Resfriado comum é uma infecção viral aguda, normalmente afebril e autolimitada, que envolve sintomas respiratórios superiores, como rinorreia, tosse e dor de garganta. A maioria dos casos é causada por rinovírus, mas alguns são causados por coronavírus, vírus da influenza ou outros vírus. O diagnóstico é clínico. Lavar as mãos ajuda a prevenir sua disseminação. O tratamento é de suporte.
Aproximadamente 50% de todos os resfriados são causados por um dos > 100 sorotipos de rinovírus (1). Os coronavírus causam algumas epidemias, e as infecções provocadas pelo vírus da influenza, vírus da parainfluenza, enterovírus, adenovírus, vírus sincicial respiratório e metapneumovírus também podem se manifestar como resfriado comum, sobretudo nos pacientes com reinfecção.
Infecções por rinovírus são muito comuns durante outono e primavera e menos comuns durante os meses do inverno. Rinovírus são disseminados eficientemente por meio do contato direto entre pessoas, embora a expansão também possa ocorrer por aerossóis de partículas grandes.
O mais importante impedimento à infecção é a presença de anticorpos neutralizantes específicos no soro e em secreções, induzida pela exposição prévia ao mesmo vírus ou a um vírus próximo relacionado. A suscetibilidade para resfriados não é afetada por exposição à temperatura baixa, saúde do hospedeiro e nutrição ou anormalidades do trato respiratório superior (p. ex., tonsilas ou tecidos adenoides dilatados).
Referência
1. Mäkelä MJ, Puhakka T, Ruuskanen O, et al: Viruses and bacteria in the etiology of the common cold. J Clin Microbiol. 1998;36(2):539-542. doi:10.1128/JCM.36.2.539-542.1998
Sinais e sintomas do resfriado comum
Depois de um período de incubação de 24 a 72 horas, os sinais e sintomas do resfriado começam com dor de garganta seguida de espirros, rinorreia, obstrução nasal e mal-estar. A temperatura é habitualmente normal, em particular quando o patógeno é um rinovírus ou um coronavírus. Secreções nasais são aquosas e profusas durante os primeiros dias, tornando-se, em seguida, mais mucoides e purulentas. Secreções mucopurulentas não indicam superinfecção bacteriana. A tosse costuma ser leve, mas muitas vezes persiste até a 2ª semana. A maioria dos sintomas decorrentes de resfriados não complicados se resolve dentro de 10 dias.
Resfriados podem exacerbar a asma e a bronquite crônica.
Secreção purulenta ou sintomas significantes do trato respiratório inferior são incomuns na infecção por rinovírus. Sinusite e otite média purulentas podem resultar da própria infecção viral ou de infecção secundária.
Diagnóstico do resfriado comum
História e exame físico
O diagnóstico do resfriado comum geralmente é clínico, sem exames complementares, embora existam testes por reação em cadeia da polimerase (PCR [polymerase chain reaction]) disponíveis em muitas plataformas multiplex. Considerar exames em pacientes para os quais o conhecimento do patógeno específico afetará o tratamento clínico, como quando a terapia antiviral específica é indicada (p. ex., suspeita de influenza, covid-19 ou VSR).
Rinite alérgica é a consideração mais importante para o diagnóstico diferencial.
Tratamento do resfriado comum
Tratamento sintomático
O tratamento é de suporte. Antipiréticos e analgésicos podem aliviar a febre ou a dor de garganta.
A obstrução nasal pode melhorar com descongestionantes nasais. Descongestionantes nasais tópicos são mais eficazes do que os orais, mas o uso de medicamentos tópicos por > 3 a 5 dias pode causar congestão de rebote.
Pode-se aliviar a rinorreia com anti-histamínicos de 1ª geração (p. ex., clorfeniramina) ou brometo de ipratrópio intranasal (2 borrifos da solução a 0,03%, 2 ou 3 vezes ao dia); mas esses medicamentos oferecem benefícios mínimos e devem ser utilizados com cautela em pacientes idosos, pessoas com hipertrofia prostática benigna ou glaucoma de ângulo fechado. Anti-histamínicos de primeira geração com frequência produzem sedação, mas anti-histamínicos de 2ª geração (não sedativos) são ineficazes para tratar o resfriado comum.
Anti-histamínicos e descongestionantes não são recomendados para crianças < 4 anos.
Zinco (1), equinácea (2) e vitamina C (3) têm sido avaliados como terapias para resfriado comum, mas nenhum tem demonstrado ser claramente benéfico. Embora as pastilhas de zinco possam reduzir a duração dos sintomas do resfriado comum, esse benefício deve ser equilibrado contra os efeitos adversos, especialmente mau gosto e náuseas (1). Vale notar que anosmia permanente com o uso intranasal de zinco é uma preocupação importante (4).
Antibióticos não devem ser administrados, a menos que haja evidência de infecção bacteriana secundária.
Referências sobre o tratamento
1. Singh M, Das RR. Zinc for the common cold. Cochrane Database Syst Rev. 2013;(6):CD001364. Publicado em 18 de junho de 2013. doi:10.1002/14651858.CD001364.pub4
2. Karsch-Völk M, Barrett B, Kiefer D, Bauer R, Ardjomand-Woelkart K, Linde K: Echinacea for preventing and treating the common cold. Cochrane Database Syst Rev. 2014;2014(2):CD000530. Publicado em 20 de fevereiro de 2014. doi:10.1002/14651858.CD000530.pub3
3. Hemilä H, Chalker E: Vitamin C for preventing and treating the common cold. Cochrane Database Syst Rev. 2013;2013(1):CD000980. Publicado em 31 de janeiro de 2013. doi:10.1002/14651858.CD000980.pub4
4. D'Cruze H, Arroll B, Kenealy T: Is intranasal zinc effective and safe for the common cold? A systematic review and meta-analysis. J Prim Health Care. 2009;1(2):134-139.
Prevenção do resfriado comum
Não há vacinas para o resfriado comum.
Medidas para prevenir a disseminação do resfriado comum incluem lavar as mãos, evitar contato próximo com pessoas com resfriado, cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar e uso de desinfetante de superfície em um ambiente contaminado.
Pontos-chave
Muitos vírus podem causar resfriado comum; os rinovírus causam cerca de 50% dos resfriados.
A sensibilidade aos resfriados não é influenciada pela exposição a baixas temperaturs, pela saúde do hospedeiro e pela nutrição ou a presença de anomalias no trato respiratório superior.
Pode-se utilizar anti-histamínicos para aliviar a rinorreia, mas oferecem benefícios mínimos e deve-se utilizá-los com cautela em pacientes idosos e evitá-los em crianças < 4 anos.
Descongestionantes tópicos e orais aliviam a obstrução nasal, mas seu uso repetido pode causar congestão de rebote.
Muitas substâncias foram avaliadas para a prevenção e o tratamento, mas nenhuma mostrou benefícios claros.