidade. A codeína e outros opioides antitussígenos podem causar náusea, vômito e constipação, e podem causar dependência. Podem também causar sonolência, particularmente em pessoas que utilizam outras drogas que reduzem a concentração (como álcool, sedativos, soníferos, antidepressivos e certos anti-histamínicos). Portanto, o uso de opioides nem sempre é seguro e seu uso é geralmente reservado a situações especiais, como para tosses resistentes a outros tratamentos e que prejudicam o sono.

O dextrometorfano está relacionado à codeína, porém, tecnicamente, não é um opioide. Esse medicamento também suprime o centro da tosse no cérebro. O dextrometorfano é o princípio ativo de várias soluções antitussígenas vendidas com ou sem receita médica. Esse medicamento não causa dependência e, quando usado corretamente, causa pouca sonolência. Entretanto, é frequentemente utilizado de forma abusiva, especialmente por adolescentes, pois doses altas causam euforia. A superdosagem pode causar alucinações, agitação e, ocasionalmente, coma. A superdosagem é particularmente perigosa em pessoas que usam medicamentos antidepressivos denominados inibidores da reabsorção da serotonina.

O benzoato é um anestésico local de uso oral. Os receptores pulmonares responsáveis por seu alongamento são adormecidos, tornando assim os pulmões menos sensíveis à irritação que provoca a tosse.

Algumas pessoas, especialmente se estiverem produzindo grande quantidade de catarro ao tossir, devem limitar o uso de medicamentos antitussígenos.

Expectorantes

Alguns médicos recomendam expectorantes (também chamados mucolíticos) para favorecer o desprendimento do muco, tornando as secreções brônquicas mais finas e mais fáceis de expectorar. Os expectorantes não suprimem a tosse, e faltam evidências indicando a eficácia desses medicamentos. Os expectorantes mais comumente usados são soluções de venda sem prescrição médica, que contêm guaifenesina.

Pessoas com fibrose cística podem utilizar a alfadornase (desoxirribonuclease recombinante humana inalável I) para ajudar a reduzir a espessura das secreções mucopurulentas resultantes de infecções respiratórias crônicas. Este medicamento não parece ter efeito em pessoas com bronquite crônica.

A inalação adicional de uma solução salina (com sal) ou de acetilcisteína (por alguns dias) ajuda ocasionalmente a reduzir a espessura do muco de difícil expectoração.

Outros medicamentos

Os anti-histamínicos, que ressecam o trato respiratório, têm pouco ou nenhum valor no tratamento da tosse, exceto quando é causada por uma alergia envolvendo o nariz, a garganta e a traqueia. Em tosses causadas, por exemplo, por bronquite, a ação ressecadora dos anti-histamínicos pode ser prejudicial, uma vez que as secreções respiratórias tornam-se mais viscosas, dificultando a expectoração.

Os descongestionantes (como a pseudoefedrina), que aliviam a congestão nasal, são úteis somente no alívio da tosse causada por gotejamento pós-nasal.

Outros tratamentos

Comumente, acredita-se que a tosse pode ser reduzida pela inalação de vapor (por meio de vaporizador, por exemplo). Tratamentos tópicos alternativos, como pastilhas para tosse, são também populares, mas a eficácia desses tratamentos carece de comprovação.

Pontos-chave

  • A maioria dos episódios de tosse é causada por infecções respiratórias leves ou por gotejamento pós-nasal.

  • Os sinais de alerta para pessoas com tosse são falta de ar, expectoração de sangue, perda de peso, febre persistente por mais de uma semana, aproximadamente, e fatores de risco para infecção pelo HIV ou tuberculose.

  • O diagnóstico é geralmente estabelecido em função da análise do histórico médico e nos resultados do exame físico.

  • Medicamentos (antitussígenos e expectorantes) só devem ser usados no tratamento da tosse quando for apropriado. Por exemplo, um antitussígeno somente em casos de tosse intensa ou quando recomendado por um médico.

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