As anomalias cromossômicas causam várias disfunções. As anomalias que afetam os autossomos (os 22 pares de cromossomos que são iguais em homens e mulheres) são mais comuns do que as que afetam os cromossomos sexuais (X e Y).
As anomalias cromossômicas podem ser classificadas em diversas categorias, mas, de um modo geral, podem ser consideradas numéricas ou estruturais. Anormalidades numéricas podem envolver uma parte ou todo o cromossomo.
As anomalias númericas incluem
Trissomia (um cromossomo extra)
Monossomia (um cromossomo ausente)
As anormalidades estruturais incluem
Translocações (anomalias nas quais um cromossomo inteiro ou um segmento de cromossomos se ligam inapropriadamente a outros cromossomos)
Deleções e duplicações de várias partes cromossômicas
Terminologia
Alguns termos específicos do campo da genética são importantes para descrever as anomalias cromossômicas:
Aneuploidia: a anomalia cromossômica mais comum, causada por um cromossomo extra ou ausente.
Cariótipo: conjunto completo dos cromossomos nas células de um indivíduo.
Genótipo: constituição genética determinada pelo cariótipo.
Fenótipo: os achados clínicos do indivíduo, incluindo a aparência externa — a composição bioquímica, fisiológica e física determinada pelo genótipo e por fatores ambientais (ver Princípios gerais de genética médica).
Mosaicismo: presença de ≥ 2 linhagens de células que diferem em termos de genótipo em uma pessoa que se desenvolveu a partir de um único óvulo fertilizado.
Diagnóstico das anomalias cromossômicas
Análise cromossômica (cariotipagem)
Bandagem
Hibridização fluorescente in situ (Fluorescent in situ hybridization [FISH])
Análise cromossômica por microarranjo (hibridização genômica por arranjo comparativo)
(Ver também Tecnologias de sequenciamento de última geração.)
Para análise dos cromossomos, geralmente são utilizados os linfócitos, exceto no período pré-natal, quando são utilizados amniócitos ou células da vilosidade coriônica placentária (ver Amniocentese e Biópsia da vilosidade coriônica). A análise do cariótipo envolve o bloqueio das células em mitose, durante a metáfase, e a coloração dos cromossomos condensados. Os cromossomos de células isoladas são fotografados e suas imagens são arranjadas, formando o cariótipo.
Várias técnicas são utilizadas para melhor delinear os cromossomos:
No bandeamento clássico (p. ex., bandeamento G [Giemsa], bandeamento Q [fluorescente] e bandeamento C), um corante é utilizado para corar faixas nos cromossomos.
Análise cromossômica de alta resolução utiliza métodos de cultura especial para obter altas porcentagens de coberturas de prófase e prometafase. Os cromossomos são menos condensados do que na análise metáfase de rotina, e o número de bandas identificáveis é expandido, permitindo uma análise mais sensível do cariótipo.
Análise da cariotipagem espectral (também chamada de quadro cromossômico) utiliza a hibridização fluorescente in situ (FISH) multicolorida específica para os cromossomos, técnicas que melhoram a visibilidade de certos defeitos, incluindo translocações e inversões.
A análise cromossômica por microarranjo (ACM), também chamada hibridização genômica comparativa (aCGH) é uma técnica de passo único que permite que o genoma inteiro seja mapeado para anormalidades na dosagem cromossômica, incluindo aumentos (duplicações) ou diminuições (deleções), que também podem sugerir uma translocação não balanceada. A análise por microarranjos de polimorfismo de nucleotídeo único (PNU) tem a capacidade adicional de detectar regiões de homozigose, que pode ser observada em casos em que os pais compartilham ancestralidade comum (consanguinidade), e também quando há dissomia uniparental (isto é, ambas as cópias de um cromossomo, ou parte de um cromossomo, são herdadas de um dos pais, em vez de 1 cópia da mãe e 1 cópia do pai). É importante observar que a ACM não detecta rearranjos equilibrados (p. ex., translocações, inversões) que não estão associados a deleções ou duplicações.
Rastreamento
Métodos de triagem pré-natal não invasivos (NIPS) são utilizados para testes de triagem genética pré-natal (1). Esses métodos envolvem a obtenção de sequências do DNA fetal livre de células de uma amostra de sangue materno são principalmente da trissomia do 21 (síndrome de Down), trissomia do 13, trissomia do 18 e aneuploidia do cromossomo sexual. A TPNI foi utilizada como um teste de triagem para as síndromes de microdeleção comuns (p. ex., deleção 22q11). É importante observar que a sensibilidade e a especificidade variam dentre as diferentes anomalias cromossômicas. É recomendado que qualquer anomalia detectada com TPNI seja confirmada com um teste diagnóstico.
Referência sobre rastreamento
1. American College of Obstetricians and Gynecologists’ Committee on Practice Bulletins—Obstetrics; Committee on Genetics; Society for Maternal-Fetal Medicine: Screening for fetal chromosomal abnormalities: ACOG Practice Bulletin, Number 226. Obstet Gynecol 136(4):e48-e69, 2020. doi: 10.1097/AOG.0000000000004084