Recém-nascido pós-termo é aquele que nasce com ≥ 42 semanas de gestação.
A causa da pós-maturo é geralmente desconhecida, mas parto pós-termo anterior aumenta o risco em 2 a 3 vezes. Pós-maturidade pode ser causada por anomalias que afetam o eixo hipofisário-suprarrenal fetal (p. ex., anencefalia, hipoplasia da glândula suprarrenal, hiperplasia suprarrenal congênita) e por ictiose ligada ao X associada à deficiência de sulfatase placentária.
Fisiopatologia dos recém-nascidos pós-termo
Na maioria dos casos, o crescimento fetal continua até o parto. Mas, em alguns casos, a placenta involui à medida que a gestação avança e múltiplos infartos e degeneração dos vilos se desenvolvem, provocando insuficiência placentária. Nesses casos, o feto não recebe nutrientes e oxigênio adequados da mãe, resultando em um lactente franzino (decorrente da perda de tecido mole), desnutrido com reservas de glicogênio depletadas e maior volume de líquido amniótico. Esses recém-nascidos são dismaturos e, dependendo de quando a insuficiência placentária se desenvolve e da gravidade da doença, eles podem ser pequenos para a idade gestacional. Embora a insuficiência placentária com dismaturidade possa ocorrer em qualquer idade gestacional, é mais comum em gestações que progridem além de 41 a 42 semanas.
Complicações
Recém-nascidos pós-maturos têm maior morbidade e mortalidade do que aqueles nascidos a termo em grande parte por causa de
Asfixia perinatal
Síndrome da aspiração de mecônio
Hipoglicemia neonatal
Asfixia perinatal pode resultar de insuficiência placentária bem como de compressão do cordão umbilical secundária a oligoidrâmnio.
A síndrome da aspiração de mecônio pode ser incomumente grave porque o volume do líquido amniótico é diminuído e, portanto, o mecônio aspirado é menos diluído. Hipertensão pulmonar persistente frequentemente ocorre após aspiração de mecônio.
Hipoglicemia neonatal é uma complicação causada por insuficiência de reservas de glicogênio ou pelo aumento da produção de insulina (mais comumente causada por diabetes materno) no feto. Por causa do metabolismo anaeróbico, o glicogênio armazenado remanescente é rapidamente utilizado, surgindo hipoglicemia exagerada caso tenha ocorrido asfixia perinatal.
Sinais e sintomas dos recém-nascidos pós-termo
Recém-nascidos pós-termos permanecem alertas e parecem desenvolvidos. Eles têm uma quantidade diminuída de massa dos tecidos moles, particularmente gordura subcutânea. A pele pode tornar-se frouxa nas extremidades, sendo frequentemente seca e descamativa. As unhas das mãos e dos pododáctilos são compridas. As unhas, a pele e o cordão umbilical podem estar corados com mecônio impregnado no útero.
Diagnóstico de recém-nascidos pós-termo
Idade gestacional e exame físico
Diagnostica-se pós-termo com base na idade gestacional e achados do exame físico do neonato.
As definições de gestação a termo do American College of Obstetricians and Gynecologists são (1)
A termo precoce: 37 a 38 6/7 semanas
A termo: 39 a 40 6/7 semanas
Pré-termo tardio: 41 a 41 6/7 semanas
Pós-termo: ≥ 42 semanas
Referência sobre diagnóstico
1. ACOG Committee Opinion No 579: Definition of term pregnancy. Obstet Gynecol 122(5):1139-1140, 2013. doi: 10.1097/01.AOG.0000437385.88715.4a
Tratamento de recém-nascidos pós-termo
Tratamento das complicações
A melhora do atendimento obstétrico ao longo das últimas duas décadas diminuiu acentuadamente o número de recém-nascidos que nasceram após 41 semanas de gestação, o que também diminuiu a incidência da síndrome da aspiração de mecônio.
Recém-nascidos pós-maturos e dismaturos têm risco de hipoglicemia e devem ser monitorados e tratados adequadamente.
Para recém-nascidos com asfixia perinatal, o tratamento depende da gravidade do processo da doença. Hipotermia terapêutica pode ajudar recém-nascidos com encefalopatia moderada ou grave que apresentaram acidose grave ao nascimento, baixo índice de Apgar em ≥ 5 minutos e/ou necessidade de reanimação prolongada.
Nem a incidência nem a gravidade da síndrome da aspiração de mecônio são reduzidas pela sucção endotraqueal no momento do parto, independentemente da viscosidade aparente do líquido ou nível de atividade do recém-nascido, assim deve-se reservar a entubação endotraqueal para os recém-nascidos que exigem assistência ventilatória ou que parecem ter obstrução das vias aéreas causada por mecônio. Recém-nascidos com a síndrome da aspiração de mecônio podem exigir ventilação assistida; ventilação de alta frequência às vezes é útil. Sedação é frequentemente necessária.
O tratamento com surfactantes não diminui a mortalidade geral, mas reduz a probabilidade da necessidade de tratamento com oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), portanto, utiliza-se com frequência surfactante em recém-nascidos com desconforto respiratório significativo. A ECMO está disponível em relativamente poucos centros neonatais e é geralmente reservada para neonatos ≥ 34 semanas de gestação com insuficiência respiratória hipóxica refratária ao tratamento médico convencional.
Trata-se a hipertensão pulmonar persistente com terapias de suporte e óxido nítrico inalável ou outros vasodilatadores pulmonares.